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Fangirl, eu vou pra Califórnia…

Meca da indústria de games descobre - e recruta - mão-de-obra brasileira

Por Renata Honorato
30 jul 2010, 20h34

Eles também querem ir para a Califórnia. Mas nada de ser artista de cinema: aficionados por games – fanboys e fangirls, no jargão geek – sonham chegar à meca da indústria de jogos e fazer da paixão sua profissão. É o bem-sucedido caso do paulistano Fausto de Martini, 34 anos, hoje diretor de arte de uma das gigantes do ramo, a Blizzard. Há oito anos, Martini ocupava o tempo livre compondo personagens para Starcraft, game de estratégia em tempo real em que campeiam humanos e alienígenas. Ao divulgar seu trabalho em um fórum na internet, foi descoberto por um olheiro da Blizzard, contratado e se mudou para Irvine, na Califórnia, onde hoje convive com outros artistas de todo o mundo – e mais quatro brasileiros.

Mercado em ascensão – Os números do mercado de games impressionam. A indústria faturou, em todo mundo, mais de 60 bilhões de dólares em 2009. À maneira do cinema, firma-se como um setor importante da economia americana e, em particular, da Califórnia, que concentra 40% da atividade. Segundo relatório da Entertainment Software Association (ESA), a venda de jogos, acessórios e hardwares nos Estados Unidos ultrapassou a marca dos 20 bilhões de dólares no ano passado.

No Brasil, as estatísticas são modestas, mas não desprezíveis. Em 2008, quando a Associação Brasileira das Desenvolvedoras de Jogos Eletrônicos (Abragames) divulgou seu último relatório, o mercado nacional já movimentava 87.5 milhões de reais. À medida que amadurece, entra na mira de grandes empresas, como a Blizzard, que acaba de abrir escritório em São Paulo. Chama a atenção a mão-de-obra especializada formada pelos mais de 20 cursos superiores de jogos eletrônicos que surgiram no Brasil nos últimos seis anos – e não de toda absorvida pelas cerca de 60 empresas especializadas em games que atuam no país.

Adaptação – Com a carreira em ascensão, Martini foi recentemente escalado para divulgar no Brasil o lançamento de Starcraft II. Na nova versão do game, o tipo (classe, no jargão dos gamers) conhecido como Marine foi remodelado com base no trabalho que revelou o designer oito anos atrás. “Modelar a classe que garantiu a minha vaga na Blizzard foi uma realização pessoal muito grande”, diz o artista a VEJA.com.

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Agora é Martini quem caça talentos em fóruns da internet. Foi num deles que achou o cearense Alex Oliver, de 40 anos, também convidado para integrar a equipe da Blizzard. Como Martini, Oliver aceitou de pronto o convite. “A experiência de trabalhar na Blizzard foi incrível e incomparável. Eu me beliscava para saber se realmente estava lá dentro”, conta. Fora da Blizzard, porém, as coisas não correram tão bem: a família não se adaptou aos Estados Unidos, e após oito meses Oliver decidiu voltar. “Na vida a gente tem de saber a hora de avançar e a hora de recuar”, justifica.

Bagagem – A capixaba Raphaella Lima, de 29 anos, também se destacou no mercado de games e hoje ganha a vida na Califórnia. Está há oito anos na Electronic Arts, em Los Angeles, onde assina trilhas sonora de grandes jogos (World Cup 2010, NBA, FIFA 11, Sims, Need for Speed). “Como brasileira – e fã número 1 de futebol – o FIFA foi a razão principal para eu querer trabalhar na EA”, diz. “O jogo permite que eu lance artistas brasileiros em escala global.” Foi o que Raphaella fez, por exemplo, com banda conterrânea Zémaria, que terá seu trabalho divulgado na versão 2011 do game para mais de um bilhão de pessoas.

Para especialistas, o momento é positivo para os brasileiros. Roger Tavares, consultor e acadêmico que há anos estuda o perfil do jogador local, diz que os profissionais brasileiros têm uma “bagagem muito grande” e que muitos já se formam com emprego garantido no exterior. “Os nossos profissionais são conhecidos pela criatividade e facilidade para se adaptar a novos ambientes e situações”, diz Delmar Galisi, coordenador do curso de graduação em design de games da Universidade Anhembi Morumbi. “São apaixonados por games. A maioria são fanboys que jogaram muito na vida e querem juntar o útil ao agradável.”

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