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Chuvas em SP: ‘aquecimento local’ é uma das causas

Por Nathália Goulart
5 fev 2010, 10h45

Pode ser tentador relacionar as intensas chuvas que castigam a Grande São Paulo nos últimos 40 dias e o já famoso fenômeno do aquecimento global. Mas deve-se resistir à tentação. Segundo especialistas em clima, no caso paulista, seria mais correto se falar em “aquecimento local” para entender por que a região enfrenta tanta água neste verão.

De acordo com os estudiosos, não existem evidências científicas de que o gradativo aumento da temperatura global influencie o volume de chuvas da metrópole. “O que vemos atualmente na capital é consequência de alterações locais”, afirma o professor Augusto José Pereira Filho, do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (USP).

A urbanização da cidade – que se intensificou a partir da II Guerra Mundial, com a expansão de parques industriais, asfaltamento de vias e construção de edifícios – provocou alterações nas características climáticas da região. Em especial nos últimos 30 anos, tem sido registrada uma tendência de chuvas fora do normal no estado – e sobretudo na capital. “Verificamos a formação e o crescimento de uma ilha de calor sobre essa região”, explica José Fernando Pesqueiro, pesquisador do Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos (Cptec) do Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe).

Essa ilha de calor alia-se ainda a outro fator bastante conhecido, o El Niño, fenômeno climático de impacto global provocado pela elevação anormal da temperatura das águas do oceano Pacífico. Essa dupla forma um coquetel climaticamente perigoso, que desagua nas fortes chuvas das últimas semanas. “Se a superfície cimentada da cidade não permite a absorção do calor, ele fica retido, propiciando as chuvas”, explica Pereira Filho.

Paulo Etchichury, do instituto meteorológico Southern Marine Weather Services (Somar), também afasta a relação direta entre aquecimento global e temporais em São Paulo. Mas defende que o fenômeno planetário pode de fato funcionar como potencializador de sistemas naturais que causam as chuvas: uma vez que aumenta a temperatura, cresce também o calor retido na atmosfera. “Mas precisamos lembrar que o aquecimento global ainda é uma tese. Daí, ser apontado como potencializador, e não como causa das chuvas”, diz Etchichury.

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No futuro, contudo, a situação pode mudar. Um modelo climático estudado pelo Inpe aponta que, no longo prazo, o aumento nos níveis de temperatura da Terra deverão provocar um impacto no volume de chuvas no Brasil. Isso significa que a situação da capital paulista pode piorar, se não forem tomadas as devidas providências.

De acordo com o estudo, feito em parceria com órgãos nacionais e estrangeiros, entre os anos de 2050 e 2100 a temperatura na região metropolitana de São Paulo poderá sofrer um aumento de 2ºC a 3ºC. Esse aquecimento poderá produzir, por ano, mais 16 dias com chuvas de até 10 milímetros.

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