Um medicamento contra Alzheimer teve resultado surpreendente
Os dados iniciais animaram a comunidade científica. Se os resultados da próxima fase forem bons, o composto poderá ser comercializado em até três anos
Apesar dos avanços da ciência na última década, o Alzheimer continua a ser um dos principais desafios da medicina. O transtorno, que afeta 44 milhões de pessoas no mundo, 1,2 milhão delas no Brasil, não tem cura, apenas remédios paliativos. Agora, a divulgação dos dados de um novo medicamento, ainda fase de testes, animou a comunidade científica. Os resultados promissores da fase 1 da pesquisa foram publicados na edição online da revista Science Translational Medicine.
Sabe-se que, entre outros fatores, o Alzheimer surge principalmente devido ao acúmulo exagerado da proteína beta-amiloide, que forma placas no cérebro. O objetivo da nova droga, chamada verubecestat, é reduzir a formação dessas placas ao agir na enzima BACE1, que tem um papel importante na produção da beta-amiloide. Os testes, realizados com 32 pacientes, demonstraram diminuições de até 80% nos níveis da enzima.
“Este é a primeira vez que se detalha o que um inibidor BACE1 faz em seres humanos”, disse à revista Scientific American, Dennis Selkoe, da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, que não estava envolvido no trabalho. “A boa notícia é que, até agora, eles não viram nenhuma evidência dos efeitos colaterais que estávamos preocupados”.
Outras drogas já tentaram bloquear a enzima BACE1, mas os testes foram interrompidos devido aos eventos adversos graves. Na pesquisa atual, da farmacêutica Merck, o medicamento foi bem tolerado e não foram registrados efeitos colaterais perigosos.
A pesquisa com 32 pacientes deu origem a dois ensaios clínicos mais amplos que estão agora em andamento, com cerca de 3.500 indivíduos. Os estudos, já em Fase III, devem ser concluídos em julho de 2017. Se os resultados forem bons, o composto poderá ser comercializado como uma pílula em até três anos.