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Para “superpoderosas”, inovação é a chave do sucesso

Em evento realizado em São Paulo, Luiza Helena Trajano, dona do Magazine Luiza, Sofia Esteves, fundadora do grupo DMRH, e Bel Pesce, empreendedora, destacaram o papel da inovação no êxito corporativo e pessoal

Por Renata Honorato
30 Maio 2014, 15h38

“Quem tem o poder é quem tem conhecimento”, disse Luiza Helena Trajano, dona do Magazine Luiza, no Lide Futuro, evento de liderança realizado na noite dessa quinta-feira, em São Paulo, para uma plateia de mais de 400 executivos de diversos setores. O encontro foi organizado por João Doria Jr., presidente do Grupo Doria, e contou também com a presença de Sofia Esteves, fundadora do grupo DMRH, e Bel Pesce, fundadora da escola de empreendedorismo FazINOVA.

Mais do que dar dicas de liderança, as três convidadas motivaram os participantes a ter atitude ao apostar na inovação. “Pessoas e inovação sempre foram meu foco”, contou Luiza aos presentes. “Montamos uma loja física, porém eletrônica, em 1992. O estabelecimento não tinha produtos. Tudo o que vendíamos era exibido em televisores”, explicou a executiva sobre a sua primeira iniciativa “virtual”. “Dizíamos que aquela era a loja dos anos 2.000. Oferecíamos cursos gratuitos no local e assim podíamos ensinar às pessoas como comprar”, contou a presidente do grupo, que faturou 20,5 milhões de reais no primeiro trimestre de 2014.

A executiva ressaltou o quão importante é ousar nos negócios e brincou: “Quando você está inovando, o melhor é nem contar para as pessoas. Elas sempre apostam que vai dar errado”. Luiza relembrou passagens de sua trajetória à frente do grupo e afirmou que até mesmo a sua tia, Luiza Trajano Donato, a fundadora da companhia, duvidou que a sua ideia de criar promoções e abrir lojas de madrugada no mês de janeiro, quando as vendas eram as piores do ano, seria realmente efetiva. Logo reconsiderou e até sugeriu que funcionários entrassem na fila, vestidos de clientes, para aumentar a buzz da iniciativa. Deu certo e o mês passou a ser o terceiro em termos de vendas. “Hoje não existe uma loja que não faça liquidação no início do ano”, disse à plateia.

A fala de Luiza vai ao encontro da história de Sofia Esteves, fundadora do grupo DMRH. Filha de imigrantes europeus, teve uma infância humilde e seu primeiro grande desafio foi pagar a faculdade. Ao se graduar em psicologia, decidiu buscar trabalho, mesmo sem nunca ter atuado na área. Na primeira entrevista, para ofuscar a falta de experiência, destacou o seu talento. Conseguiu trabalho em uma consultoria de recursos humanos, onde sua função era enviar currículos, via Correios, para seus clientes. Achou que o método não era funcional e então pegava um ônibus e ia até as empresas entregar os documentos pessoalmente para ressaltar as qualidades dos candidatos escolhidos para a posição.

“Um dia uma pessoa com cargo de presidente me procurou e me deu um mês para recolocá-lo no mercado”, contou a empresária. “Ele me disse que se não conseguisse cumprir o prazo ele iria morar com a esposa no Canadá”, continuou. Apesar da pouca experiência, Sofia se dedicou ao caso e poucos dias depois o candidato recebeu quatro propostas de trabalho. “Um dia ele foi ao escritório para me agradecer e contou que, na verdade, não iria para o Canadá, mas iria se suicidar se não encontrasse emprego”, lembrou emocionada. Daí em diante a carreira de Sofia não parou de crescer. Trocou de consultoria, mas discutiu com o dono da empresa, que lhe pediu para fazer algo que era contra a sua ética profissional. Com base no ditado “os incomodados que se mudem”, desistiu da vaga e, no impulso, montou a sua própria empresa. O começo foi difícil, mas inovando na área de recursos humanos, ao valorizar o contato pessoal, não demorou para que sua companhia decolasse. “Eu era muito jovem e um dia um cliente perguntou onde estava meu chefe. Disparei: é comigo que o senhor está negociando e fico feliz que não encare a pouca idade como o sinal de incompetência”, disse. Depois de um sorriso amarelo, o cliente fechou negócio com a jovem executiva.

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A pouca idade que causou desconfiança no caso de Sofia também motivou a empreendedora Bel Pesce a seguir seus instintos e tentar uma vaga no Instituto de Tecnologia de Massachusetts, uma das universidades mais renomadas do mundo. Depois da epopéia para encontrar em São Paulo o responsável pelo processo de seleção da instituição, Bel precisou buscar a solução de um problema nem sempre fácil de resolver: a falta de dinheiro. Ela passou no MIT, mas não tinha como pagar a faculdade. Fez bicos às vésperas de partir para os Estados Unidos e conseguiu juntar o suficiente para um semestre na universidade. Para continuar, no entanto, ela teria que conseguir bolsas de estudo. Tudo deu certo para Bel e em pouco tempo ela já estava familiarizada com o estilo de vida do MIT, onde os estudantes têm a oportunidade de fazer cursos diferentes, mas complementares. Lá ela fez de tudo: de aula de dança moderna até japonês. Foi no Vale do Silício, contudo, que a vida da jovem brasileira mudou mais uma vez.

“No Vale do Silício a concorrência é muito grande, mas também há muita colaboração”, disse a empreendedora. Para fazer parte daquele universo, abriu mão de um mestrado no MIT e de estágios em grandes companhias, como Microsoft e Google. Trabalhou em startups e cofundou a Lemon, um aplicativo de carteira virtual através do qual os usuários escaneiam cupons fiscais. “Foi nesse período que decidi escrever um livro com o que tinha aprendido até aquele momento”, contou. Assim nasceu A Menina do Vale, baixado mais de dois milhões de vezes e com venda, na versão impressa, de cerca de 30 000 exemplares. A repercussão em torno do livro trouxe a brasileira de volta ao seu país. “Fazia vídeos quando ainda estava nos Estados Unidos e muita gente acompanhava no YouTube. Voltei para o Brasil e montei o FazINOVA, uma escola diferente que ensina às pessoas como inovar e outras coisas que considero importantes”, explicou. Talento e um bom marketing pessoal é o que não falta para Bel, listada como um dos 30 jovens mais promissores do país pela revista Forbes.

A lição deixada pelas três mulheres de diferentes gerações para a plateia do evento é a importância da coragem no processo de inovação. Os resultados, garantem elas, vão além da estabilidade financeira. “Depois de uma certa quantia de dinheiro, a vida da gente já não muda muito. E foi por isso que minha tia não se desfez da loja”, disse Luiza sobre a paixão da família em vender e a importância da satisfação pessoal nos negócios. Autora do prefácio do livro Faça Acontecer, de outra superpoderosa, Sheryl Sandberg, chefe de operações do Facebook, Luiza não escondeu o entusiasmo em testemunhar o crescimento no número de mulheres empreendedoras no país: “Essa é a solução do Brasil”, disse empolgada a dona do Magazine Luiza.

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