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No Brasil, cofundador do Skype caça startups locais

Empresário sueco diz que país é estratégico para empresas inovadoras de internet e que empreendedores locais se destacam pelo otimismo

Por Renata Honorato
21 Maio 2012, 16h01

O sueco Niklas Zennström, de 46 anos, é um empreendedor experiente. Em 2001, ele adquiriu o Kazaa, software de compartilhamento de músicas, vídeos e programas, desenvolvido logo após a popularização do Napster (fechado no mesmo ano por ordem da Justiça dos Estados Unidos). Dois anos depois, ele e seu sócio, o dinamarquês Janus Friis, criaram o Skype. O sistema de comunicação via IP ganhou o mundo e Zennström decidiu, então, encarar um novo desafio. Deixou a companhia para atuar do outro lado da força: o de investidor. O empresário está à frente do fundo britânico Atomico, fundado em 2006, que mantém escritórios em Londres, Shangai e São Paulo. Através da companhia, ele aplica capital em empresas promissoras. Ao todo, a Atomico possui mais de 40 investimentos espalhados pelo mundo. Entre suas apostas mais famosas, está a Rovio, desenvolvedora finlandesa do jogo para celular Angry Birds. Em sua terceira passagem pelo Brasil, Zennström divulgou a atividade de seis companhias que estão em seu portfólio de investimentos: Wrapp (Suécia), Bebê Store (Brasil), Cinefis (Argentina), Pedidos Já (Uruguai), Restorando (Argentina) e Connect Parts (Brasil). Todas as empresas têm uma meta comum: entender e explorar o mercado brasileiro. Confira a seguir a entrevista que Zennström concedeu ao site da revista VEJA em São Paulo.

Por que o senhor voltou ao Brasil? Vim fazer duas coisas no Brasil: ajudar empresas parceiras a se estabelecerem no mercado local e buscar novas empresas para investir.

Por que as empresas de internet estão tão interessadas no mercado brasileiro? Esse é um mercado muito grande para os consumidores de internet. O Brasil segue muito forte no Facebook. Muitas das empresas que trabalham comigo funcionam em torno da rede social e, por isso, é estratégico iniciar as operações por aqui.

Como é a relação da Atomico com essas empresas? Ajudamos essas companhias a expandir seus negócios internacionalmente. Contratamos uma pessoa no Brasil, Carlos Pires e Albuquerque, que auxilia as startups em toda a América Latina. Nosso papel é ajudar as companhias e entender como encontrar os melhores parceiros, como trabalhar com os varejistas e como interagir com os portais. Em relação às novas startups, buscamos empreendedores que estejam tirando vantagem do crescimento do e-commerce no país e da base de banda larga e que estejam aproveitando o bom momento das mídias sociais e da computação em nuvem. Em síntese, buscamos empreendedores que tenham ambição de expandir suas empresas, mas não nos envolvemos diretamente no controle da companhia.

Mas a Atomico mantém contato com os executivos para dar conselhos, certo? Nosso papel é ajudar no crescimento da empresa, sugerindo caminhos para fazer bons negócios e para recrutar boas pessoas. Temos muitos investimentos no exterior e, consequentemente, uma boa experiência. A Wrapp, por exemplo, é da Suécia e está se estabelecendo no Brasil. Tudo o que aprendermos nessa operação poderá ser usado em casos similares, onde companhias queiram operar no país. A Rovio nos ensinou muito do mercado móvel e esse expertise foi importante em outras operações do mesmo segmento.

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Como encontra empresas interessantes para investir? Conversamos com muitas companhias, mas investimos em poucas. Cada investimento demanda tempo e capital. Apostamos em startups com potencial de sucesso, mas o mais importante nessas empresas são seus fundadores. Hoje, procuramos talentos. Avaliamos se o empreendedor tem as habilidades corretas, se possui boa atitude e se sabe aproveitar as oportunidades. Olhamos os números das companhias e, então, decidimos apostar. É importante ressaltar, contudo, que estamos dispostos a correr riscos, porque algumas empresas fazem sucesso, outras não.

Quanto a Atomico pretende investir na América Latina? Estamos trabalhando de forma global e não temos uma quantia específica para investir em cada região.

E o que senhor aprendeu com o Skype e com o Kazaa? Eu aprendi muito com essas empresas, mas também tive companhias que não fizeram sucesso. Algumas vezes você aprende mais com o fracasso do que com o êxito. Com o Skype e com o Kazaa, aprendi como expandir um negócio para o exterior de maneira muito rápida. Se você não fizer isso, alguém vai copiar o seu negócio e lançar localmente. É muito importante crescer rápido em novos mercados. É preciso ter confiança, inovar e não copiar outras ideias. Outra coisa muito legal que aprendi é o quão importante é contratar pessoas talentosas e compartilhar com elas suas ambições. É imprescindível buscar, inclusive, gente mais talentosa que você (risos).

Os empreendedores brasileiros possuem alguma característica própria? É difícil responder isso. Cada empreendedor tem um perfil diferente. O que pude perceber é que os brasileiros são mais otimistas em relação ao futuro do que europeus, que enxergam o horizonte com mais pessimismo. Já os americanos são os que possuem mais ambição. Talvez sejam essas as principais diferenças.

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