Advogados interrompem depoimento de Macarrão, com medo de contradições
Defesa considera que goleiro Bruno fez bom depoimento e teme, com isso, que Luiz Henrique Ferreira Romão saia prejudicado no jultamento
Depois de 11 horas de depoimento do goleiro Bruno Fernandes, a juíza Marixa Fabiane Rodrigues deu início, às 21h desta quinta-feira, ao interrogatório do amigo do jogador, Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão. Junto com Bruno, ele é acusado de ser um dos mentores do seqüestro e da morte da jovem Eliza Samudio, ex-amante do atleta.
Pouco depois do início da leitora dos depoimentos anteriores do réu, no entanto, os advogados de defesa – que bateram boca com a juíza – disseram que seu cliente não mais responderia as perguntas. A interrupção foi uma estratégia de defesa para evitar, depois de um depoimento considerado bem-sucedido do goleiro, que Macarrão caísse em uma contradição e seja prejudicado no júri.
O promotor do caso, Gustavo Fantini, pediu à magistrada, então, que fosse incluído na ata da audiência que os advogados “operaram uma armação” para prejudicar o julgamento.
O depoimento de Bruno foi considerado importante menos pelos fatos apresentados, mas por ser, desde o início das investigações, a primeira vez em que o jogador respondeu aos questionamentos das autoridades. Apesar de a magistrada ter garantido a ele que o silêncio não seria interpretado como “sentença de culpa”, Bruno concordou em falar – não sem uma visível orientação para sustentar a versão que, ao longo das investigações e do processo, foi apresentada publicamente pelo advogado de defesa Ércio Quaresma.
No início da tarde, depois de o goleiro admitir que estava com Eliza “hospedada” no sítio – ele nega o seqüestro e o crime – e de afirmar que tinha 99% de certeza de que o menino Bruninho, filho da jovem, era seu filho, Bruno ouviu da juíza a seguinte pergunta: “O senhor disse à imprensa que não via Eliza havia dois meses, quando ela desapareceu. Por que o senhor mentiu?”
O jogador, então, justificou a declaração falsa afirmando que na época era perseguido “por mais de 40 carros” o dia inteiro e que, quando estava treinando ou dormindo em casa, havia “helicópteros” sobrevoando sua casa. “Estava muito nervoso e depois me arrependi de ter mentido”, explicou.
Na época, o goleiro afirmou que não via Eliza havia mais de dois meses e que ela deveria esta viva em algum lugar. “Ainda vou rir muito disso tudo”, disse ele.
A versão apresentada por Bruno para o desaparecimento é a de que Eliza teria viajado, no dia 10 de junho, para São Paulo, para resolver problemas pessoais. Ela teria, segundo ele, pedido para o goleiro tomasse conta do menino Bruninho por sete dias.
No fim do interrogatório, o promotor Gustavo Fantini, que até então não dirigia perguntas ao atleta – o advogado Quaresma havia orientado o cliente a só responder à juíza -, quis saber se Bruno havia, desde o desaparecimento, falado ou feito alglum contato com Eliza. O goleiro negou, mas disse que amigos dele, que seriam jogadores famosos, afirmaram ter visto Eliza em São Paulo.