Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Fã dos Beatles, Steve Jobs revolucionou o negócio da música

Quando tudo parecia perdido para as gravadoras, devido ao download ilegal, a Apple estabeleceu um modelo de reprodução e venda do formato MP3

Por Sérgio Miranda
5 out 2011, 20h50

Uma pequena caixinha de plástico e metal do tamanho de um maço de cigarros foi a salvação de uma empresa e também da indústria da música. Batizado de iPod e lançado em outubro de 2001 sem muita festa, o dispositivo foi uma aposta pessoal de Steve Jobs, que tinha voltado havia apenas quatro anos à companhia que fundara 25 anos antes. Se, antes do iPod, a Apple era apenas uma empresa de computadores que detinha 3% de seu mercado, atualmente ela manda no mundo musical, com mais de 10 bilhões de canções e 307 milhões de dispositivos comercializados no planeta em dez anos. Para se ter idéia do que isso representa, o Walkman, da Sony, símbolo da geração de 1980, levou 15 anos para vender 350 milhões de unidade.

O iPod foi uma idéia de Steve Jobs. Ele vislumbrou um novo modo de vida, em que fotos, vídeos e músicas estariam armazenadas no computador, o chamado “hub digital”. Percebendo que o mercado de tocadores de MP3 ainda engatinhava, sem padrão definido e com interfaces completamente inúteis, Jobs decidiu criar um dispositivo que fosse elegante e, ao mesmo tempo, fácil de usar. Desenvolvido em menos de um ano, o iPod foi anunciado com um slogan sedutor: “Mil canções em seu bolso.” Exclusivo para Macs, o aparelho levou três anos para se tornar um grande sucesso. Em 2004, chegou a ter 90% do mercado de tocadores de música. Atualmente, responde por 63%, segundo a NPD Research.

A principal razão do sucesso do iPod repousa em sua interface. Simples e intuitiva, ela facilita a tarefa do consumidor que procura uma música. Girando a Click Wheel, como é chamado seu controle principal, podia-se gerenciar canções e volume. O mecanismo foi copiado com mais ou menos pudor pela concorrência.

Sozinho, o iPod era uma grande arma, mas não venceria a batalha em nome da Apple. Para isso, seria necessário adicionar uma loja de músicas digital, onde seria possível comprar canções por menos de 1 dólar e copiá-las para o iPod para reprodução. A iTunes Store foi lançada em 2003, pouco antes de a Apple habilitar seu tocador para funcionar em parceria com o Windows, sistema operacional rival, da Microsoft. A partir desse ponto, as vendas saltaram de 900.000 unidades ao ano para 2 milhões por trimestre, no final de 2004.

O ecossistema iTunes + iPod foi responsável pela afirmação da música digital, revolução iniciada com o Napster. Para quem não se lembra, o Napster era uma rede de distribuição ilegal de músicas no formato MP3 surgida em 1999. Prejudicada pelo download desenfreado, a indústria fonográfica demorou a empreender uma tática de contra-ataque. Tentou coibir a prática de download ilegal reprimindo o usuário com o auxílio da RIAA (Recording Industry Association of America).

Continua após a publicidade

Steve Jobs percebeu ali uma brecha, uma oportunidade de revolucionar o mundo musical. Atraiu as quatro grandes gravadoras para o que seria sua loja on-line, com fonogramas sendo vendidos a menos de 1 dólar. No dia do lançamento da iTunes Store, Jobs enfatizou a importância da iniciativa. Usar o Napster era o mesmo que roubar. Já sua loja oferecia uma alternativa: a músicas em troca de um preço justo, e ínfimo, para o consumidor.

E ele estava certo. Em 2003, no dia do lançamento, as prateleiras virtuais da iTunes Store ofereciam apenas 200.000 músicas, provenientes do acervo das grandes gravadoras da época (atualmente, o iTunes Store conta com mais de 13 milhões de arquivos). Em um ano, foram feitos 100 milhões de downloads. Em 2010, um senhor de 71 anos comprou uma canção de Johnny Cash (Guess Things Happen That Way), a faixa vendida de número 10 bilhões. Steve Jobs em pessoa ligou para ele para dar a notícia.

Não é exagero dizer que Jobs foi a pessoa mais influente do mercado de música digital nos últimos dez anos. Nesse período, ele conseguiu forçar as grandes gravadoras a manter o valor pago por download de músicas: 0,99 centavos de dólar a unidade. Para os artistas, era uma boa oportunidade. Estar na iTunes Store passou a ser a única maneira de atingir as novas gerações de ouvintes, que com seus iPods ditam o sucesso ou não de uma canção. Atualmente, as opções aumentaram (Amazon MP3 Store, por exemplo), mas nenhuma ainda chegou perto do prestígio (e dos lucros) da Apple.

Em novembro de 2010, depois de vários anos de espera, o catálogo dos Beatles passou a ser vendido na iTunes Store com grande estardalhaço. Em poucas horas, três álbuns da banda inglesa já estavam entre os mais vendidos. Finalmente, Steve Jobs conseguiu realizar seu sonho. Afinal, diz a lenda, o nome escolhido por ele e Steve Wozniak para a empresa criada em 1976 pretendia homenagear o quarteto de Liverpool – que lançou seus discos pela gravadora Apple.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.