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Governo anuncia programa de incentivo a startups

Cerca de quarenta empresas em estágio inicial serão beneficiadas. Em um ano, investimento será de cerca de 8 milhões de reais

Por Renata Honorato
29 nov 2012, 21h08

O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação anunciou nesta quinta-feira, em São Paulo, o programa Start-up Brasil, que pretende investir cerca de 8 milhões de reais em empresas em estágio inicial nos próximos 12 meses. O objetivo é adotar um modelo de estímulo à inovação.

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Uma escola chamada Vale do Silício

O programa é composto de dois editais, através dos quais serão selecionadas quatro aceleradoras – grupos técnicos que dão assistência às novas empresas nas áreas jurídicas, administrativa e de marketing, além de promover contato com investidores e pesquisadores – e quarenta startups. Ao longo de um ano, cada companhia receberá do governo um aporte de até 200.000 reais.

A mecânica é simples: as aceleradoras deverão se inscrever no edital do MCTI até o dia 31 de janeiro. A Microsoft já confirmou participação. A seleção será realizada em fevereiro e divulgada em março. Em abril, as aceleradoras abrirão um edital para a escolha das quarenta startups. O projeto começa, oficialmente, entre junho e julho de 2013.

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“Nosso objetivo é desenvolver o Brasil economicamente”, disse Vírgilio Almeida, secretário de Política de Informática do MCTI. “Vamos fomentar o empreendedorismo e ajudar o país a se transformar em um polo de inovação.”

Entre as metas da ação está a internacionalização de tecnologias locais. Para colaborar no intercâmbio de ideias e soluções entre as startups brasileiras e as companhias nascidas no Vale do Silício, polo de inovação americano, a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) manterá uma operação em São Francisco. Além de buscar investidores interessados em colocar dinheiro em companhias locais, a agência vai divulgar o programa no exterior, tendo em vista que 25% das empresas selecionadas para a aceleração poderão ser de outros países.

Para Jacob Palis Júnior, presidente da Academia Brasileira de Ciência, a promoção do programa no exterior é interessante tanto para o mercado quanto para as universidades. “Essa é uma forma de o Brasil atrair cérebros”, explica o matemático. “Trata-se de uma oportunidade de mostrar a excelência do Brasil no exterior”, completa Maurício Borges, presidente da Apex.

A ideia do MCTI é criar um programa que possa ser ampliado para outros setores, como gás e petróleo ou segurança. “Essa será uma missão difícil na política de promover a inovação, porém desafiadora”, disse o ministro Marco Antonio Raupp.

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O evento que marcou a oficialização do Start-up Brasil contou com a presença de convidados de diferentes setores. Estavam na plateia Henry Cheng, presidente da Foxcom no Brasil, fabricante dos produtos Apple, Michel Levy, presidente da Microsoft no país, representantes do Comitê de Jovens Empreendedores da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), e Caio Bonilha, presidente da Telebras.

Virgílio Almeida, secretário de Política de Informática do MCTI
Virgílio Almeida, secretário de Política de Informática do MCTI (VEJA)

“Queremos reunir a comunidade de startups”

Virgílio Almeida

Secretário de Política de Informática do MCTI

Os investidores não enxergam o fracasso como algo negativo no Vale do Silício. Como o programa Start-up Brasil vai lidar com as companhias que não conseguirem desenvolver suas empresas?

O programa vai investir 200.000 reais em cada startup, mas esse aporte não acontecerá de uma só vez. As empresas bem-sucedidas continuarão recebendo o dinheiro, mas quem não conseguir dar continuidade ao projeto terá de buscar recursos em outras fontes. O investimento acontecerá ao longo de todo o processo de aceleração, que pode variar de seis meses a um ano. Temos plena consciência de que apenas uma parte dessas empresas se dará bem. Mas o fato delas não serem bem-sucedidas não é um fracasso, porque essas companhias espalham o que aprenderam e porque esses empreendedores vão tentar desenvolver outras ideias.

No Vale do Silício, há uma conexão muito forte entre a academia e as empresas. Como funcionará esse intercâmbio de experiências no programa do Governo Federal?

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Quem vai fazer o dia a dia e ajudará nessa aproximação será a aceleradora (grupos técnicos que dão assistência às novas empresas nas áreas jurídicas, administrativa e de marketing, além de promover contato com investidores e pesquisadores), mas vamos incluir no comitê gestor representantes da academia. As associações científicas farão a divulgação do programa e essa conexão. Trabalhei na HP, em Palo Alto, e vi que nos Estados Unidos essa relação próxima da academia com a indústria ocorre muito em razão do ambiente. As pessoas se aproximam e trabalham em um problema. Esperamos que isso também ocorra por aqui. As aceleradoras próximas da Unicamp, da UFMG e do Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife, por exemplo, tendem a seguir esse mesmo modelo.

Nos Estados Unidos, onde o mercado de startups é maduro, os mentores são empreendedores experientes e, em algumas ocasiões, atuam também como investidores-anjo. No Brasil, ao contrário, não existe esse ecossistema. Como serão selecionados os mentores do programa?

Isso aparece no critério do time executivo. As aceleradoras têm que apresentar os mentores. Eles podem ser empreendedores experientes ou mesmo funcionários de grandes empresas. Por exemplo: a Petrobras poderia entrar como mentora em uma aceleradora voltada ao setor de petróleo. Nesse caso, a companhia tem um valor muito grande. Não se trata de uma startup, mas a empresa pode dar um panorama geral do mercado.

Qual a diferença do programa Start-up Brasil para outras iniciativas, como o Start-Up Chile?

Não estamos focando, exclusivamente, em negócios e startups na internet, porque esse é um setor que hoje é muito carregado de propostas no Vale do Silício. Queremos projetos que agreguem uma especialidade e um conhecimento específico de outros setores, como óleo e gás, mineração, educação. Dessa forma você aumenta o valor agregado da proposta. Queremos gente nova, mas queremos gente que tenha conhecimento.

A maior reclamação das startups é não conseguir investimento para ideias inovadoras. Segundo esses empreendedores, os investidores só se interessam por projetos “adaptados” de modelos de sucesso em vigor nos Estados Unidos. O programa, contudo, busca inovação. Como conseguir aporte nesse caso?

O empreendedor terá doze meses para, com o dinheiro do governo, mostrar um produto. Ele terá que desenvolver a sua solução beta e mostrar que isso tem valor comercial. Nesse tempo, a startup terá a ajuda dos mentores, que ajudarão as companhias a se estabelecer no mercado.

O programa também prevê a realização de eventos que proporcionam o intercâmbio de ideias, como acontece com frequência no Vale do Silício?

Teremos alguns dias de incubação. Organizaremos alguns eventos para reunir as aceleradoras e as startups. Queremos juntar essa comunidade de “startupeiros”.

https://www.mct.gov.br

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