Vacina russa: pedido para testes com brasileiros será feito em janeiro
Negociação com farmacêutica brasileira prevê também a transferência de tecnologia
A farmacêutica União Química afirmou à reportagem de VEJA nesta terça-feira, 22, que deve entrar na primeira quinzena de janeiro com um pedido junto à Agência Nacional de Vigilância Sanitária para realizar testes de fase 3 da vacina Sputnik V, desenvolvida pelo Instituto Gamaleya, na Rússia.
De acordo com as informações da empresa, tão logo os resultados preliminares da fase 3 no país sejam conhecidos será protocolado um pedido de registro — ou seja, a autorização permanente do medicamento. Os testes no Brasil, é importante lembrar, também serão fundamentais caso a farmacêutica tenha interesse em realizar um pedido de uso emergencial no país.
A parceria entre o grupo União Química e o Fundo de Investimento Direto da Rússia também prevê a transferência de tecnologia (o segredo de fabricação) para a produção da vacina. A companhia disse que prevê começar as negociações logísticas na primeira quinzena de março.
No início de dezembro foi divulgado que a vacina tem eficácia em 91,4%, 21 dias após a aplicação da primeira dose. O fármaco já é aplicado em seu país de origem, mas o registro local, realizado em agosto, ocorreu logo após o início dos testes de fase 3, o que justificaria a necessidade de rodar testes entre os brasileiros, em busca de mais resultados. Outro ponto relevante é a obrigatoriedade de realizar testes em brasileiros para que se possa pleitear o uso emergencial do medicamento junto à Anvisa.
O instituto Gamaleya anunciou neste mês de dezembro uma iniciativa inédita nesta pandemia: realizar uma rodada de teses em cooperação com a vacina da AstraZeneca/Oxford, a ideia é averiguar a eficácia dos dois medicamentos combinados.
O Governo do Paraná, outro parceiro do instituto russo no Brasil, reiterou a disponibilidade dos hospitais universitários estaduais para a realização dos testes de fase 3.
Nesta terça-feira, 22, o Brasil teve médias moveis em 49.826,7 casos confirmados e 780 mortes.