A vacinação em Israel fornece importantes informações em tempo real – e do mundo real – sobre a eficácia da vacina contra Covid-19 da Pfizer-BioNTech. A mais recente evidência, divulgada pelo Ministério da Saúde israelense, mostra que o imunizante tem alta eficácia contra internações e casos graves da doença causados pela variante Delta. O que ajudaria a explicar o aumento de casos de Covid-19 no país, mesmo com 58,5% da população totalmente imunizada com duas doses, sem que isso se refletisse nas internações em mortes.
De acordo com o novo relatório, a vacina da Pfizer forneceu, nas últimas semanas, 88% de proteção contra hospitalizações e 91% contra formas graves da doença. No entanto, ainda existe o risco de contrair e transmitir a doença. A eficácia contra novas infecções, o que inclui casos leves, foi de apenas 39%. Os novos dados fizeram com que o primeiro-ministro Naftali Bennett pedisse que as cerca de 1,1 milhão de pessoas procurem se imunizar para controlar a variante.
Esses dados se opõem ao de um estudo similar, feito no Reino Unido e publicado essa semana no New England Journal of Medicine. Esse estudo mostrou que duas doses da Pfizer oferecem proteção de 88% contra casos sintomáticos da doença causada pela variante Delta. Porém, ao contrário do estudo de Israel, neste não foi avaliada a eficácia contra casos graves e hospitalizações.
Variante de preocupação mundial
A variante Delta, identificada pela primeira vez na Índia, no final do ano passado, é considerada a cepa mais preocupante atualmente, pelo fato de se espalhar rapidamente e por estar associada ao aumento de casos em países com altas taxas de vacinação como Israel, Estados Unidos e Reino Unido.
O surgimento de novas variantes possivelmente menos suscetíveis às vacinas atuais é uma preocupação existente desde o início da pandemia. Por isso, diversos desenvolvedores de vacinas começaram a avaliar novas estratégias, incluindo a aplicação de uma dose de reforço, que pode ser igual as anteriores ou com uma nova formulação. A própria Pfizer, já anunciou que irá solicitar a aprovação da FDA, agência que regula medicamentos nos Estados Unidos, para uma terceira dose da vacina.
Um estudo clínico feito pela farmacêutica americana mostrou que uma dose extra aumenta o nível de proteção contra a variante Delta. Outro estudo, mostrou que a eficácia de duas doses da vacina contra infecções sintomáticas diminui com o tempo, de 95% nos primeiros dois meses para cerca de 80% entre quatro e seis meses após a segunda dose. A dose de reforço ajudaria aumentar essa imunidade novamente.
No Brasil, a variante Delta começa a se espalhar e gerar preocupação. Na quarta-feira, 21, o Ministério da Saúde informou que foram identificados 135 casos de Covid-19 causados pela nova cepa. Desses, cinco casos evoluíram para quadro grave que resultou em morte. O primeiro caso da variante no Brasil foi identificado em maio, no Maranhão, em um tripulante do navio MV Shandong da Zhi.
O medo da variante causar uma nova onda de Covid-19 quando a pandemia começa a melhorar no país fez com que muitos estados e cidades decidissem antecipar o intervalo da segunda dose das vacinas de Oxford-AstraZeneca e da Pfizer-BioNTech no país para aumentar a quantidade de pessoas totalmente imunizadas. Apesar do risco e das evidências de que a proteção após apenas uma dose é baixa, a recomendação do Ministério da Saúde e de sociedades médicas, como a Sociedade Brasileira de Imunizações (Sbim) e a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) é manter o intervalo atual de 12 semanas entre as duas injeções desses imunizantes e avançar na imunização parcial do restante da população.
Nesta sexta-feira, 23, o Brasil ultrapassou 131 milhões de vacinas contra Covid-19 administradas, entre primeira e segunda dose. Atualmente, 44,8% dos brasileiros estão parcialmente imunizados com uma dose e 17,6% estão totalmente protegidos com duas doses ou com a dose única da Janssen.
Confira o avanço da vacinação no país: