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Por Coluna
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A Bela e a Fera

Na Disney nada se perde, tudo se transforma – e, neste caso, continua um encanto e um deleite

Por Isabela Boscov Atualizado em 16 mar 2017, 09h00 - Publicado em 16 mar 2017, 09h00

A estatística, claro, é na base do chutômetro, mas é possível que não esteja muito fora da realidade: na década de 90, o que nove entre dez meninas pequenas mais queriam da vida era ser Bela. E talvez não só elas: lançado em 1991, A Bela e a Fera arrancou a Disney de um longo marasmo criativo e devolveu a ela o posto de campeã da animação exatamente pela energia da sua encenação, o encanto quase sublime que criou na tela e a força com que arrebatou a plateia, qualquer que fosse a sua idade. Foi um desses momentos em que tudo parece dar certo como que por mágica – embora essa leveza resulte, na verdade, de um trabalho e um afinco monumentais. Como A Bela e a Fera era a rigor um musical mesmo, não demorou para que o adaptassem para a Broadway – e ele já vai em 23 anos de carreira nos palcos pelo mundo, com uma renda assombrosa de quase 1,5 bilhão de dólares. Como na Disney nada se perde e tudo se transforma, A Bela e a Fera agora retorna mais uma vez, servindo a dois propósitos: é ao mesmo tempo uma versão live-action do desenho, e uma versão em filme do musical. A questão é: ele faz jus às suas fontes?

A Bela e a Fera
A animação original de 1991 (Divulgação)

Para mim, a resposta é um categórico “sim”: é um encanto e um deleite este A Bela e a Fera estrelado por Emma Watson e Dan Stevens e dirigido por Bill Condon, de Deuses e Monstros e DreamGirls – meio conto-de-fadas gótico, como aqueles que eu imaginava quando era criança, e meio musical apoteótico da MGM, com todo o vigor e o entusiasmo que isso exige. Emma Watson é uma graça no papel principal: uma Bela estudiosa e aprumada, com uma delicadeza não só física, mas de espírito, que cai muito bem à personagem. Dan Stevens, de Downton Abbey, é uma fera mais melancólica do que o habitual – o que justifica a escolha de Stevens, que é quase suave demais para o papel (e é lindo o seu visual de Fera, inspirado no filme clássico de 1946 de Jean Cocteau). Luke Evans dá um baile como o vaidoso e estúpido Gaston, o bonitão da aldeia, que não se conforma por Bela não querer se casar com ele – e nunca gostei tanto de Josh Gad quanto agora, no papel de LeFou, o amigo rechonchudo que idolatra Gaston (e que ainda não se deu conta de que está sofrendo, na verdade, de paixonite). Outros pontos altos: a deliciosa dublagem de Ewan McGregor para Lumière, o candelabro que lidera os esforços para que Bela se apaixone por Fera, além da voz cristalina de Emma Thompson para Madame Samovar, o bule de chá (e Zip, seu filho-xícara, é uma fofura). E Ian McKellen, já livre do feitiço que o transformou em relógio, tem dois breves mas grandes momentos perto do final.

A Bela e a Fera
Josh Gad (LeFou) e Luke Evans (Gaston) (Divulgação)

Mais: não sei dizer se é milagre do AutoTune ou se todo o elenco canta assim tão bem mesmo (bom, Audra McDonald, a estrela da Broadway que faz a Sra. Guarda-Roupa, essa eu sei que canta horrores), mas as canções são um primor de afinação e orquestração. À exceção da caleidoscópica Be My Guest, em que toda a louça e a decoração do castelo de Fera são convocadas a participar, as coreografias seguem muito acertadamente o estilo de musicais da Metro como A Roda da Fortuna, Sete Noivas para Sete Irmãos e Agora Seremos Felizes: grandes conjuntos coordenados de atores, que se orientam em cena pelo eixos de um palco imaginário. Funciona que é uma beleza. A direção de arte é impecável e o figurino, excelente – apesar de o amarelo do vestido de baile definitivamente não ser a cor que mais favorece Emma Watson.

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A Bela e a Fera
(Reprodução/Divulgação)

E, no entanto, percebi que a reação da plateia não foi unânime. Quem ama de paixão o desenho achou que falta ao Bela e a Fera live-action uma coisinha qualquer – talvez aquela ligeireza, a um passinho do pastelão, que marcava a atuação dos coadjuvantes na animação. Quem é devotado ao Bela e a Fera musical, por sua vez, achou que o que falta a esta versão é efervescência. Ou seja, a intensidade do seu contentamento com este A Bela e a Fera possivelmente vai depender do seu grau de fervor ao desenho e/ou ao musical originais. Mas eu, que entrei no cinema sem time para o qual torcer, saí dele feliz da vida, achando que todo mundo ganhou.


Trailer

A BELA E A FERA
(Beauty and the Beast)
Estados Unidos, 2016
Direção: Bill Condon
Com Emma Watson, Dan Stevens, Luke Evans, Josh Gad, Ewan McGregor, Kevin Kline, Emma Thompson, Nathan Mack, Ian McKellen, Audra McDonald, Stanley Tucci, Gugu Mbatha-Raw, Hattie Morahan
Distribuição: Disney

 

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