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Economia

Campus Party: um dia na vida de um campuseiro

Estudante de Rondônia encara 50 horas de viagem de ônibus para realizar o sonho de participar do maior evento de tecnologia do país

por Leticia Fuentes, Gustavo Luizon Atualizado em 2 fev 2018, 09h34 - Publicado em
2 fev 2018
09h01

Quanto esforço vale participar da Campus Party, o maior evento de tecnologia do Brasil? Para o estudante Ewerton Tavares, 32 anos, morador de Ji-Paraná, em Rondônia, vale encarar uma viagem de 51 horas de ônibus, dormir poucas horas por dia em uma barraca com colchão furado e até largar para trás a mulher grávida de sete meses.

Tavares tem uma empresa de automação e, atualmente, também está tentando complementar os conhecimentos cursando análise e desenvolvimento de sistemas no Instituto Federal de Rondônia. Foi por meio da faculdade que conseguiu a oportunidade de ir à Campus Party. “Eles disponibilizaram uma vaga para universitário e decidi concorrer. Passei no processo seletivo e o Instituto concordou em custear meu transporte até aqui.”

Durante a viagem de ônibus, foram apenas algumas paradas, só para comer e ir ao banheiro. O banho era cronometrado. Ainda assim, considerando a dificuldade e o custo de viajar de avião de Ji-Paraná até São Paulo, era a melhor opção.

O transporte foi por conta da faculdade. Mas ele teve de arcar com as despesas do acampamento e alimentação. Tavares diz que teve de economizar ao máximo nos últimos meses, parando de sair para comer fora nos finais de semana. A esposa demorou um pouco para se adaptar à mudança, ele diz, mas foi compreensiva. “Ela sabia o quanto eu queria. Não se importou de sacrificar algumas coisas para isso.”

A primeira noite após a jornada, no entanto, não foi tão fácil quanto o imaginado. A barraca, cedida pelos próprios organizadores da Campus Party, tem forro fino e deixa entrar muita luminosidade quando amanhece. Para amenizar a claridade, Tavares pendura a toalha de banho em cima do teto – o que também ajuda a identificar o abrigo temporário, uma vez que todas as barracas são iguais por fora. Ainda assim, o colchão de ar, que está furado, atrapalha um pouco o sono. “Tenho de enchê-lo todas as noites antes de dormir. Senão, ele vai murchando e acordo no chão”, brinca.

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Ewerton Tavares, de 32 anos, empresário e estudante, viajou de Ji-Paraná, em Rondônia, para conhecer de perto a Campus Party, em São Paulo
Ewerton Tavares, de 32 anos, empresário e estudante, viajou de Ji-Paraná, em Rondônia, para conhecer de perto a Campus Party, em São Paulo (Gustavo Bueno/VEJA.com)

Para combater o cansaço da noite mal dormida, Tavares toma um banho logo cedo. “Pelo menos, o chuveiro e os banheiros são muito bons. São limpos e nunca tem fila”, conta. Ao sair da ducha, deixa o acampamento e vai para a área de exposição, um ambiente aberto onde ficam alguns palcos de palestras, estandes de patrocinadores e dezenas de fileiras de mesas cobertas por computadores. Nessas bancadas, os campuseiros podem usar seus equipamentos para conectá-los à internet – são 40 gigabytes por segundo, disponíveis 24h por dia, durante os seis dias de evento.

Junto aos colegas que o acompanharam na caravana de Rondônia até São Paulo, Tavares aproveita para sentar e navegar um pouco pela rede enquanto aguarda a próxima atração: uma palestra com Caito Maia, fundador da Chilli Beans, sobre empreendedorismo e inovação.

Passada a maratona de eventos, Tavares sabe que dormirá muito pouco nos seis dias do evento. Ele começou o dia às 8h e sabe que não vai dormir antes das 2h da madrugada. “Aqui, a gente não pode parar um minuto. Tento aproveitar ao máximo, porque não sei quando vou ter a oportunidade de voltar”, diz, enquanto mostra o aplicativo do evento no celular. Nele, os “campuseiros” podem selecionar as atividades da programação das quais planejam participar e montar sua própria agenda. “Tem coisas que quero fazer que vão até tarde, 2h da manhã. É cansativo, mas prefiro não correr o risco de me arrepender por algo que deixei de fazer.”

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Computadores

Alguns computadores nas bancadas chamam atenção pela customização – esses são os chamados casemods. A Campus Party promove um campeonato de casemods, no qual os participantes exibem suas máquinas do primeiro ao último dia. Ao final do evento, o computador mais criativo é eleito vencedor. Os modelos variam muito em forma, cores e recursos, indo desde aqueles que investem em luzes, máquina de fumaça e peças móveis para chamar atenção até os que preferem incorporar personagens do universo geek e se destacar pela singularidade.

“O legal da Campus Party é que tem atividades para todos os gostos. Desde aqueles que vêm por causa dos campeonatos de games até aqueles que preferem aprender sobre o mercado de tecnologia e fazer networking”, comenta Tavares.

A área livre do evento, que tem atividades gratuitas, conta com estandes de apresentação de startups que já estão encaminhadas e mentoria para quem começar uma. Como Tavares tem seu próprio negócio, aproveita o tempo entre um workshop e outro para sondar possíveis parcerias. Ao lado desses estandes, o evento também disponibiliza um espaço para estudantes universitários exibirem projetos inovadores na área de tecnologia.

Entre as atrações abertas ao público, os simuladores e a arena de drones também chamam a atenção. “Das atividades dinâmicas, a que mais gostei foi ir aos simuladores de realidade virtual”, diz o campuseiro. Em um deles, chamado MotionSphere, os usuários podem experimentar as sensações vivenciadas por pilotos de aviões super-rápidos, imitando acelerações, curvas e impactos de até sete vezes a força da gravidade.

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Drones

Já na arena, o principal acontecimento é o Campeonato Brasileiro de Drones, no qual pilotos profissionais competem em baterias de corrida. Além disso, os visitantes também podem participar de batalhas de drones, nas quais o intuito é derrubar a nave do adversário e ter a chance de aprender a pilotar. Tavares, já no fim do dia, aproveita para assistir a algumas lutas e conversar com os corredores profissionais. “Estou tentando aprender ao máximo sobre drones, pois acho o assunto interessante e, principalmente, porque tenho um irmão gêmeo que gosta muito. Espero poder passar para ele parte do conhecimento que adquiri aqui”, afirma.


Para assistir ao vídeo em 360º em celulares com sistema operacional iOS, é necessário ter instalado o aplicativo do YouTube. Feita a instalação, clique aqui.

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Captação de imagens por Gustavo Luizon, com Samsung Gear 360


As atividades do evento terminam no sábado a noite, embora os campuseiros tenham até domingo para esvaziar as barracas. A programação desta sexta-feira conta com uma palestra da americana Sharron McPherson, fundadora do consórcio Women in Infrastructure Development & Energy (WINDE), sobre mulheres no empreendedorismo e um workshop liderado pelo brasileiro Anderson Juhasc, especialista em criptomoedas, sobre como e por que abrir uma empresa de bitcoin. No sábado, os visitantes poderão participar de uma conversa sobre o mercado de e-sports no Brasil, além de acompanhar o último dia de um campeonato de games do evento.

A organização espera que mais de 100.000 pessoas passem pelo Pavilhão do Anhembi para visitar as instalações do evento.

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