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Traficantes vendem drogas dentro de mercado no centro de São Paulo

Na República, um Carrefour Express funciona como ponto de tráfico e, numa rotina de colaboração, ajuda criminosos até com a troca de notas de baixo valor

Por André Lopes Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 25 set 2019, 16h03 - Publicado em 24 set 2019, 16h53

“Aproveita que está levando a cervejinha e já leva uma coca”, escutou um cliente do mercado Carrefour Express ao dar o primeiro passo fora da loja, na avenida Vieira de Carvalho, próximo à praça da República, no centro de São Paulo. O homem ignorou a oferta e seguiu levando suas sacolas de compras. A fala que ouviu não veio de um dos atendentes do Carrefour, tampouco fazia referência à marca de refrigerante. Quem a havia dito era um dos traficantes de cocaína que utiliza o mercado como ponto de venda de drogas.

A reportagem de VEJA observou a rotina da atividade criminosa que ocorre naquela unidade durante três dias, em diferentes horários. No período presenciado, ficou explícita a harmonia da operação que junta os dois negócios. O mercado funciona 24 horas por dia, mas os traficantes só aparecem próximo das 19 horas, quando trabalhadores da região, com o fim do expediente, aproveitam o caminho até o metrô próximo dali para fazerem compras. Ao menos dois homens ficam na porta da unidade oferecendo maconha e cocaína aos que passam. Um deles fala com as pessoas que entram na loja e, outro, com os que continuam a caminhada pela calçada.

Além de se aproveitar da clientela do Carrefour, quando existe o aceite da oferta de droga, o traficante entra na unidade com o usuário e, entre os corredores de produtos, finaliza a venda sem muita discrição e em poucos segundos. Por volta das 21 horas, quando um número considerável de papelotes já havia sido vendido, VEJA observou um dos traficantes, com um maço de notas de dois e cinco reais, fazendo a troca dos valores com um dos caixas do mercado. Em outro momento, um dos operadores de caixa, ao notar que não possuía troco, sinalizou para o criminoso e foi prontamente atendido com notas de menor valor.

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Um garçom que pediu para não ter o nome revelado, mas que trabalha no bar ao lado dessa unidade do Carrefour Express, contou para a reportagem que a expansão do tráfico naquela região é recente, mas não soube precisar há quanto tempo começou. “Foi surgindo aos poucos. Era comum ver os traficantes na praça da República, mas ali o policiamento aumentou e eles foram dominando a quadra aqui na avenida”, contou ele. Nas ruas Aurora e Joaquim Gustavo, que circulam o ponto onde fica o mercado, a reportagem contou três pichações com os dizeres “aqui é do PCC”, em sinalização de que a área estaria sitiada pela facção criminosa.

Os dados da Polícia Militar de São Paulo mostram que na região foram registradas, desde o início do ano, 45 prisões por tráfico de drogas. O Carrefour foi consultado por VEJA, mas até a publicação desta nota não havia se manifestado sobre a prática de crime dentro de uma de suas unidades.

Atualização, 24/09/2019, 18h17 — Em nota, o Carrefour afirmou que não tem registro de denúncias envolvendo casos como os noticiados por VEJA. Diante do relato, a empresa disse que iniciará uma apuração e tomará as medidas cabíveis caso sejam necessárias. “A rede reitera que repudia todo e qualquer ato ilícito e que já providenciou o reforço de sua equipe de segurança no local, visando a garantir a proteção de todos os clientes e colaboradores”.

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