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Conheça o ‘mapa’ da linguagem no cérebro

Nova pesquisa revela como o cérebro organiza as palavras e seus significados. Conhecimento pode ajudar no tratamento de distúrbios que comprometem a fala, como o AVC ou doenças neuromotoras

Por Da Redação
Atualizado em 6 Maio 2016, 15h57 - Publicado em 29 abr 2016, 20h46

Cientistas americanos realizaram um mapa detalhado de como as palavras e seus significados se organizam em diferentes partes do cérebro. O estudo, publicado na revista científica Nature na quinta-feira, identificou todos os pontos onde a atividade cerebral é acionada de acordo com o sentido das palavras ouvidas pelos indivíduos. O time de neurocientistas da Universidade da Califórnia em Berkeley, nos Estados Unidos, criou o atlas semântico atribuindo cores diferentes a diversos grupos de palavras. Os resultados podem ajudar no tratamento de distúrbios que comprometem a fala, como doenças neuromotoras ou acidentes vasculares cerebrais (AVC).

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Mapa da linguagem – Para realizar o estudo, a equipe pediu a sete voluntários (cinco homens e duas mulheres) que ouvissem durante duas horas um programa de rádio americano, chamado The Moth Radio Hour, que conta histórias curtas. Durante a escuta das narrativas, os pesquisadores captaram imagens do cérebro dos participantes por meio de técnicas de ressonância magnética, detectando picos de atividade neuronal. Reunindo a transcrição das histórias com os registros cerebrais, os cientistas perceberam que grupos de palavras relacionadas motivavam respostas em 50.000 a 80.000 pequenos pontos espalhados por todo o córtex, a camada mais externa do cérebro que tem importante papel na linguagem e consciência.

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De acordo com os resultados, não há uma única região no cérebro responsável por apenas uma palavra ou conceito. Um ponto de atividade neuronal é associado a diversas palavras relacionadas – assim como somente uma palavra “acende” diferentes pontos cerebrais. Termos com significados variados, como “top” (que pode significar ápice, topo, cume, bom, superior, de melhor qualidade), acionam áreas do cérebro relacionadas a roupas, números e lugares. Segundo o neurocientista Jack Gallant, um dos autores do estudo, a ideia de assassinato, por exemplo, é representada em muitas áreas do cérebro.

Palavras e seus significados formam, assim, uma rede semântica usada por cada indivíduo diariamente. Para que o público consiga visualizar essas conexões, os cientistas reuniram os resultados em um atlas interativo, que pode ser acessado no site do laboratório (em inglês).

Processamento da linguagem – Uma das novidades do estudo é que existem semelhanças no mapeamento cerebral dos participantes, indicando que as palavras são agrupadas nas mesmas áreas do cérebro de diferentes indivíduos. Mesmo assim, a equipe acredita que o estudo precisa ser ampliado para que a teoria se confirme, uma vez que participaram da análise pessoas ocidentais e falantes de língua inglesa – dois dos autores participaram como voluntários. Provavelmente, o “mapa da linguagem” de pessoas de diferentes culturas ou línguas tenha variações.

O atlas ainda surpreendeu os pesquisadores: a distribuição das palavras é relativamente simétrica em mais de 100 áreas dos dois lados do cérebro, e não apenas no lado esquerdo – majoritariamente relacionado à linguagem. Até um terço do cérebro é utilizado para processar a linguagem, incluindo áreas dedicadas à cognição de alto nível.

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O próximo passo dos cientistas será ampliar as pesquisas para identificar de forma mais precisa as diferenças no processamento neuronal das palavras de cada indivíduo. “Vamos precisar de mais estudos com uma amostra maior e mais diversificada de pessoas antes de sermos capazes de mapearmos em detalhes as diferenças individuais do processo”, afirmou Gallant.

Com isso, pretendem ajudar pessoas que sofreram distúrbios de fala – elas poderiam se comunicar usando um decodificador capaz de captar as palavras ou conceitos no cérebro e as transmitir a um computador.

(Da redação)

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