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Rio, cidade submersa: obras recém-inauguradas não resistem à primeira chuva

Drenagem ineficiente deixa alagadas ruas ao redor do Maracanã, na Cidade da Polícia e em conjunto do Minha Casa Minha Vida, na Baixada Fluminense

Por Daniel Haidar e Pâmela Oliveira, do Rio de Janeiro
12 dez 2013, 05h15

Falta pouco para a expressão “imagina na Copa” perder o sentido. A população do Rio de Janeiro, no entanto, ainda não tem razões para crer que problemas históricos, como as inundações causadas pelas chuvas de verão, os engarrafamentos, os arrastões na praia ou a penúria dos aeroportos estarão resolvidos a tempo do Mundial de 2014 – nem da Olimpíada de 2016. Particularmente em relação à chuva, não há mais esperanças: obras recém-inauguradas na cidade não resistiram ao primeiro temporal de verão e estão na mesma situação de prédios degradados, ruas esburacadas. Uma parte, claro, vem do volume de chuva, mas já era tempo de a cidade e seus gestores terem algo a oferecer além de pedir que o carioca “evite se deslocar”.

Símbolo da nova era da cidade, o recém-inaugurado estádio do Maracanã, o “novo Maracanã”, foi fotografado nesta quarta-feira como uma imensa nave boiando num espelho d’água turva na região da Grande Tijuca. O estádio foi reformado ao custo de 1 bilhão de reais, com o entorno também revirado para a adequação das galerias, redes de esgoto e toda a infraestrutura necessária para uma obra padrão Fifa. As obras de agora, no entanto, ainda parecem insuficientes para garantir que a região resista aos temporais de todo verão.

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A Cidade da Polícia, no Jacaré, amanheceu alagada pelas fortes chuvas que atingiram o Rio de Janeiro nesta quarta-feira (11)
A Cidade da Polícia, no Jacaré, amanheceu alagada pelas fortes chuvas que atingiram o Rio de Janeiro nesta quarta-feira (11) (VEJA)

Outra obra finalizada recentemente também amanheceu alagada: o complexo Cidade da Polícia, no Jacaré, que passou a abrigar treze delegacias especializadas e a Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), tropa de elite da Polícia Civil do Rio de Janeiro. A área da cantina passou parte do dia com alguns palmos de altura de inundação. O estacionamento de viaturas ficou alagado e policiais temem que tenham sido danificadas picapes utilizadas em operações. A água é mais um problema para quem trabalha na Cidade da Polícia: policiais relatam que a falta de luz é uma constante no local.

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A Empresa de Obras Públicas do Estado (Emop), ligada à Secretaria de Obras, informou que a Cidade da Polícia tem sistema de bombeamento e drenagem eficientes para suportar as enchentes no local. O acionamento automático das bombas, no entanto, não funcionou, e foi preciso ligar manualmente os equipamentos. “O Grande Meier registrou um índice pluviométrico de 163 milímetros, muito próximo da média esperada para todo o mês de dezembro que é de 170 milímetros”, explica uma nota da Emop.

Para o secretário municipal de Transportes do Rio, Carlos Roberto Osório, um dos fatores que explicam a existência de inundações em áreas com novas construções é o fato de a cidade ter recebido novas construções em áreas que não tinham infraestrutura de drenagem capacitada. “A drenagem do Rio de Janeiro é um desafio por conta das característicasda cidade. São condições geográficas adversas, com dois maciços rochosos que carregam água para corpos hídricos em regiões alagadiças. Temos deficiência de investimentos de muitos anos na rede de drenagem antiga e insuficiente de regiões da cidade”, destacou Osório. Segundo o secretário, a prefeitura está substituindo a rede de drenagem da Zona Portuária com as obras do Porto Maravilha.

Centro – Inaugurada há um mês, para suprir a demanda de tráfego antes concentrada no elevado da Perimetral, a Via Binário, na Zona Portuária, também foi alagada. O prefeito Eduardo Paes, em entrevista pela manhã, explicou que muitas das obras de drenagem daquele local ainda não foram concluídas, e pediu paciência aos cariocas.

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Chuva deixa ruas alagadas no Centro. A Via Binário ficou alagada na altura da Cidade do Samba
Chuva deixa ruas alagadas no Centro. A Via Binário ficou alagada na altura da Cidade do Samba (VEJA)

Na Baixada Fluminense, mais um exemplo de obra recente que parece não estar preparada para as chuvas: como mostrou reportagem do site de VEJA, desde a quinta-feira da semana passada cerca de 100 apartamentos dos andares térreos do Condomínio Parque Valdariosa – que tem 1.500 unidades – foram invadidos pela água da chuva. Este é o maior empreendimento do Minha Casa, Minha Vida na Baixada. Nesta quarta-feira, o problema se repetiu: os apartamentos ficaram alagados pela água que retornava pelos ralos e vasos sanitários.

O condomínio foi construído para receber famílias de baixa renda, parte delas removidas de áreas com risco de deslizamento ou de enchentes. De acordo com o prefeito de Queimados, Max Rodrigues Lemos, engenheiros da Construtora Bairro Novo, que construiu os apartamentos, estão vistoriando o sistema de drenagem do condomínio para verificar se houve obstrução ou outro problema, como quebra de manilhas ou uso de manilhas menores do que o necessário.

“Existe um problema na drenagem do condomínio, segundo a construtora. De acordo com a empresa, foi um problema na execução. A construtora pediu uma semana para fazer um diagnóstico detalhado e apresentar um relatório. E se comprometeu a realizar as mudanças necessárias”, disse Lemos, após reunião com representantes da Bairro Novo e da Caixa Econômica Federal.

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