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Tratamento sem comprovação contra esclerose atrai brasileiros

Técnica desenvolvida por cirurgião italiano é alvo de críticas de entidades médicas

Por Da Redação
20 out 2010, 11h19

Um novo tratamento que oferece a chance de cura fácil e rápida da esclerose múltipla está levando brasileiros a acreditarem num método que ainda sem comprovação científica.

Desenvolvido pelo cirurgião vascular italiano Paolo Zamboni, da Universidade de Ferrara, o “tratamento da liberação” (Liberation treatment), como ficou conhecido, consiste em uma simples cirurgia vascular para aumentar a capacidade venosa do cérebro. O procedimento levaria à cura da doença, que é degenerativa e crônica (não há cura comprovada pela ciência). Na Europa, o custo do tratamento tem variado entre o equivalente a R$ 12 mil a R$ 16 mil.

Críticas – Desde 2008, quando Zamboni divulgou a teoria testada inicialmente na própria mulher dele, a cirurgia já foi realizada em pacientes de países da Europa, dos Estados Unidos e até da Índia, o que causa polêmica na comunidade científica internacional, que não endossa o uso do método.

No 26º Congresso do Comitê Europeu para Tratamento e Pesquisa em Esclerose Múltipla (ECTRIMS), realizado semana passada na Suécia, Zamboni foi o único que defendeu o tratamento, em meio a uma série de críticas. Na ocasião, membros da European Charcot Foundation, uma das principais instituições dedicadas à pesquisa de esclerose múltipla, reprovaram as teorias do italiano.

Zamboni afirma que veias obstruídas no pescoço e no peito podem levar a um excesso de ferro no cérebro. A substância atacaria a mielina, substância que protege dos neurônios, causando a esclerose múltipla. A cirurgia proposta por Zamboni é similar à angioplastia. Um stent (uma espécie de mola de metal) é introduzido na veia e depois aberto para fazer o sangue passar normalmente. Segundo dados divulgado por Zamboni, 90% das pessoas com esclerose múltipla tem algum bloqueio nas veias que drenam o sangue do cérebro. Das dezenas de pacientes operados, afirma o médico italiano, 73% estão livres dos sintomas da doença.

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Brasileiros – No Brasil, onde a esclerose múltipla atinge 10 a cada 100 mil habitantes, a teoria repercute desde o ano passado entre pacientes, que têm procurado médicos dispostos a realizar o procedimento mesmo sem haver evidências científicas que comprovem a hipótese. “Existem médicos no Brasil que estão fazendo esses procedimentos mesmo sem saber se isso tem fundamento ou não”, afirmou o neurologista Rodrigo Thomaz, do Centro de Atendimento e Tratamento de Esclerose Múltipla da Santa Casa de São Paulo. Thomaz relata que vários de seus pacientes já pediram para ter o sistema venoso avaliado por causa dessa repercussão.

Chefe do Ambulatório de Doenças Desmielinizantes do Hospital das Clínicas, o neurologista Dagoberto Callegaro também relata casos de pacientes que querem se submeter de qualquer forma à cirurgia. “Isso é muito grave. A notícia sobre essa teoria entre o público leigo cria expectativas muito grandes”, disse. Callegaro diz que é preciso ter cautela e aguardar que pesquisas revelem a validade ou não da teoria.

(Com Agência Estado)

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