Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

A terceira idade invade a internet

Brasileiros a partir de 50 anos de idade tiveram maior crescimento no acesso à web desde 2005, com aumento que chega a 222,3%, aponta estudo do IBGE

Por Pollyane Lima e Silva
16 Maio 2013, 10h01

O brasileiro está acessando mais a internet. Entre 2005 e 2011, o contingente de pessoas conectadas aumentou 143,8% – enquanto o crescimento dessa população (a partir dos 10 anos de idade) ficou em torno de 9,7%. Os dados constam da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), divulgada nesta quinta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). “Esse avanço está diretamente ligado à maior qualidade de emprego da população, que ao longo desses seis anos conquistou um rendimento mais alto, de forma geral, em razão de uma melhora do cenário econômico de todo o país”, explica Cimar Azeredo, coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE.

Leia também:

Leia também: Mulheres ultrapassam os homens na compra de celulares

Idosos na web
Idosos na web (VEJA)

Em 2011, 77,7 milhões de pessoas tinham acesso à web, o equivalente a 46,5% da população pesquisada, com 10 anos de idade ou mais. Eram 45,8 milhões de pessoas a mais do que o observado no levantamento de 2005, quando 20,9% da população estavam conectados. Os jovens continuam concentrando o maior número de acessos, principalmente na faixa etária de 15 a 17 anos (74,1%) e de 18 ou 19 anos (71,8%). Houve crescimento em todos os grupos de idade, em geral acima dos 100%, mas a variação foi muito mais representativa no grupo dos 50 anos de idade ou mais: 222,3% no período de seis anos – um incremento de aproximadamente 5,6 milhões de pessoas.

É uma multidão que invade a web com um objetivo principal: aumentar suas relações sociais, segundo um estudo da Universidade de Brasília de 2009. Seja por meio de redes sociais, salas de bate-papo ou blogs com espaço para comentários, o que eles querem é interagir e reduzir a sensação de solidão. Foi esse o motivo que levou a decoradora Nilcen Helena Pertinhez Troncoso, 71 anos, a se conectar pela primeira vez, há cerca de sete anos. Quando viu a filha aceitar um convite para trabalhar na Espanha, percebeu que não poderia depender apenas das ligações para o telefone fixo, que sairiam caras demais. Era fundamental aprender a usar a internet.

Continua após a publicidade
Nilcen Helena Pertinhez Troncoso, 71 anos. Usa internet no laptop e no celular
Nilcen Helena Pertinhez Troncoso, 71 anos. Usa internet no laptop e no celular (VEJA)

“Eu já sabia um pouco, mas precisava aprimorar. Foi minha filha mesmo quem me ensinou, e colocou as principais orientações em um caderno, para que eu consultasse se fosse preciso. Encarei como se fosse um estudo”, lembra. Além de falar com a filha todos os dias pelo Skype, viu que poderia manter contato também com outros parentes que moram no exterior, além de fazer novos amigos. Hoje, não sabe mais o que é ficar desconectada. Tem cerca de 200 amigos no Facebook, é usuária assídua do Whatsapp e consulta seu e-mail a todo momento. “Em casa, prefiro usar o laptop, mas, na rua, meu telefone está sempre comigo. Preciso ter sempre algo por perto para me comunicar”, ressalta.

Para a psicóloga Valéria Lasca, Nilcen se enquadra bem no perfil do brasileiro que chega à terceira idade mais ativo e preocupado com a qualidade de vida. Manter-se conectado também é uma questão de saúde, uma vez que estimula a memória e a cognição, enfatiza. “Muitos também aderem à internet para se aproximar das gerações mais novas, de filhos e netos, e conseguir participar das conversas deles”, diz. Mestre em Gerontologia pela Unicamp e coordenadora do Núcleo de Cursos para Terceira Idade da Faap, Valéria também faz uma ressalva importante: a alta taxa de expectativa de vida, aliada à baixa fecundidade das famílias, permite estimar um crescimento ainda maior desse número no futuro.

Economia – Moradora de São Bernardo do Campo, no ABC paulista, Nilcen engrossa outro dado da Pnad: a Região Sudeste é a que concentra o maior porcentual de internautas entre as pessoas de 10 anos ou mais de idade, 54,2%. Apenas no Norte e Nordeste o índice fica abaixo dos 50%. Analisando, porém, a série histórica, estas foram as regiões que mais cresceram de 2005 para 2011, período em que a proporção de moradores com acesso à internet mais que triplicou – enquanto dobrou nas demais regiões. “Antes, a internet ficava muito presa ao posto de trabalho. Com a economia aquecida, ela migrou para as casas”, avalia Cimar Azeredo, complementando que, em 2005, dos domicílios que tinham computador, 73,5% acessavam a internet. Em 2011, esse índice foi de 78,7%.

O poder aquisitivo também explica o fato de 60,1% das pessoas que afirmaram ter acesso à web em 2011 estarem empregadas à época. Houve um pequeno avanço entre os não ocupados, mas eles ainda representam apenas 39,9% do total. No ano da pesquisa, cerca de metade dos 93,5 milhões de trabalhadores do país utilizou a internet. Em 2005, esse porcentual era de 22,8%. Na análise por sexo, observou-se as mulheres representam a maioria dos usuários na faixa até os 39 anos. Dos 40 aos 49 anos, o porcentual se iguala e, a partir dos 50 anos, os homens predominam. “Isso reflete um atraso na escolarização e na inserção das mulheres mais velhas no mercado de trabalho”, observa a pesquisa.

Continua após a publicidade

Educação – A escolaridade também foi considerada pela Pnad 2011, que destaca que a proporção de usuários de internet fica maior à medida que aumentam também os anos de estudo. O grupo dos sem instrução e com menos de quatro anos de estudo representam 11,8% das pessoas conectadas, enquanto entre aqueles com 15 anos ou mais de estudo, 90,2% acessam a internet. Entre os estudantes da rede pública, o crescimento foi significativo. Em 2005, 24,1% deles eram conectados, em 2011, já eram 65,8%. Na rede particular, o índice que já era alto, atingiu quase a universalidade: de 82,4% para 96,2%.

Leia também:

Brasil ocupa 5º lugar em ranking global de acesso à web

Vinte anos depois, laboratório tenta recriar 1º site da história

O futuro da web, segundo o criador do Mashable

Continua após a publicidade

Venda de computadores pessoais tem maior queda desde 1994

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.