Governo tenta modificar divulgação dos dados da pandemia
Por 4 dias, o Ministério da Saúde atrasou a atualização dos dados, divulgou números conflitantes sobre mortes, e por fim tirou a plataforma oficial do ar
Atualmente o Brasil está próximo a se tornar um dos primeiros no ranking dos mais contaminados no mundo. Perto de completar três meses desde o início da pandemia causada pelo coronavírus, o país está longe de ter real conhecimento sobre o número de pessoas infectadas e quantas de fato morreram em decorrência da doença. Por 4 dias, o Ministério da Saúde atrasou a atualização dos dados, divulgou números conflitantes sobre mortes, e por fim tirou a plataforma oficial do ar.
A estratégia do governo em mudar o método e a periodicidade de divulgação das informações excluindo da plataforma os casos retroativos, que é quando a confirmação da doença ocorre após o falecimento, tende fazer a curva se estabilizar e, em alguns casos, até decair. A contagem apenas de mortes, sem a devida relativização capaz de sanar em parte as subnotificações, é feita apenas pela Rússia, acusada de manipular dados sobre a doença no país, que ocupa o segundo lugar no ranking de casos registrados, atrás apenas dos Estados Unidos, mas possui a menor taxa de mortalidade do mundo, 0,9%.
A pressão internacional fez o governo de Vladimir Putin recontar recentemente os mortos por coronavírus, o que dobrou o número de óbitos registrados na capital Moscou, 1.561, e não 639, como antes anunciado. A mudança na metodologia implica em registros até 30% menores do percentual de casos em que o diagnóstico de Covid é confirmado após a morte do paciente devido à demora no processamento laboratorial. Porém, por determinação do Supremo Tribunal Federal, o Ministério da Saúde teve que voltar a divulgar os dados acumulados da doença, como era feito anteriormente.