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Zona do Silêncio: um lugar nos Estados Unidos onde os celulares não têm vez

Para não ter interferência no funcionamento de um telescópio, a região controla a emissão de frequências de rádio

Por Da Redação
28 Maio 2015, 16h27

Localizada perto das montanhas Allegheny, a Zona Nacional de Rádio Silencioso, mais conhecida como Zona do Silêncio, protege o Telescópio Robert C Byrd Green Bank, o GBT, da interferência de ondas elétricas. A área de 34 000 quilômetros quadrados na região oeste de Washington, capital dos Estados Unidos, não possui sinal de telefonia celular ou de rádio. É um raro lugar no planeta onde um ser humano ainda pode se manter quase que completamente desconectado.

Por ter uma grande sensibilidade, a Zona do Silêncio, criada em 1958, é imprescindível para o bom funcionamento do GBT. O telescópio, o maior objeto móvel de todo o planeta em superfície terrestre – mais alto que a Estátua da Liberdade, em Nova York -, pode detectar ondas de rádio emitidas milissegundos depois do nascimento do universo. Se houvessem interferências das ondas de rádio dos celulares, esses rastros do início do cosmo poderiam se perder.

O maior posto de escuta da Agência Nacional de Segurança dos Estados Unidos, a NSA, também está localizado na Zona de Silêncio. Em entrevista à BBC, Mike Holstine, gerente do local onde o GBT está instalado, afirmou que “o telescópio tem a sensibilidade equivalente a um bilionésimo de bilionésimo de milionésimo de um watt… energia liberada quando um único floco de neve cai no chão. Qualquer coisa feita pelo homem iria encobrir o sinal”.

A sensibilidade do GBT é tão grande que, nas proximidades do telescópio, em uma área de cerca de 1,6 quilômetros, motores movidos a gasolina são proibidos porque podem soltar faíscas que atrapalham na captação. Até as pistas de pouso da região não podem usar aparelhos que emitem ruídos do tipo.

Novo modo de viver – Devido a esse fator, o estilo de vida dos moradores da Zona do Silêncio é bem diferente daquela de outros cidadãos dos Estados Unidos: eles não têm telefones celulares, micro-ondas e até mesmo campainhas sem fio. Todo cuidado é necessário para não prejudicar o funcionamento do GBT e do posto de escuta da NSA.

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Chuck Niday é um dos responsáveis por patrulhar o condado, onde vivem 8 mil pessoas, na Zona do Silêncio. Em entrevista à BBC, Chuck declarou que “qualquer tipo de dispositivo elétrico pode causar interferência”, por isso ele pede educadamente para que os usuários desliguem aparelhos que estão causando problemas.

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Apesar de todos os cuidados, existem exceções às regras da Zona de Silêncio: funcionários do GBT conseguem usar um micro-ondas (fica dentro de uma Gaiola de Faraday, que realiza uma blindagem eletrostática) e existe um serviço de emergência, que funciona em uma frequência de rádio específica.

Os moradores da Zona do Silêncio também conseguem acessar banda larga. Mas, diferente dos outros lugares dos Estados Unidos em que a velocidade da internet é alta, a dessa região é muito devagar, como se tivesse parado em 2000. Além disso, por ser uma comunidade pequena, as companhias telefônicas não investem em cabos melhores, piorando ainda mais a qualidade.

Mas há muitas pessoas que gostam de viver em um local em que o senso de comunidade prevalece e a vida é tranquila, já que ligações, notificações de redes sociais e atualizações de status nos telefones celulares não atrapalham o cotidiano nos habitantes da Zona do Silêncio.

Fim da Zona do Silêncio? – De acordo com a BBC, o gasto anual com o GBT é de 12,5 milhões de dólares. A Fundação Nacional de Ciência, responsável por financiar o GBT, alertou que poderá diminuir o financiamento do telescópio em 2017 para construir outros em diferentes lugares do mundo, problema que deixa incerto o futuro da Zona do Silêncio.

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Os mais de 200 funcionários, que operam o GBT e cuidam das hospedagens de cientistas no local, estão em busca de verbas. Segundo a reportagem, até o final de 2015, parte das instalações da região poderá ser fechada. Para alguns, com a diminuição das regras quanto à presença de ondas de rádio na Zona do Silêncio, maiores serão as chances para que dispositivos sem fio sejam instalados no local. O que afetará o trabalho científico no telescópio.

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