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Venezuela: o racha atinge a base chavista

Os bairros mais pobres, que foram bastiões ideológicos de Hugo Chávez, esvaziam o apoio ao regime de Nicolás Maduro

Por Nathalia Watkins, de Caracas
Atualizado em 10 dez 2018, 10h07 - Publicado em 22 jul 2017, 08h00

Durante a maior parte das cerca de duas décadas do experimento socialista na Venezuela, a parte leste da capital, Caracas, foi o epicentro da oposição. Os bairros pobres, tanto no leste quanto no oeste, eram bastiões ideológicos de Hugo Chávez e seu sucessor, o atual presidente Nicolás Maduro. Mas, agora, o descontentamento se prolifera no que já foi o pilar do “socialismo do século XXI”. Os supermercados não estão mais cheios de produtos a preços subsidiados e as redes de programas assistencialistas que ofereciam tratamentos médicos, educação e auxílios diretos, conhecida como missiones, foram esvaziadas.

Sem o carisma ou o dinheiro de seu predecessor, Maduro perdeu apoio nos setores populares que foram a base do chavismo. Atualmente, estima-se que o nível de popularidade do chefe de Estado esteja em torno de 15%, apenas alguns pontos mais elevada do que a do brasileiro Michel Temer. Na Venezuela, os apoiadores de Maduro são basicamente os que já não tem alternativa. “São três os perfis dos simpatizantes do governo. O primeiro representa uma minoria insignificante que honestamente acredita na orientação comunista do governo. O segundo inclui aqueles que serão perseguidos judicialmente pelos inúmeros delitos cometidos como corrupção ou narcotráfico caso o regime se desintegre. O terceiro e último grupo é composto pelos que ainda recebem alimentos ou moradias do governo”, diz o analista político Alfredo Keller, de Caracas.

Na favela de Petare, uma das maiores da América Latina, a dissidência é cada vez maior. “Sempre fui opositora e, até pouco tempo, era proibida de comprar em alguns mercados cujos donos eram chavistas e me hostilizavam. Isso não acontece mais”, diz Ramona Burguillos, de 52 anos, dirigente regional do partido Ação Democrática em Petare.

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No setor de San Blas, o último programa social foi suspendido há um ano e meio. Eram três refeitórios que alimentavam cerca de 250 pessoas cada um, diariamente. “Eu digo aos vizinhos chavistas que o governo não funciona e eles ficam sem argumentos para me convencer do contrário”, diz a auxiliar administrativa Katiuska Camargo, de 40 anos, que junta um grupo em Petare para ir aos protestos. Os cartazes são confeccionados com o papelão que traz as bolsas de comida, batizadas de Clap, sigla de Comitê Local de Abastecimento e Produção. Os pacotes são vendidos a preços subsidiados diretamente a conselhos comunitários, mas eles contêm cada vez menos produtos e chegam em menor quantidade.

De acordo com um estudo da Universidade Católica Andres Bello (UCAB), 14% da classe E, 17% da classe D e 22% da C estão participando das manifestações. “Minha família tem medo de marchar, mas votará na oposição”, diz Hector Monterola, de 48 anos, que dá aulas de história em uma escola de Petare.

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