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Tratamentos por neuroestimulação para cefaleia em salvas gera controversias

O implante de eletrodos no cérebro está sendo estudado para o tratamento da dor de cabeça mais severa já conhecida

Por Aretha Yarak
22 out 2010, 16h42

“Nós ainda não sabemos qual o real papel da neuroestimulação, mas, pelo visto, ela tem sim uma relação com a neuromodulação”

A cefaleia em salvas é o tipo de dor de cabeça mais severa já descrita pela medicina. De causas ainda desconhecidas, ela não é tão comum como a enxaqueca e a dor de cabeça tensional, mas pode prejudicar infinitamente mais a qualidade de vida do paciente – há relatos, por exemplo, de pacientes que durante uma crise aguda acabam batendo a cabeça na parede para tentar aliviar a dor. Mas os tratamentos para a doença vêm ganhando um novo formato, que, apesar de invasivo, já apresenta melhoras promissoras. “Existe uma porcentagem pequena de pacientes que não respondem aos fármacos. Para eles, uma opção pode ser a técnica de estimulação dos nervos periféricos por eletrodos”, diz o neurologista Fernando Kowacs, doutor em medicina pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

De nome comprido, o tratamento, na verdade, tem uma lógica simples. Coloca-se um ou dois eletrodos debaixo da pele, na parte posterior da cabeça e na altura da orelha, mas por fora do crânio. Eles serão carregados por uma bateria alojada no tórax e que funciona como um marcapasso. “O paciente pode aumentar a intensidade quando está em crise, por um controle externo. Assim, o dispositivo auxilia não só na prevenção, mas também no tratamento de uma crise”, diz a neurologista Maria Tereza Goicochea, do Centro Integral de Dolor, de Buenos Aires. De acordo com a especialista, apenas 10% de todas as pessoas com cefaleia em salvas crônica são refratárias aos remédios e podem ser candidatas ao tratamento com os eletrodos. “É muito importante que toda a equipe participe da decisão do implante. É essencial também que a família esteja junto e que haja acompanhamento terapêutico”, diz Maria Tereza. Entre os efeitos colaterais, o paciente pode sentir formigamento por conta da estimulação elétrica e, eventualmente, o eletrodo pode se deslocar ou acontecer alguma infecção local. Dentro do crânio – Há, no entanto, uma técnica similar, porém bem mais invasiva e controversa, que segue em testes paralelos. Nela, o microeletrodo é inserido dentro do crânio, para estimular diretamente o hipotálamo. “Um teste conduzido na Itália mostra que 60% dos pacientes apresentaram melhora significativa e 25% deles não responderam ao tratamento”, diz a neurologista Maria Eduarda Nobre, professora da Universidade Gama Filho, no Rio de Janeiro. Com descargas que começam com 1 Volt e podem chegar a 3V, os efeitos adversos vão desde uma perda transitória da consciência a uma infecção subcutânea (no local onde fica alojada a bateria). “Houve, no entanto, um caso de hemorragia cerebral que levou à morte em um dos grupos estudados”, comenta Maria Eduarda. O procedimento, usado também apenas em pacientes refratários, não tem uma ação moduladora da dor definitiva, mas sim transitória. Isso significa que a partir do momento em que o aparelho é desligado, as crises podem voltar a acontecer. “Nós ainda não sabemos qual o real papel da neuroestimulação, mas, pelo visto, ela tem sim uma relação com a neuromodulação”, afirma a neurologista.


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