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As mentiras do PT

Por Da Redação
14 ago 2009, 21h05

Felizmente, com o triunfo das sociedades democráticas veio a intolerância com a mentira, mas nem isso tirou dela o papel central que exerce na prática política. Pergunte, por exemplo, ao presidente Lula o que ele pensa sobre o presidente do Congresso, senador José Sarney. Pergunte a alguns petistas de alto coturno o que eles realmente acham da candidatura da ministra Dilma Rousseff. As respostas serão políticas ou técnicas, mas elas mais esconderão do que revelarão. Isso é mentira? No mundo real sim. Na política de todos os tempos é apenas esperteza, inteligência ou habilidade. O pecado não está propriamente em mentir mas em ser pego na mentira. Será? No Brasil de hoje, nem isso.

O senador José Sarney, por exemplo, disse em plenário que nunca usou o poder para beneficiar amigos e parentes � e segue tranquilamente no comando do Senado. Alguns senadores de oposição juram de pés junto que não existe o chamado “acordão” para esconder tudo debaixo do tapete no Congresso, não se punindo ninguém pelo festival de irregularidades reveladas nos últimos meses � e seguem fazendo de conta que lutam pela moralidade.

A ministra Dilma Rousseff tem como regra negar peremptoriamente qualquer fato que a envolva de forma negativa � mesmo quando as evidências se voltam totalmente contra ela. Por essa razão, talvez, mesmo quando o ônus da prova é de quem a acusa, a ministra parece estar senão mentindo, pelo menos omitindo alguma coisa. Isso é o que se vê agora com sua negativa de que nunca se reuniu com a ex-secretária da Receita Federal, Lina Vieira, para tentar interferir em uma investigação do órgão contra a família Sarney. Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, na semana passada, a ex-secretária contou que, no final do ano passado, foi chamada ao gabinete da ministra, no Palácio do Planalto, que lhe pediu que a investigação sobre as empresas da família Sarney fossem concluídas rapidamente. Lina disse ter interpretado o pedido como uma ordem para encerrar o trabalho. Por ter se recusado a cumpri-la, foi demitida logo em seguida.

Lina reafirmou o que disse em entrevista à televisão, acrescentando ter testemunhas do pedido de encontro e da reunião a sós com a ministra. Cabe à Lina provar o que afirmou e reafirmou. Esse é ponto de vista não apenas legal mas também o ético da questão. Mas,do ponto de vista político, infelizmente o que vale mesmo são as aparências.

A reação de Dilma Rousseff à acusação de Lina não agradou parte do PT � aquela que, em público, diz que as explicações da ministra foram absolutamente convincentes. Embora careçam ainda de comprovação, as declarações da ex-secretária são de extrema gravidade e causaram preocupação no governo por dois motivos (verdadeiros). No campo administrativo, porque, se provada a existência da reunião, a ministra teria cometido um crime de prevaricação e improbidade administrativa em benefício de um aliado, fatal para quem tem ambições à Presidência da República. No campo político, a reação de Dilma foi classificada como inábil para alguém que tem pela frente uma dura campanha presidencial, na qual acusações, provocações e denúncias são parte do jogo. Começar a partida com a fama de não escapa ilesa dessas acusações � sejam elas falsas ou verdadeiras � é o fardo que a candidatura de Dilma está tendo que carregar agora.

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“Se o rótulo de mentirosa colar na ministra será muito difícil superar isso em uma campanha”, diz um petista com interlocução direta com o presidente Lula. Há sinais de que o episódio da Receita Federal chegou a fazer Lula questionar a escolha de sua candidata à sucessão. Em conversa com aliados, o presidente se mostrou preocupado com o fato de a ministra estar criando muitos atritos antes do início do processo eleitoral e também com a falta de jogo de cintura para enfrentar questões delicadas, como a acusação da ex-secretaria da Receita Federal. Em público, Lula jamais admitirá isso, até porque Dilma só é candidata por imposição do próprio presidente. O problema é que existe um movimento subterrâneo do PT, supostamente os aliados da ministra, para tentar criar-lhe dificuldades.

“Ao apoiá-los e obrigar o PT a andar junto com essa gente, Lula está nos forçando a abraçar e morrer junto com eles”, analisa um senador petista, sob a garantia do anonimato. Este mesmo senador, se perguntado formalmente sobre a mesma história, dirá, em público, que Lula tem razão ao defender o presidente do Congresso, que não há nada demais em andar acompanhado de Fernando Collor e que as críticas não passam de uma conspiração da oposição para tentar implodir o apoio do PMDB à Dilma em 2010. Diz o filósofo Roberto Romano: “A mentira sempre foi um componente histórico da política. O avanço da sociedade democrática serve como um antídoto, mas os políticos continuam fazendo da mentira um instrumento de trabalho”. Sendo realistas, foi, é e sempre será assim.

Leia a reportagem completa em VEJA desta semana (na íntegra somente para assinantes).

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