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Vila Nova Star, de SP, já está na disputa entre grandes centros de saúde

Com menos de dois anos de existência, o hospital conquistou em tempo recorde espaço inédito entre os profissionais de medicina

Por Adriana Dias Lopes Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 9 abr 2021, 20h17 - Publicado em 9 abr 2021, 06h00

Uma provocação grassava em Brasília no fim do século passado: o melhor hospital da cidade era a ponte aérea para São Paulo. A zombaria foi lançada em abril de 1985 com a transferência de Tancredo Neves, em estado grave causado por uma infecção, do Hospital de Base para o Instituto do Coração. Desde então, procurar leitos na capital paulista virou norma para quem pode pagar por uma medicina de ponta. Nos últimos anos, a disputa mais acirrada por pacientes ilustres foi travada entre os hospitais Albert Einstein e o Sírio-Libanês. Há, agora, um novo personagem, uma celebrada terceira via: o Vila Nova Star, da Rede D’Or, inaugurado em 2019, pouco antes da pandemia.

Com noventa leitos — cerca de 80% menos em relação aos dos concorrentes —, o novo endereço conquistou em tempo recorde espaço inédito entre os profissionais de medicina. A potência financeira por trás foi decisiva — a Rede D’Or, comandada pelo milionário e também médico Jorge Moll, reúne 52 hospitais espalhados por nove estados brasileiros. O Vila Nova, a joia da coroa, recebeu um aporte inicial em torno de 350 milhões de reais. Deu-se o salto decisivo com a contratação de médicos reputados no mercado. Nomes fortes escolheram trocar décadas de trabalho nos hospitais já consagrados para começar do zero. Entre eles, o oncologista Paulo Hoff (onze anos de Sírio-Libanês), a cardiologista e intensivista Ludhmila Hajjar (dez anos na instituição) e o cirurgião Antônio Luiz Macedo (41 anos de Einstein). Especula-se que, além de salários, alguns recebam luvas. Mas há algo que lhes interessou, para além do dinheiro, naturalmente: a chance de trabalhar em um centro de excelência desde o minuto inaugural. Diz Antônio Macedo: “O Einstein é um hospital maravilhoso, mas foi interessante e desafiador começar em um lugar em formação”.

HALL DA FAMA - Anitta: a cantora integra a lista de pacientes ilustres -
HALL DA FAMA - Anitta: a cantora integra a lista de pacientes ilustres – (Reprodução/Instagram)

A troca mais alardeada foi, sem dúvida, a de Paulo Hoff, o primeiro grande nome da linha de frente a ser levado por Moll, ainda quando o prédio estava na planta. Na época chegou-se a falar nos bastidores que ele passaria a ter salário próximo de 1 milhão de reais, o que o tornaria o médico mais bem pago do Brasil — a cifra nunca foi confirmada por ele. Hoff, que coor­de­na uma equipe de 300 oncologistas, palpitou da estrutura à montagem de equipamentos do prédio de 21 andares. Decidiu ampliar as salas cirúrgicas (que medem espantosos 70 metros quadrados), tornou os quartos mais confortáveis, com televisões de 65 polegadas e a disponibilidade de tablets, por meio dos quais o paciente controla a temperatura e a iluminação do ambiente, faz chamadas por vídeo para a enfermaria e tem informações sobre os próximos exames a ser feitos. Recentemente, ele pediu a compra de um dos aparelhos mais sofisticados e caros de radioterapia, o único no Brasil. O Cyberknife (5 milhões de dólares) é sensível aos movimentos do corpo provocados pela respiração do paciente, o que o torna extremamente preciso para atingir o tumor, sem afetar órgãos sadios ao redor da célula cancerígena. A exatidão encurta o tempo de tratamento de diversos tipos de câncer para até cinco dias — o convencional leva em torno de um mês.

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De cada dez pacientes do Vila Nova, cerca de três são de outros estados. Mas, diferentemente dos tempos de Tancredo Neves, pouquíssimos de Brasília. O grupo D’Or inaugurou uma unidade na capital federal, o DF Star. Há ainda uma terceira unidade com padrão semelhante no Rio de Janeiro, com movimento interessante: os médicos de São Paulo é que vão para lá quando é preciso. “O paciente quer uma boa infraestrutura, mas ele escolhe o hospital pelo médico”, diz Ludhmila Hajjar, referência no país no tratamento de Covid-19 e que recusou convite de Jair Bolsonaro para ser ministra da Saúde. Ludhmila está entre as que mais atraem pacientes de outras instituições. Entre eles, as cantoras Anitta e Iza, o ministro do Supremo Tribunal Federal José Antonio Dias Toffoli, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, o ministro do Superior Tribunal de Justiça Paulo Dias de Moura Ribeiro e o ex-­ministro da Saúde Eduardo Pazuello. “Estamos muito bem, mas ninguém tem a ilusão de ser a única referência em saúde”, diz Hoff. “Os hospitais todos são fundamentais.” A briga é saudável. Tome-­se como exemplo a evolução científica que brota do confronto de três grandes centros americanos de medicina: a Clínica Mayo (cuja sede fica em Rochester, no Minnesota), a Johns Hopkins (em Baltimore) e a Brigham Women (Boston). O Brasil só tem a ganhar com a boa rivalidade científica. Em tempo: o setor do Vila Nova destinado a Covid-19, com 22 leitos, tem 100% de ocupação.

Publicado em VEJA de 14 de abril de 2021, edição nº 2733

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