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Empresa americana lança o cão robótico mais avançado do mundo

Novidade abre caminho para uma nova — e espetacular — geração de máquinas inteligentes

Por André Lopes Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 26 jun 2020, 10h02 - Publicado em 26 jun 2020, 06h00

Os notáveis avanços da robótica e da inteligência artificial levaram muitas pessoas a imaginar quando as supermáquinas começariam a substituir seres de carne e osso em atividades que não fossem meramente industriais. Esse dia chegou — é agora. Desde 17 de junho, a empresa americana de tecnologia Boston Dynamics vende, em sua página na internet, aquele que vem sendo considerado o primeiro robô-cachorro de alta performance do mundo. Chamado Spot, ele tem um complexo sistema de câmeras e sensores que lhe permite movimentar-se em todas as direções, levantar, abaixar e rolar no chão, subir e descer escadas, superar terrenos pedregosos e escorregadios, enfrentar calor extremo e frio intenso, além, é claro, de realizar atividades corriqueiras, como acompanhar o dono em singelas caminhadas pelo parque. Spot é comandado por controle remoto e seu corpo esguio, com pernas finas e longas, lembra os cachorros da família galgo, conhecidos por participar de competições de velocidade. Mas o cão-robô não é tão rápido assim, atinge no máximo 5 quilômetros por hora. Ele não late e jamais abana o rabo — mas também não suja o tapete nem estraga chinelos.

A Boston Dynamics criou Spot com a ideia de utilizá-lo para fins corporativos, apesar da aparência canina. Os primeiros clientes estão testando o robô no monitoramento de canteiros de obras, na inspeção de instalações remotas de gás, petróleo e energia, e nos serviços de segurança pública. “Nós vendemos o Spot principalmente para grandes companhias e governos”, diz o americano Michael Perry, diretor da Boston Dynamics. “Geralmente, ele é empregado em situações perigosas ou quando há a necessidade de executar tarefas repetitivas.” Uma das explicações para a dificuldade de aplicação comercial do cão-robô deve-se ao preço. Ele é negociado por 74 500 dólares — valor equivalente a um carro de luxo —, o que afasta potenciais compradores. Isso, porém, não deve durar muito tempo. Como em outras áreas, novas tecnologias sempre são lançadas a preços exorbitantes, para mais tarde se tornar acessíveis.

ATLETA - O modelo humanoide Atlas: acrobacias em um laboratório de testes (Boston Dynamics/.)

Apesar da vocação para o trabalho, Spot tem grande potencial para uso recreativo. Na internet, viralizaram vídeos que mostram as estripulias do cão-robô, e pessoas de todas as idades certamente poderão se divertir com um companheiro desse tipo. E Spot é apenas um ponto de partida. A Boston Dynamics pretende lançar para o público ao menos mais quatro modelos de robô. Dois deles vão imitar animais, como um cavalo e um guepardo, e outros dois terão formas humanoides. Entre os androides, o mais famoso é o Atlas, também fabricado pela Boston Dynamics e que faz sucesso nas redes sociais pela forma rude como seus criadores o abordam. Nas exibições feitas pela internet, costuma receber uma saraivada de socos e chutes, enquanto dá saltos acrobáticos para superar obstáculos. Obediente, Atlas não reclama do tratamento pouco amigável — pelo menos por ora. Felizmente, cientistas acham que vai demorar para chegar o dia em que máquinas possam expressar algum tipo de sentimento.

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Ao contrário de Spot, Atlas ainda não está à venda, mas os executivos da Boston Dynamics sabem que ele pode ser bastante assustador para o gosto do público. Os robôs têm a inegável capacidade de despertar medo em muitas pessoas. Na série Black Mirror, da Netflix, um episódio da quarta temporada apresenta como pano de fundo um futuro dominado por máquinas. Nele, cachorros robotizados perseguem os humanos restantes com habilidades assassinas impressionantes. Não se trata de mera coincidência: o criador de Black Mirror, Charlie Brooker, afirmou em entrevista que a inspiração para a ideia foi o cão Spot.

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Para os humanos, os robôs representam, de fato, uma ameaça real: cada vez mais eles substituirão funcionários nas atividades laborais, o que certamente levará a uma série de debates sobre a ética de fabricar máquinas para exercer tarefas profissionais, enquanto o mercado de trabalho vê sumirem milhões de empregos. Por mais que o tema possa causar incômodo, será impossível deter o progresso. O futuro será assim, e caberá aos humanos criar formas de tornar a convivência entre máquinas e homens mais aceitável. Também é preciso dizer que, embora Spot seja inteligente e divertido, jamais será capaz de tomar o lugar de um cachorro de verdade. Ele pode até correr no parque e ser eficiente em muitos outros afazeres, mas não é dotado de um coração pulsante que, aconteça o que for, manterá o seu amor incondicional pelo dono.

Publicado em VEJA de 1 de julho de 2020, edição nº 2693

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