Os Três Poderes: Troca dos comandos militares e agravamento da pandemia
Pressionado pelo Congresso e acuado pela pandemia, o presidente muda o ministério, indispõe-se com as Forças Armadas e presenteia o Centrão
Jair Bolsonaro sempre ataca quando se sente acuado. Sempre tenta dar demonstrações de força quando está numa situação de fragilidade. Acossado pelo agravamento da pandemia, pela crise econômica, pela queda de popularidade, pela ameaça de debandada de setores importantes de sua base de apoio e pelo pantagruelismo do Centrão, o presidente decidiu promover seis mudanças ministeriais e trocar os comandantes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica. As substituições mais ruidosas ocorreram na pasta da Defesa e nas cúpulas das Forças Armadas. Convencido de que há uma campanha para tirá-lo do poder, Bolsonaro demitiu o general Fernando Azevedo e Silva, que chefiava a Defesa, e os comandantes militares porque considerou que eles se negaram a apoiá-lo, por exemplo, no embate com governadores sobre a adoção de lockdown. O ex-capitão esperava que o Exército lhe devotasse lealdade, engrossasse seu discurso contra as medidas restritivas e, assim, funcionasse como arma de persuasão na disputa política. Não conseguiu e, contrariado, usou a caneta presidencial para reformar a equipe a fim de deixá-la mais alinhada a seus objetivos — objetivo que acabou não conseguindo cumprir.