Cinegrafista da TV Globo é hostilizado em novo protesto no Rio
Temerosos, jornalistas acompanham ato em grupo no dia em que foi anunciada a morte cerebral de Santiago Andrade, ferido por um rojão na semana passada
(Atualizado às 21h40)
Na volta dos protestos no Rio de Janeiro, os manifestantes parecem ter eleito um novo – e equivocado – inimigo: a imprensa. No dia em que foi anunciada a morte cerebral do cinegrafista da Rede Bandeirantes, Santiago Andrade, ferido na cabeça por um rojão na semana passada, um novo ato contra o aumento das passagens de ônibus nesta segunda-feira começou com ameaças a um repórter cinematográfico da TV Globo.
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Com gritos de repúdio à emissora, o profissional que trabalhava registrando o protesto foi cercado por um grupo. Acuado, ele foi obrigado a buscar refúgio entre os policiais. Só assim os arruaceiros se dispersaram, apesar de continuarem com as agressões verbais. Temerosos, os jornalistas acompanharam a movimentação em grupos, à frente dos manifestantes. O protesto tomou as duas pistas da Avenida Presidente Vargas, uma das principais do Centro da capital.
Não havia mascarados, mas alguns black blocs estavam presentes desde o início. A segurança foi reforçada por policiais do grupo especial de grandes eventos, com escudos, capacetes e joelheiras. Outros também circularam em motos. Pessoas que passavam pelo local aceleravam o passo com medo de se ver em meio a uma nova confusão. Por volta das 19h30, o ato chegou à Assembleia Legislativa (Alerj) – que já foi palco de intensos confrontos entre polícia e manifestantes.
Não demorou para tudo acabar, mais uma vez, em confusão e correria. Policiais correram com cassetetes atrás de um grupo de arruaceiros na região da Cinelândia. O grupo se separou, indo uma parte para a Lapa e outra correndo pelas ruas do Centro, inclusive entre os carros. Baderneiros queimaram uma roleta de ônibus, que depois ficou jogada no meio da via, dificultando ainda mais o tráfego. O metrô fechou os acessos à estação da Cinelândia por questões de segurança.
Homenagem – Na Central do Brasil, no exato ponto onde Andrade foi ferido na última manifestação, jornalistas, cinegrafistas e fotógrafos fizeram uma homenagem ao colega. Com as câmeras no chão, cerca de 50 profissionais fizeram um minuto de silêncio. Ato semelhante foi repetido em Brasília, onde profissionais da imprensa se reuniram na rampa do Congresso Nacional pedindo o fim da violência a jornalistas.
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