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Policial denuncia prática de tortura na UPP da Rocinha

Soldado afirma que policiais costumavam colocar sacos na cabeça dos criminosos para provocar sufocamento e obter informações sobre a localização de armas e drogas. Depoimento é parte do processo sobre a morte do pedreiro Amarildo. Julgamento começa nesta quinta-feira

Por Pâmela Oliveira, do Rio de Janeiro
19 fev 2014, 19h33

O depoimento de um policial militar ao Ministério Público do Rio, anexado ao processo sobre a morte do pedreiro Amarildo, indica que a tortura fazia parte dos métodos de investigação de alguns dos PMs da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da favela da Rocinha, na Zona Sul do Rio. De acordo com o relato apresentado pelo soldado da PM Rodrigo Avelar da Silva, meses antes do sumiço de Amarildo, traficantes da favela já denunciavam a prática de tortura na sede da UPP. “Ouvi diversos relatos de traficantes de que o Grupamento de Polícia de Proximidade Extraordinário (GTPP) do Vital costumava colocar sacos na cabeça dos traficantes para que estes informassem a localização das armas e drogas”, disse Avelar, que passou quatro meses infiltrado como traficante na favela – a serviço da operação “Paz Armada’.

De acordo com a promotora Carmem Eliza Bastos de Carvalho, responsável pelo caso Amarildo, durante a investigação do desaparecimento do pedreiro, diversos moradores da favela confirmaram a prática de tortura na sede da UPP. “Eles contam que os PMs da UPP costumavam pegar jovens considerados suspeitos para obter informações. Segundo os relatos, esses jovens eram submetidos a práticas ilegais”, afirma a promotora.

O julgamento dos 25 policiais denunciados pela tortura e morte e do pedreiro Amarildo começa nesta quinta-feira, na 35ª Vara Criminal da Capital, no Centro do Rio. Eles respondem pelos crimes de tortura, ocultação de cadáver, fraude processual, omissão imprópria e formação de quadrilha. Segundo a promotora do caso, entre as testemunhas de acusação estarão alguns dos moradores que prestaram depoimento denunciando a prática de tortura na UPP.

De acordo com a denúncia do Ministério Público, o tenente Luiz Medeiros, o sargento Reinaldo Gonçalves e os soldados Anderson Maia e Douglas Roberto Vital torturaram Amarildo. Ainda segundo o MP, outros policiais militares são suspeitos de participar ativamente da ação, vigiando a UPP para evitar que outras pessoas entrassem no local da tortura ou sendo omissos por não terem impedido o crime.

Dos 29 PMs que estavam de plantão no dia 14 de julho, quando Amarildo foi capturado e morto, somente quatro não foram denunciados. Segundo o MP, eles teriam tentado interromper a prática da tortura e contribuíram com a investigação, reconhecendo as vozes dos quatro acusados de participar diretamente da sessão de afogamentos, sufocamentos e choques ao qual Amarildo foi submetido.

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Amarildo – O soldado Douglas Roberto Vital, mencionado no depoimento, foi o policial que, segundo o Ministério Público, recebeu o telefonema de um informante da Rocinha dizendo que o Boi, apelido do pedreiro, sabia onde estavam as armas e as drogas dos traficantes da Rocinha.

Segundo a denúncia, foi a partir desse telefonema que o major Edson Santos, que comandava a UPP da Rocinha, deu ordens para que o Grupamento de Polícia de Proximidade Extraordinário (GTPP), chefiado por Vital, e o Grupamento de Polícia de Proximidade (GPP), liderado pelo sargento Jairo da Conceição Ribas, pegassem Amarildo para “trabalhar a testemunha” – o que no jargão policial significa torturar a testemunha.

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