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“É preciso diferenciar hacker de cibercriminoso”

Chema Alonso, espanhol especialista em segurança na internet, explica essa distinção e dá dicas de como deixar o computador seguro.

Por Marina Morelli
25 Maio 2015, 14h50

Chema Alonso não aparenta ter a experiência que tem. De cabelos compridos, sempre de touca, jeitão hippie e piadista, em muito se assemelha a um hacker adolescente. Bem, hacker ele é. Mas, aos 40 anos (sim, ele tem 40), formado em engenharia da computação e doutor em segurança da informação, o espanhol de Madrid possui 16 anos de atuação na área, primeiro como autônomo e, depois, em empresas. Atualmente, é contratado da Telefónica, empresa espanhola de telecomunicações, uma das maiores do mundo na área de telefonia. Diferente de muitos de seus colegas, Alonso tem como meta usar seu conhecimento não para tirar vantagem de quem não entende das malandragens do mundo virtual, mas para defender estes dos cibercriminosos. Mesmo assim, conta que muitas vezes acaba por ser confundido com um dos vilões.

Em 1999, Alonso fundou a Informática 64, então uma startup especializada em hacking, onde desenvolveu softwares de segurança, como o Metashield, que impede o vazamento de informações, e o Foca, que busca documentos escondidos ou perdidos na rede. Cinco anos depois, ele figurou na lista de “Profissionais Mais Valiosos” da Microsoft, prêmio para aqueles tidos como excepcionais na área. Em 2013, a Telefónica comprou a Informática 64 e, em conjunto com Alonso, criou uma empresa maior e com o mesmo foco em segurança digital, a ElevenPaths.

Pela primeira vez em São Paulo, o “Evil One” – apelido recebido quando trabalhou na Microsoft – falou com VEJA.

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O que significa ser um hacker? As pessoas se confundem com o termo. Para mim, ser hacker é tornar a internet segura. Ser hacker é amar a computação, amar segurança, amar pesquisar sobre o assunto. Nós geramos segurança descobrindo a insegurança. Não somos essas pessoas que roubam contas e invadem softwares. Esses são delinquentes, cibercriminosos.

Então há dois tipos de hackers? Muitos definem assim. Mas para mim só há um tipo. O hacker busca aumentar a segurança de todos os usuários da internet, enquanto os cibercriminosos estão, vamos dizer, do “lado negro da força” (referência aos vilões da série Star Wars). São eles que roubam senhas, invadem sistemas para furtar dados. É preciso entender a diferença. Eles são criminosos. Já nós, os verdadeiros hackers, somos taxados como criminosos, mas fazemos é o bem.

Para se tornar um hacker “do bem” é preciso fazer parte do lado negro antes? Não. As pessoas acham que o hacker é igual a um personagem de filme, mas, na verdade, a maioria estudou para isso, foram bons alunos e tem doutorado. Todos os tophackers, como eu, vêm de universidades e, normalmente, nunca foram cibercriminosos.

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É simples para um hacker roubar contas de redes sociais, como o Facebook e o Twitter? Essas plataformas têm ótimas pessoas trabalhando para garantir a segurança, mas sempre há brechas. É impossível ter um sistema 100% seguro. As pessoas que invadem contas de Twitter e Facebook usam técnicas simples. Aliás, vale uma dica. É fácil uma das melhores ações que se pode tomar para proteger uma conta. Ative o método que envia uma senha temporária para o smartphone sempre que se quer acessar o e-mail, o Facebook, o que for. É mais difícil invadir uma conta protegida assim.

Qual é o maior crime virtual que já ocorreu? O que mais me impactou foi o cometido pelo americano Edward Snowden. As técnicas para armazenar os arquivos e o modo como foi feito me deixaram impressionado. Eu fiquei com medo do tipo de coisas que a NSA (a agência de espionagem americana para a qual Snowden trabalhava) estava fazendo, e também impactado com as técnicas usadas no vazamento.

Como podemos nos proteger de cibercrimonosos? A dica essencial para o dia a dia é não entrar em links estranhos recebidos em e-mails e mídias sociais. E mais: tenha sempre um antivírus no computador, com o software atualizado, e busque entender ao menos o mínimo dos perigos de cada tecnologia que irá utilizar (a exemplo do Facebook), antes de mergulhar nela.

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