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Jovens continuam curtindo o Facebook, diz responsável pela estratégia de crescimento da rede social

Engenheiro espanhol conta como o serviço usa dados dos próprios usuários para manter expansão: a meta agora é atingir 5 bilhões de cadastrados

Por Rafael Sbarai
3 ago 2013, 08h14

Quando o número de usuários do Facebook bateu oficialmente em 1 bilhão, em outubro de 2012, o engenheiro espanhol Javier Olivan, de 37 anos, recebeu uma visita ilustre: Mark Zuckerberg, criador e CEO da rede social. Com uma garrafa de champanhe na mão, Zuckerberg foi ao encontro de Olivan em um dos andares do QG da companhia em Menlo Park, na Califórnia. A visita não se deu à toa, é claro. Olivan esteve diretamente ligado ao desenvolvimento e aplicação da estratégia que levou à vertiginosa ascensão da rede: em 2007, quando ele chegou à empresa, eram “apenas” 40 milhões de usuários. Como vice-presidente mundial de crescimento e estratégias móveis, Olivan é responsável por expandir a base de usuários, identificando oportunidades, chances de crescer e faturar mais. Ele faz isso com a ajuda de uma equipe multidisciplinar de 200 profissionais, que esmiuçam a montanha de dados publicada diariamente por usuários. “Nós temos uma série de profissionais dedicados a separar o joio do trigo, analisando problemas, tendências e identificando recursos usados com frequência por nossos usuários”, diz Olivan. A missão do espanhol inclui também fazer a rede avançar nos dispositivos móveis: afinal, sete em cada dez cadastrados já acessa o site por um smartphone ou tablet. Em recente visita ao Brasil, o executivo conversou com o site de VEJA e falou sobre os próximos passos, como atingir a marca de 5 bilhões de usuários – um desafio lançado por Zuckerberg. Ele desmente a versão de que o Facebook esteja perdendo popularidade entre os jovens. “Baseados em nossos dados internos, é possível garantir que o engajamento e o número de visitas entre esse público tem sido constante.”

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O senhor está no Facebook há seis anos. Como descreveria a trajetória da empresa nesse espaço de tempo? Quando cheguei, o Facebook ainda dava seus primeiros passos. Tinha três anos de vida, estava disponível em poucos idiomas e reunia 40 milhões de pessoas. Minha missão era expandir a base de usuários em todo o mundo, acompanhar países que necessitam atenção especial da companhia, como o Brasil, e identificar oportunidades de crescimento em outros lugares. Hoje, oferecemos versões do site em 70 línguas, graças a um trabalho colaborativo com meu time de 200 profissionais. Respiramos inovação: nosso lema é mova-se rápido e rompa barreiras. Avaliamos, por exemplo, o comportamento dos usuários na plataforma a partir do gigantesco volume de dados publicados. Ao entender a fundo como o site é usado, podemos oferecer um produto mais completo. Recentemente, a área dedicada a smartphones e tablets ganhou atenção especial, com a criação de estratégias para esse segmento.

Em que isso pode se traduzir na prática? Há algum tempo, identificamos o crescimento de acessos ao site a partir de celulares mais simples (chamados de feature phones), aqueles com acesso básico e limitado à internet. Criamos, então, uma ação direcionada a esse público, sabendo que a experiência dessas pessoas com o Facebook não era das melhores. Fomos ao mercado e adquirimos a empresa israelense Snaptu, principal desenvolvedora de aplicativos para esses aparelhos. Em menos de dois anos, construímos uma plataforma compatível com mais de 3.000 modelos de dispositivos móveis e, na semana passada, alcançamos a marca de 100 milhões de usuários com esse perfil. Dez por cento de toda a nossa base de usuários faz parte desse grupo.

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O Facebook é hoje um dos maiores repositórios de informações pessoais do planeta. É possível saber, por exemplo, o momento em que uma pessoa foi ao shopping ou publicou um comentário sobre um programa de TV. Como a empresa extrai inteligência desses dados? É fascinante. Nós temos uma série de profissionais dedicados a separar o joio do trigo, analisando problemas, tendências e identificando recursos usados com frequência por nossos usuários. Conseguimos identificar, por exemplo, que os brasileiros possuem muitos vínculos com portugueses, enquanto britânicos interagem muito com pessoas em suas ex-colônias. Esses profissionais que acompanham essas informações são geralmente engenheiros, estatísticos, analistas e programadores, mas ainda não há um perfil definido para o trabalho.

Javier Olivan, vice-presidente de crescimento global do Facebook, no escritório da empresa em São Paulo
Javier Olivan, vice-presidente de crescimento global do Facebook, no escritório da empresa em São Paulo (VEJA)

Os brasileiros aderiram rapidamente e em massa ao Facebook. Qual sua explicação para esse fenômeno? Os brasileiros adotam recursos tecnológicos de maneira veloz. É um povo social, que gosta de conversar, sair e encontrar amigos. Esse comportamento pode – e é – reproduzido no Facebook. O que mais me chama atenção, contudo, é o uso criativo da rede para combater problemas. Poucas pessoas já tinham ouvido falar de uma determinada escola pública de Santa Catarina. Hoje, mais de meio milhão de pessoas acompanham de perto a rotina dessa instituição graças a uma jovem estudante, Isadora Faber, que publicou em sua página na rede relatos sobre a situação da escola que merecem atenção.

Em 2013, sites de que analisam o tráfego de usuários no Facebook anunciaram que jovens em países como Estados Unidos e Grã-Bretanha estavam acessando menos o serviço. O Facebook também constatou isso? Essa queda não existiu. Baseados em nossos dados internos, é possível garantir que o engajamento e o número de visitas entre esse público tem sido constante nos últimos dois anos, principalmente nos Estados Unidos. O que ocorre é que, em geral, as pessoas gostam de sentir que têm algum tipo de acesso exclusivo a serviços. A expansão do Facebook pelo mundo acaba com essa ideia. Assim que Zuckerberg permitiu o acesso a estudantes de outras universidades, o pessoal de Harvard, à qual o serviço estava restrito originalmente, não gostou da ideia. Eles queriam exclusividade. Mesmo assim, continuaram acessando o site. Talvez isso esteja acontecendo com os jovens também, principalmente depois da adesão dos pais deles à rede.

No ano passado, o Facebook foi criticado por demorar a adequar-se à migração de usuários para os dispositivos móveis. Resultados financeiros divulgados recentemente mostram que a empresa fez a lição de casa e agora colhe os dividendos. Qual o próximo passo? Precisamos conectar mais e mais pessoas. Se você me perguntasse há seis anos se chegaríamos a 1 bilhão de usuários, eu diria que isso era impossível. Na semana passada, Zuckerberg afirmou que quer chegar a 5 bilhões de usuários nos próximos anos, o que ainda é um pouco complicado. Quem sabe esse não seja o próximo passo da rede? Nosso objetivo é enfrentar os desafios que virão pela frente e oferecer um serviço de valor aos usuários.

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O que os brasileiros, em particular, podem esperar da rede nos próximos meses? Estudamos a possibilidade de nos aproximar ainda mais das operadoras de telefonia celular para oferecer acesso gratuito à rede – sem uso do plano de dados, portanto. Percebemos que, no Brasil, os usuários mais engajados já utilizam dispositivos móveis, produzindo muito conteúdo, principalmente imagens.

Qual é sua interação com Zuckerberg no dia a dia? Eu tento não incomodá-lo muito (risos). Mas reporto todos os resultados do meu time diretamente a ele. É uma pessoa espetacular. Um jovem que conseguiu transformar uma ideia nascida em um dormitório universitário em um produto que reuniu, em menos de uma década, um bilhão de pessoas. É algo sem precedentes na história da internet.

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