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Redes sociais foram desenhadas para fomentar conflito

Pesquisa revela que a raiz das discussões está no próprio design das plataformas, com WhatsApp e Facebook liderando o ranking de arenas de briga

Por Sergio Figueiredo Atualizado em 15 jul 2021, 16h32 - Publicado em 15 jul 2021, 16h11

A maioria das pessoas evita se engajar em assuntos polêmicos nas redes sociais por medo de destruir o relacionamento com amigos, colegas e conhecidos. Por outro lado, quando há conflito de opiniões, nem todas as redes suscitam o mesmo comportamento. O YouTube, por exemplo, tem alta audiência, mas é o ambiente que menos provoca discussões, enquanto que é praticamente impossível evitar uma boa briga quando se trata de WhatsApp e Facebook − pelo menos é o que revela uma pesquisa com 257 pessoas feita por Amanda Baughan, doutorando em Ciência da Computação e Engenharia pela Universidade de Washington, em Seattle, Estados Unidos.

No gráfico abaixo, elaborado pela autora do estudo e sua equipe, é possível cotejar o tempo semanal médio em horas passado na rede social (linhas pretas) com o percentual de pessoas que entraram em discussões na mesma rede (linhas vermelhas):

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Redes Sociais: tempo de uso médio semanal x percentual de engajamento em discussões – (Amanda Baughan/Divulgação)

Redes sociais de grande popularidade e envolvimento como Reddit e YouTube, ambas com mais de sete horas de engajamento semanal, não têm necessariamente o maior percentual de atrito entre usuários. Na verdade, o YouTube, pelo seu design de exibição de vídeos curtos e longos, é a rede que provoca o menor número de brigas. O Facebook, por outro lado, com tempo médio de utilização de pouco mais de cinco horas semanais, conseguiu atrair quase doze vezes mais entrevistados para discussões, sendo que muitos deles falaram negativamente da situação pela qual passaram.

Setenta por cento dos usuários do Facebook dizem que tiveram experiências ruins na plataforma e que, quando estão ali, não gostam de parecer vulneráveis porque sabem que tem uma audiência acompanhando: os próprios amigos de Facebook. Além disso, a estrutura dessa rede social impede engajamento significativo porque muitos comentários são automaticamente ocultados ou cortados.

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Já o WhatsApp, campeão de pancadaria, por se tratar de uma plataforma de mensagens particulares, permite que as pessoas tenham conversas mais honestas, e a organização das mensagens faz com que os usuários mantenham foco na discussão do momento. No caso de um conversa entre apenas duas pessoas, uma delas pode decidir quando responder, uma vez que o encontro não é presencial. Isso dá tempo, por exemplo, para que um indivíduo irritado ganhe algum tempo para esfriar a cabeça. A demora na resposta, entretanto, pode demonstrar desrespeito pelo interlocutor. De forma geral, as pessoas se sentem mais à vontade para discutir assuntos polêmicos em grupos de WhatsApp do que em uma plataforma tida como aberta, como o Facebook.

Centrado em conteúdo de vídeo, o YouTube parece não fomentar tantas discussões porque os posts mais polêmicos se assemelham mais a críticas de cinema do que necessariamente agressões. Além disso, quando se trata de comentar um vídeo postado, o usuário parece ter mais empatia com o autor do que tem em outras redes, já que está vendo a pessoa na sua frente. Muitos dos entrevistados, por sua vez, disseram não gostar quando autor do post modera excessivamente os comentários, eliminando qualquer crítica e prejudicando assim uma discussão aprofundada.

No estudo, que recebeu fundos do Facebook, como informa a própria autora, também foi solicitado que os participantes comentassem alguns redesenhos propostos para melhorar o uso das redes sociais, como dar a opção para duas pessoas que estão discutindo se isolarem em um ambiente à parte. Outra ideia sugerida é criar uma barreira de tempo que interrompa a troca de farpas em determinado momento. Os entrevistados expressaram opiniões inconclusivas quanto a essas sugestões, afirmando, por exemplo, que interrupções e alijamentos poderiam provocar ainda mais frustração.

Doze sugestões de redesenho foram submetidas, mas não se sabe se as big techs que controlam as redes sociais pretendem implementar alguma delas. Por enquanto, principalmente nas plataformas campeãs de vale-tudo, o pau vai continuar comendo solto.

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