Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

China intensifica censura na internet após escândalo político

Desde março, governo tirou do ar dezenas de sites e apagou milhares de mensagens de usuários para restringir circulação de informações

Por Da Redação
12 abr 2012, 12h17

A China fechou 42 sites desde meados de março e apagou mais de 210.000 mensagens de usuários de internet para tentar acabar com a onda de boatos na rede, anunciou a agência oficial Xinhua (Nova China), em meio ao escândalo político sobre o ex-dirigente Bo Xilai por lutas internas do regime. As autoridades intensificaram a censura na rede desde a destituição em março de Bo, ex-líder do Partido Comunista da China (PCC) em Chongqing (sudoeste), uma megalópole de 33 milhões de habitantes, o que desencadeou uma onda de rumores na internet sobre lutas na cúpula do poder e até um possível golpe de estado. A agência oficial não revelou, em um breve comunicado, os sites fechados nem as mensagens suprimidas.

Leia mais:

China destitui Bo Xilai, chefe do PC em Chongqing

Nesta quinta-feira, dois dias depois do anúncio da suspensão das atribuições de Bo Xilai no gabinete político do Partido Comunista da China e da prisão de sua mulher por suposto envolvimento no assassinato de um empresário britânico, o regime bloqueou as palavras mais procuradas na rede: “investigação”, “luta política” e os nomes dos protagonistas do escândalo. O governo instalou um grande sistema de censura na internet com “policiais da rede” que impedem a publicação de informações sensíveis.

Continua após a publicidade

Mas a popularidade das redes sociais de mensagens instantâneas – mais de 300 milhões de contas abertas no país – abrem um novo desafio: as notícias são rapidamente censuradas. No início do mês, as autoridades chinesas anunciaram o fechamento de 16 sites e a detenção de seis pessoas, acusadas de divulgar boatos. Também determinaram o veto por três dias a comentários públicos nos dois maiores microblogs do país, Sina e Tencent. Páginas internacionais, como Facebook, Twitter ou Youtube, já eram censuradas.

O departamento responsável pela rede anunciou que mais de 1.000 pessoas foram detidas desde fevereiro por crimes na internet e mais de 3.000 sites foram advertidos. Os analistas interpretaram o fechamento recente de sites e as restrições impostas aos microblogs como um sinal do nervosismo crescente do regime, antes do Congresso do PCC no outono (primavera no Brasil), que prepara uma transição política condicionada, pela primeira vez, na era das redes sociais.

Bo Xilai era uma das figuras mais conhecidas da ala conservadora do PCC. Até cair em desgraça, era considerado um nome forte para, durante o XVIII Congresso, passar a integrar a comissão permanente do Politburo, verdadeiro organismo de decisão, como nove membros, do gigante asiático. Mas o dirigente, de 62 anos, perdeu no mês passado o cargo de chefe do PCC em Chongqing e na terça-feira foi suspenso do gabinete político do PCC (que tem 25 membros).

Continua após a publicidade

Sua esposa, Gu Kailai, foi detida como parte da investigação do assassinato do empresário britânico Neil Heywood, em novembro do ano passado em Chongqing. Este é um dos ajustes de contas de maiores proporções dentro do regime desde a repressão do movimento democrático da Praça da Paz Celestial (Tiananmen), de Pequim, em junho de 1989.

A queda de Bo Xilai aconteceu depois que, em fevereiro, seu ex-chefe de polícia Wang Lijun, conhecido pelos rígidos métodos em uma operação anticorrupção, se refugiou por algumas horas em um consulado dos Estados Unidos, supostamente para pedir asilo. Bo Xilai pertence a um poderoso clã da nomenclatura chinesa: é filho de Bo Yibo, um dos primeiros companheiros de armas de Mao Tse-tung que foi preso durante a Revolução Cultural (1966-76), mas que depois da morte do “Grande Timoneiro” foi reabilitado e se tornou um dos homens mais influentes da China.

De acordo com analistas, Bo Xilai ganhou a inimizade da ala liberal do PCC por ter iniciado uma grande campanha contra a corrupção. Também fez inimigos ao estimular uma moda “retro-revolucionária”, que incluiu o envio de funcionários públicos para trabalhar no campo (como no período de Mao), a imposição de cânticos revolucionários nas empresas estatais e a difusão de programas televisivos patrióticos.

Continua após a publicidade

(Com AFP)

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.