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Time do Google “mergulha” no Brasil para criar doodles da Copa

É a primeira vez que a equipe multinacional que cria as imagens comemorativas que brincam com logo da companhia deixa Mountain View

Por Renata Honorato
22 jun 2014, 08h53

Com relativa frequência, o Google acrescenta ao logotipo estampado em sua tradicional página branca de buscas imagens ou animações comemorativas. A empresa os chama de doodles. Em inglês, a palavra designa aqueles rabiscos mais ou menos inspirados que uma pessoa faz enquanto se dedica a outra tarefa, como assistir a uma aula ou participar de uma reunião. Mas os doodles são coisa séria na gigante de tecnologia. Desde 1998, mais de 2.000 deles já foram ao ar, homenageando de Martin Luther King Jr. a Tom Jobim, passando por feriados nacionais e eventos globais. Agora, é a vez da Copa do Mundo. De um escritório da companhia no bairro do Itaim Bibi, zona Oeste de São Paulo, os “doodlers”, como são conhecidos os profissionais responsáveis por criar os doodles, acompanham todas as partidas do Mundial e criam as imagens que decoram a página de buscas. É a primeira vez que o time se descola da sede da companhia americana, em Mountain View, na Califórnia, para outro ponto do globo para se concentrar em uma missão como essa.

Quem lidera a equipe muldisciplinar e multinacional no mundo (e, no Brasil, até o fim da Copa) é o designer americano Ryan Germick, que no passado cuidou da criação dos emoticons, aquelas carinhas que expressam “estados de espírito” dos usuários do Gmail. Com ele, estão os também designers Leon Hong, dos Estados Unidos, e Matthew Cruickshank, da Inglaterra, além da israelense Liat Ben-Rafael, psicóloga que ocupa o posto de gerente de marketing do doodle. Eles têm entre 28 e 39 anos.

“É um grande desafio à criatividade. Temos que desenvolver de um a dois doodles por dia durante toda a Copa”, diz Germick, sentado em uma cadeira no QG brasileiro. O ambiente foi totalmente decorado para o Mundial com a intenção de oferecer uma atmosfera mais acolhedora: bandeiras das nações que disputam a competição pendem do teto e cartazes com imagens de craques ocupam as paredes. Livros sobre futebol, vinis de artistas brasileiros, chuteiras, camisetas e troféus espalhados pela sala de trabalho tentam ajudar os “gringos” a capturar o espírito da Copa. Para facilitar a tarefa, o time de doodlers fez uma visita prévia ao Brasil em março. Após visitas por São Paulo e Rio, eles começaram a produzir os primeiros rascunhos do que começou a ir ao ar no última dia 12, data da abertura do Mundial.

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Dado o pontapé inicial, a equipe se mostrou até mais prolífica do que o esperado. Em uma semana, 17 doodles foram ao ar (média superior a dois por dia), vistos por usuários da plataforma em 189 países. O time “entrou no clima”. “Assistir aos jogos e ver pessoas torcendo e grafites sobre o Mundial espalhados pela cidade é muito inspirador. Isso aparece nos nossos desenhos”, diz Cruickshank. Como bom inglês, ele é fã de futebol e está torcendo por sua seleção – derrotada nos dois primeiros jogos e eliminada da competição. O americano Germick, como é lógico supor, prefere a NBA, liga americana de basquete. “A final dos meus sonhos é Alemanha contra Miami Heat, com LeBron James em campo e em pleno o Maracanã”, diz.

Além da imersão no país da Copa, outro tipo de estímulo chega ao quarteto do doodle com o idêntico objetivo de afinar as imagens e animações ao espírito do Mundial. São os dados em tempo real sobre buscas realizadas no Google. Eles revelam quais equipes e atletas despertam maior atenção do público pelo mundo. “Não criamos doodles para todos os jogos. Escolhemos os mais significativos e atualizamos a ilustração no decorrer das partidas”, diz Germick. “Assim mesmo, nosso objetivo é que todas as 32 seleções participantes apareçam ao menos em um doodle.”

Toda a equipe fica de olho na internet para acompanhar a repercussão do trabalho – em especial a israelense Liat. É a produtora que checa detalhes das artes, certificando-se de que cada uma delas será interpretada da mesma e correta forma em diferentes pontos do mundo. Os usuários podem contribuir com o grupo sugerindo ideias através da hashtag #GoogleDoodles ou usando o e-mail proposals@google.com. “Também recorremos ao Google+, Facebook e Twitter para saber o que as pessoas pensam e o que desejam ver”, diz Cruickshank.

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O primeiro doodle foi criado pelos próprios fundadores do Google, Larry Page e Sergey Brin. Eles mudaram o logo do Google em homenagem a um festival chamado Burning Man, realizado no deserto de Nevada: o desenho de um boneco de palito foi adicionado ao segundo “o” de Google. A intenção era informar aos usuários que os fundadores da companhia – já um gigante, àquela altura – encontravam tempo para se divertir. A ideia repercutiu positivamente. Dois anos depois, em 2000, a dupla pediu que um estagiário, chamado Dennis Hwang, criasse um novo desenho em alusão ao Dia da Bastilha, o 14 de julho, que marca a erupção da Revolução Francesa. Hwang mandou bem e se tornou chefe do novo departamento, que nascia com a missão de criar uma nova imagem a cada data comemorativa relevante.

Passados quatorze anos e 2.000 doodles, escolher as imagens que vão ao ar não é tarefa fácil para Germick. “Um doodle pode não ser o favorito de todas as pessoas, mas deve ao menos ser o predileto de alguém”, diz. Os mais inesquecíveis, na opinião do ilustrador, homenagearam o músico e inventor Robert Moog, porque permitiu que pessoas gravassem uma pequena canção usando um teclado virtual, reproduzindo a música em seguida, o do Pac-Man, título clássico dos games, e o dedicado ao compositor francês Claude Debussy. “Sua delicadeza estimula diferentes emoções”, diz.

No grupo, só o inglês Cruickshank arrisca um palpite para o desfecho da Copa do Mundo: “Acho que vai dar Inglaterra.” Logo reconsidera, porém. “Acho que será mesmo Brasil e Argentina. É o que todo mundo está esperando, correto?” Correto. A pedido da reportagem, ele fez um esboço do que poderia ser um doodle ilustrando a “final das finais” – confira na galeria de imagens, no alto da página. “Em um jogo como esse, ambos deveriam ganhar. Eu adoraria ver a torcida das duas seleções se abraçando em uma final”, diz. É improvável. Mas fica registrado o desejo.

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