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Comprar roupas na web? Muitas mulheres já compram

A venda on-line de vestuário e acessórios cresce rapidamente na internet brasileira e alimenta a aparição de serviços especializados e investimentos

Por Renata Honorato
29 abr 2012, 10h02

Nunca se compraram tantas roupas… pela internet. E os mais ávidos consumidores virtuais são as mulheres. No prazo de dois anos, a categoria moda e acessórios deu um salto no e-commerce brasileiro. Em 2009, o segmento sequer aparecia entre os vinte mais robustos do mercado nacional. O aquecimento do setor o elevou à quinta posição no fim do ano passado, deixando para trás itens tradicionais na comercialização virtual, como livros e assinaturas de jornais e revistas. As lojas on-line confirmam a presença majoritariamente feminina: na varejista OQVestir e na The Boutique, elas representam ao menos 70% dos consumidores, ratificando dados de pesquisa da rede social de moda Fahsion.me, que apontou 90%.

Confira:

Os destaques das lojas virtuais de roupas

Tanta movimentação vem chamando a atenção dos investidores estrangeiros, que derramam dinheiro em novos e em novíssimos negócios. O cenário favorável contribui para o surgimento de lojas on-line multimarcas. A The Boutique, dos sócios José Rezek, Ângelo Grizzo e da ex-Daslu Mariana Penteado, recebeu um aporte de 10 milhões de reais. A estimativa de faturamento para 2012 é de 11 milhões de reais. O site OQVestir, por sua vez, concebido pelas amigas Rosana Sperandéo, Mariana Medeiros e Isabel Humberg, testemunhou um crescimento de 700% em seu faturamento em apenas um ano. O impulso: alguns milhões de dólares vindos do grupo Tiger, um importante fundo de investimento estrangeiro conhecido pela injeção de capital em companhias como Zynga e Netshoes.

“Comprar roupas pela internet é uma filosofia para mim. Não gosto de badalar em shopping center e, comprando pela web, posso escolher peças confortavelmente na minha casa, na companhia das minhas filhas e do meu marido.”

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Flávia Alessandra, atriz, cliente do Urban Outfitters, Net-a-Porter e OQVestir

Ricardo Arantes, diretor de investimentos da Intel Capital para a América Latina, já começou a apostar suas fichas na área promissora. “Percebemos a evolução de determinadas tendências e então focamos nossos esforços nos mercados emergentes”, diz. Essa é a principal razão pela qual no começo do ano a Intel anunciou aportes financeiros em duas empresas de moda na internet. “O Brasil é um país continental e o alcance das grifes ainda é restrito aos grandes centros urbanos. O comércio eletrônico oferece chances para que as pessoas possam ter o mesmo acesso aos produtos, a despeito de sua localização geográfica.”

O perfil do consumidor brasileiro também colabora para atrair investidores – e multinacionais. Aqui, o público se identifica com uma marca e é fiel ao canal de vendas. De acordo com uma pequisa do Instituto de Estudos e Marketing Industrial, 96,4% dos consumidores que usam a rede para adquirir roupas dizem estar satisfeitos com as compras. Percentual quase igual diz que recomendaria o site para um amigo. Por causa dessas estatísticas, a Farfetch, que já opera nos Estados Unidos e Europa, desembarcou no Brasil em 2010 com um catálogo de mais de 40 grifes locais e internacionais. “A Asos e a Net-a-Porter, grandes varejistas desse segmento, escolheram a Ásia para expandir suas operações. Nós ficamos com o Brasil”, diz Daniel Funis, diretor-geral da companhia na América Latina. “O brasileiro viaja bastante e é mais sofisticado. A região já representa nosso terceiro maior mercado, atrás de Grã-Bretanha e Estados Unidos.”

De acordo com a analista Zia Daniell Wigder, da consultoria americana Forrester Research, muitas das empresas e investidores dos Estados Unidos e Europa compartilham a visão de que o comércio eletrônico brasileiro caminha rapidamente para o amadurecimento. “No primeiro degrau do e-commerce são vendidos gadgets e eletrônicos. No segundo, entram produtos alimentícios e a moda, que demandam uma nova experiência de consumo: o cliente precisa provar e experimentar os itens antes da compra. O Brasil está começando a chegar lá”, diz a analista.

Vender roupas na web, de fato, impõe desafios. A apresentação virtual dos itens demanda cuidados especiais, e o sistema de trocas exige especial atenção do varejista. Não gostou da calça legging com recorte de couro que fica linda na atriz da novela das oito? A loja não só troca a peça, como busca o produto na casa do cliente. E de graça. Segundo Flavio Pripas, dono do Fashion.me, essa é uma tendência cada vez mais comum no mercado de e-commerce. “A Zappos criou essa mecânica em 2006, nos Estados Unidos, e ela ganhou popularidade em todo mundo. A troca é muito importante para reduzir as resistências do consumidor a essa modalidade de compra”, diz.

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Arquivo pessoal
Arquivo pessoal (VEJA)

“Compro na internet pela facilidade de encontrar tudo em um único lugar. Além disso, as lojas virtuais já oferecem muitos recursos visuais para detalhar as peças e também consultoria, o que me ajuda no dia a dia. Uma vez precisei trocar uma peça e o processo foi bastante simples.”

Thays Araújo da Silva, designer educacional, cliente da The Boutique

Mariana Medeiros, CEO da OQVestir, entende perfeitamente essas particularidades. “A proposta do e-commerce de moda vai muito além do comércio eletrônico. Ele funciona como um prestador de serviços que vende, dá dicas e sugere diferentes looks às consumidoras”, afirma. A executiva se refere à curadoria, uma das características do segmento. Um grupo de especialistas estuda as tendências, monta combinações e oferece “o pacote” completo às potenciais clientes. “Dos cem funcionários da loja, ao menos 15 são consultores de moda”, diz a CEO.

O desafio da apresentação das peças de vestuário é diferenciar a exibição desses produtos da tradicional apresentação na tela de eletrodomésticos e livros, segmentos mais tradicionais do e-commerce. Afinal, os consumidores estão acostumados a ver, tocar e experimentar os itens de seu interesse. Segundo Bárbara Cristina, diretora-geral da The Boutique, as roupas colocadas à venda no site são fotografadas em estúdio. “Uma equipe de conteúdo identifica e detalha os tecidos, mede as peças e prepara a iluminação do local”, diz. Mariana Penteado, que saiu da Daslu, é quem lidera esse departamento: ela é especialista em moda e ajuda na escolha dos itens exibidos nas vitrines virtuais.

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As plataformas desenvolvidas para a venda de roupas na web são peculiares e possuem ferramentas próprias do segmento, explica Natan Sztamfater, fundador da CookieWEB, empresa especializada em marketing digital. “As grifes dos produtos precisam ser bem expostas. Também é importante que a foto da peça esteja em alta resolução, que o site utilize o sistema de zoom e de diferentes perspectivas e que a mecânica de navegação seja funcional”, diz.

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