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Qual o segredo do novo recordista de financiamento coletivo no Brasil?

Com quase R$ 2 milhões arrecadados, jogo de RPG obteve sucesso ao negar o digital e valorizar o analógico

Por Sabrina Brito 3 dez 2019, 18h02

Entre maio e julho deste ano, uma iniciativa de financiamento coletivo online coordenada pelos criadores do jogo de RPG (role-playing game; em inglês, jogo de interpretação de papéis) Tormenta arrecadou quase R$ 2 milhões em doações. O sucesso avassalador do projeto foi muito além das mais otimistas expectativas do grupo: a princípio, eles ambicionavam coletar apenas R$ 80 mil, por meio do site Catarse.

O destino do dinheiro seria o lançamento de um livro que expande e aprofunda a narrativa do jogo, lançado em 1999. Na linha clássica do RPG, Tormenta é, essencialmente, um jogo de tabuleiro e dados em que cada participante interpreta um personagem. No entanto, dado a popularidade do projeto na década retrasada, a história por trás dessa aventura foi estendida para quadrinhos e livros. A obra que o financiamento coletivo bancaria é uma edição de capa dura e com mais ilustrações do livro-base do jogo, em comemoração ao aniversário de 20 anos de Tormenta. E a empreitada teve sucesso absoluto!

Isso em um período em que se imperam os games on-line. Nas últimas décadas, inclusive, muitos RPGs passaram a desbravar também o mundo conectado, dispensando tabuleiros e dados, e requerendo apenas tela, mouse e teclado (ou um videogame, ou um celular, ou um tablet… mas pouco da imaginação). Títulos como World of Warcraft (WoW), por exemplo, se tornaram extremamente populares nos computadores e nos consoles. Os números são chocantes: um dos pacotes de expansão de WoW lançado em 2018 vendeu, na estreia, mais de 3,4 milhões de cópias.

Por que, então, um RPG de mesa que exige concentração plena, e que usualmente dura horas (quando não dias), obteve tamanho sucesso em pleno 2019, na era dos smartphones e do avassalador vício em internet?

Para Guilherme Dei Svaldi, editor-chefe da Jambô, editora responsável por Tormenta, o fato de vivermos em uma época tão conectada é justamente o que explica o crescimento do RPG. “Quando você passa o dia inteiro olhando para uma tela, tudo que você quer é contato humano — e o jogo proporciona isso”, falou ao site de VEJA.

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Segundo ele, que também é um dos criadores de Tormenta, os jogos online são uma modalidade totalmente distinta de RPG. “São divertidos e bonitos, mas não substituem a experiência humana, presencial. Na mesa, tudo é resolvido por meio de conversa e imaginação. Nada, nenhum game eletrônico, substitui isso”, avaliou.

A recente força da onda geek também desempenha papel nessa vitória. Um exemplo é a série Stranger Things, da Netflix, que valoriza muitos elementos vintage e pertencentes a esse universo — não são raras as cenas em que os protagonistas mirins aparecem se divertindo com Dungeons&Dragons, primeiro e um dos mais famosos RPGs (e cujo contexto inspirou toda a narrativa da série da Netflix). “Fenômenos de mídia como Game of Thrones, Stranger Things, dentre outros, tornaram muito mais popular a temática de fantasia”, comenta Dei Svaldi.

Portanto, o gigantesco triunfo financeiro de Tormenta é sinal de que o público, mesmo em meio à crescente digitalização, ainda preza pelo off-line, pela interação em sua forma mais simples. No tête-à-tête.

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