Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Velocidade da epidemia de coronavírus no Brasil diminui, mostra estudo

Pesquisa da Universidade Federal de Pelotas mostra que 3,8% da população brasileira possui anticorpos contra o vírus

Por Giulia Vidale Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 2 jul 2020, 20h53 - Publicado em 2 jul 2020, 20h20

Estudo coordenado pelo Centro de Pesquisas Epidemiológicas da Universidade Federal de Pelotas (Ufpel) aponta que 3,8% da população brasileira possui anticorpos contra o coronavírus. Ou seja, apenas 3,8% das pessoas foram infectadas e apresentam algum grau de imunidade contra o vírus.

Embora baixo, esse número representa um aumento de 23% em apenas duas semanas na proporção da população com anticorpos para o novo coronavírus nos principais centros urbanos brasileiros. Na fase 2 da pesquisa, realizada entre 04 e 07 de junho, o percentual era de 3,1% e na fase anterior (de 14 a 21 de maio) era de apenas 1,9%. O dado é resultado da segunda fase da pesquisa “Evolução da Prevalência de Infecção por Covid-19 no Brasil: Estudo de Base Populacional (Epicovid19-BR)”, financiada pelo Ministério da Saúde.

A boa notícia é que o aumento entre as fases 2 e 3 é 56% menor do que o registrado entre as fases 1 e 2 do estudo, quando houve um aumento de 53% no número de pessoas com anticorpos, o que indica uma redução da velocidade da epidemia no país, segundo o epidemiologista Pedro Hallal, coordenador do estudo e reitor da Ufpel. De acordo com os pesquisadores, trata-se do estudo epidemiológico com maior número de indivíduos testados do mundo para o coronavírus, com uma amostra total de 89.397 pessoas, de 133 cidades, espalhadas por todos os estados do Brasil.

Desigualdade

As diferenças por regiões foram marcantes. Na primeira fase, de 14 a 21 de maio, nenhuma região do Brasil, exceto o Norte, apresentava percentual da população com anticorpos superior a 1%. Nas fases subsequentes, o Norte manteve os percentuais mais elevados, mas chamou atenção o crescimento acelerado no Nordeste, e tendências de crescimento também no Sudeste, Centro-Oeste e Sul.

Por outro lado, na Região Norte, não houve diferenças entre os resultados da segunda e da terceira fases da pesquisa, indicando uma possível desaceleração da pandemia naquela região. Os dados corroboram as últimas análises da evolução da epidemia no país publicadas pelo Ministério d Saúde, que alertam para a interiorização do vírus.

Continua após a publicidade

Em relação ao nível socioeconômico, nas três fases da pesquisa houve uma tendência linear de maior proporção da população com anticorpos conforme diminui o nível socioeconômico. Além disso, a diferença entre os 20% mais pobres e os 20% mais ricos aumentou de 1,1 ponto percentual na primeira fase, para 2,0 pontos percentuais na segunda fase e 2,3 pontos percentuais na terceira fase.

Maioria apresenta sintomas

Somadas as três fases da pesquisa, foram identificadas 2.064 pessoas com anticorpos. Dessas, apenas 9% não relataram qualquer sintoma, sendo classificadas como assintomáticas. “Não queremos dizer que 91% das pessoas com Covid vão precisar de atendimento hospitalar, mas que os sintomas aparecem, e isso é uma boa notícia para detectar esses pacientes e impedir o avanço da doença”, disse Hallal, em entrevista coletiva realizada pelo Ministério da Saúde nesta quinta-feira, 2.

Entre as pessoas que relataram sintomas, os cinco mais frequentes foram febre, tosse, alteração de olfato e paladar, dor no corpo e dor de cabeça. A alteração de paladar foi o sintoma mais comum, relatado por 62,9% dos entrevistados e o achado foi considerado uma surpresa pelos pesquisadores.

Os resultados desmistificam a crença de que a maioria dos casos assintomáticos. Segundo a pesquisa, existem mais pacientes com sintomas leves do que assintomáticos.

Não foram identificadas diferenças entre sexo ou idade. Na pesquisa, o percentual da população com anticorpos não diferiu entre homens e mulheres. Da mesma forma, não foi observada uma tendência nítida por idade, o que, segundo os pesquisadores, confirma que o risco de infecção não depende da idade. Por outro lado, vale ressaltar que o risco de ter uma forma grave da doença está fortemente associado à faixa etária. Crianças podem se contaminar tanto quanto os adultos, mas tendem a desenvolver quadros leves, como mostraram outro estudos.

Continua após a publicidade

O Epicovid19-BR também avaliou a adesão da população as recomendações de distanciamento social. O percentual das pessoas que relatou sair de casa diariamente aumentou de 20,2% na fase 1 para 23,2% na fase 2  e para 26,2% na fase 3. No outro extremo, o percentual de pessoas que relatou ficar em cada todo o tempo diminuiu de 23,1% na fase 1 para 20,5% na fase 2 e para 18,9% na fase 3.

Subnotificação

De acordo com o estudo, a diferença entre o número de casos notificados e o número de pessoas com anticorpos estimado pela pesquisa foi de 7 vezes na fase 1 e 6 vezes nas fases 2 e 3.

O estudo estimou ainda a taxa de letalidade da Covid-19 no país. De acordo com dados do Ministério da Saúde, nesta quinta-feira, 2, a taxa de letalidade da doença é de 4,1%. Já segundo o Epicovid19-BR, a taxa é bem menor: 1,15% – podendo variar de 1,05% a 1,25% pela margem de erro. O cálculo foi feito pela divisão do número de óbitos por Covid-19 obtidos de estatísticas oficiais no dia 20 de maio, nas 133 cidades incluídas na pesquisa pelo número de infectados, calculado pela proporção de pessoas com resultado positivo no teste nas cidades, multiplicado pela soma da população das 133 cidades.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.