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Tumblr terá escritório no Brasil, o primeiro fora dos EUA

Segundo diretor do serviço, híbrido de rede social e plataforma de blog, atividade de usuários brasileiros só é superada pela dos americanos

Por Paula Reverbel
1 fev 2012, 12h46

O americano Mark Coatney, diretor do Tumblr – híbrido de rede social e plataforma de blogs -, está no Brasil para recrutar o profissional que vai comandar o serviço no país a partir de um escritório local, o primeiro fora dos Estados Unidos. Faz sentido. Segundo o próprio Coatney, jornalista que trocou a revista Newsweek pela internet, o mercado brasileiro é atualmente o segundo maior filão do Tumblr, superado apenas pelo americano. Um exemplo: o crescimento do número de usuários brasileiros em 2011 – 209% – superou o registrado em todo o mundo, 167%. De acordo com o jornal americano The Wall Street Journal, as finanças vão bem: com 46 milhões de blogs, o serviço recebeu investimento estimado entre 75 milhões e 100 milhões de dólares, elevando o valor da companhia a cerca de 800 milhões de dólares. Por aqui, além de procurar um representante, Coatney tenta convencer mais indivíduos, empresas e, em especial, veículos da imprensa a adotar a ferramenta. Para isso, já começou até a acompanhar a atividade dos usuários brasileiros: “Eu sigo muitos deles, mas, como não entendo português, não sei do que eles falam”, diz. Confira a entrevista que ele concedeu a VEJA.com em sua passagem pelo Brasil.

Quantas pessoas o Tumblr pretende contratar no Brasil? Vamos contratar uma pessoa para dar início às operações, mas no futuro contrataremos mais gente. O Brasil é o segundo maior mercado no Tumblr – só perde para os Estados Unidos – em usuários e páginas criadas. É um país importante para nós. Buscamos alguém que possa desempenhar vários papéis: desde manter contato com empresas e convencê-las a usar o Tumblr até ajudar usuários individualmente. Não temos preferência por uma formação específica.

Mark Coatney
Mark Coatney (VEJA)

Onde ficará o escritório e quando começam os trabalhos? Os trabalhos devem começar em abril. O escritório provavelmente ficará na cidade de São Paulo. Mas se o nosso candidato predileto morar no Rio de Janeiro ou em qualquer outra cidade, a sede do Tumblr no Brasil será lá.

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As suas atualizações no Tumblr da Newsweek eram muito elogiadas por não parecerem institucionais. As opiniões publicadas eram suas ou da revista? Quando criei o Tumblr da Newsweek, tinha a intenção de assinar o conteúdo. Acabei removendo o meu nome porque nunca configurei o perfil adequadamente e porque minha assinatura atrapalhava o desenho da página. Quando alguém me perguntava de quem eram as opiniões explicitadas na página, eu respondia que eram minhas. No entanto, na hora de escrever, usava o pronome “nós”, dando a entender que as opiniões eram da revista. Quando realmente comecei a usar o Tumblr da revista para falar da própria revista, a Newsweek tinha sido colocada à venda e estava sendo duramente criticada. Eu usei o perfil para defendê-la. Não me incomodava com a ideia de que meus chefes pudessem não concordar ou não gostar do que eu estava fazendo. Na época, pensava: “O que eles podem fazer? Me demitir? Pouco importa, pois a redação inteira pode ser desfeita dentro de uma semana.” Era uma circunstância única. Mas eu acredito que se uma empresa puder fazer isso – deixar que um indivíduo seja sua voz – o efeito é positivo.

Por que o senhor trocou a Newsweek pelo Tumblr? Quando entrei, a empresa tinha apenas oito ou nove funcionários. Hoje somos 75 pessoas e ficamos em Nova York e em Richmond (capital do estado de Virgínia). Fui jornalista por 15 anos e queria tentar algo diferente. Eu realmente gostei de como o Tumblr conecta os jornalistas ao público. Quando eu escrevia alguma coisa no Tumblr da Newsweek, as pessoas costumavam interagir com o post, e conversar comigo. Antes disso, eu estava um pouco frustrado com jornalismo on-line porque era muito parecido com jornalismo impresso: sem interação. De vez em quando, as pessoas publicavam um comentário nas matérias e só. O Tumblr funciona mais como um canal de duas vias.

Quantos acessos o Tumblr acrescenta a publicações que têm um perfil no serviço? As próprias publicações medem isso. Sei, por exemplo, que muitos dos acessos que o site da revista Life recebe são provenientes do Tumblr. É a segunda maior fonte de acessos, atrás apenas das ferramentas de busca. A Life publica algumas fotografias em seu perfil e as pessoas acabam indo para o site para olhar as demais fotos da galeria. Acredito que eles fazem um bom uso da nossa ferramenta. Já algumas estações de rádio não fazem questão de atrair pessoas a um site. É o caso da rádio NPR (National Public Radio, uma estação dos Estados Unidos, mantida por recursos públicos e privados, que distribui programação para centenas de outras rádios do país). A NPR só quer que as pessoas ouçam os programas de rádio. Como não existe nenhum link direto para isso, o perfil de um de seus programas no Tumblr não tem a obrigação de converter cliques ao site. Só dialoga bastante com o internauta, para que ele se interesse pela rádio.

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As empresas de comunicação precisam de suas orientações para atualizar o seu perfil no Tumblr? Trabalho no Tumblr há um ano e meio, já conversei com a maioria das empresas e quero ir além disso. Vim ao Brasil para fazer o mesmo. A maioria das empresas americanas já mantém um blog no Tumblr. Cada uma faz coisas diferentes com seu perfil, mas acredito que todas entendem como a ferramenta deve ser usada. As emissoras de TV e as rádios usam o Tumblr para se aproximar dos ouvintes e telespectadores. As revistas normalmente fazem a mesma coisa que eu fazia na Newsweek: usam o Tumblr para ilustrar a personalidade da publicação. É o caso da Vanity Fair e da GQ. Os indivíduos que mantêm blogs pessoais normalmente falam de interesses específicos, sem colocar seu nome verdadeiro no Tumblr. O Andrew Romano, um dos jornalistas da Newsweek, fazia justamente isso. Ele mantinha um blog no Tumblr para escrever sobre mobília, pois se interessa muito por design. Lendo o Tumblr dele, ninguém adivinharia que ele cobre política para a Newsweek. Os adolescentes, porém, têm usado o Tumblr como diários pessoais. Um dos Tumblrs de que mais gosto é o Officials Say the Darndest Things (autoridades dizem as coisas mais malditas, em português). O perfil pertence ao site de notícias ProPublica e publica frases desastrosas de políticos. É muito bom.

Se o senhor gosta de Tumblrs engraçados, talvez se interessasse pelos brasileiros. Eu sigo muitos deles, mas, como não entendo português, não sei do que eles falam. Reparei que os brasileiros postam mais imagens do que os americanos. Também tendem a republicar mais postagens e fazem as informações circularem mais.

Em meados de 2010, alguns membros da comunidade do Tumblr estavam usando o serviço para articular brincadeiras de mau gosto e praticar bullying on-line. De lá para cá, isso parou de acontecer. Vocês tomaram alguma providência para coibir o bullying? Nós aumentamos a nossa equipe que presta atendimento aos usuários – inclusive contratamos há duas semanas um brasileiro que integra essa equipe e ajudará a traduzir o site. Assim, passamos a agir rapidamente quando algum usuário diz que está sendo perseguido ou incomodado.

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Christopher Poole, criador do fórum de imagens 4Chan, não tinha a intenção de que seu serviço virasse um ponto de encontro de pessoas que praticam bullying on-line. Mas, depois que aconteceu, ele não procurou reprimir isso. O Poole é uma pessoa muito legal. Conheci ele na época em que os usuários do 4Chan estavam atacando o Tumblr – através de investidas DDoS, que visam derrubar o site – por acreditar que os usuários do nosso serviço rivalizavam com eles. Nessa ocasião, Poole nos ajudou. Avisava quando usuários do 4Chan estavam planejando ataques.

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