Trabalhar à noite ou em horários irregulares pode levar a doenças cardíacas
Pesquisa feita com mais de 2 milhões de pessoas identificou relação entre jornada de trabalho de turnos, como as relacionadas a serviços que funcionam 24 horas por dia, e eventos cardiovasculares
Trabalhar à noite, ter horários de trabalho irregulares ou fazer plantões de madrugada – ou seja, trabalhar em turnos, geralmente em serviços que funcionam 24 horas por dia – pode levar a problemas cardiovasculares graves, como infarto ou acidente vascular cerebral (AVC), indicou um novo estudo publicado nesta sexta-feira no site da revista British Medical Journal (BMJ). A pesquisa, realizada por uma equipe de especialistas canadenses, noruegueses e suecos, é a maior já feita sobre o assunto e, ao todo, envolveu mais de dois milhões de pessoas.
CONHEÇA A PESQUISA
Título original: Shift work and vascular events: systematic review and meta-analysis
Onde foi divulgada: revista British Medical Journal (BMJ)
Quem fez: Manav Vyas, Amit Garg, Arthur Iansavichus, John Costella, Allan Donner, Lars Laugsand, Imre Janszky, Marko Mrkobrada, Grace Parraga e Daniel Hackam
Instituição: Universidade Western, Canadá, Universidade Norueguesa de Ciência e Tecnologia, Noruega, e Instituto Karolinska, Suécia
Dados de amostragem: 2.011.935 pessoas
Resultado: Jornada de trabalho noturna ou irregular está associada ao aumento do risco de doença coronariana (24%), infarto (23%) e AVC (5%)
Segundo os autores desse trabalho, há algum tempo jornadas de trabalho noturnas ou com horários que variam frequentemente são conhecidas por perturbar o ritmo circadiano – ciclo do corpo de um indivíduo ao longo das 24 horas de um dia -, provocando problemas como colesterol alto, diabetes e pressão alta. No entanto, pesquisas que olharam para doenças cardiovasculares graves tiveram resultados controversos.
O estudo se baseou em dados de outras 34 pesquisas sobre trabalho e eventos cardiovasculares. Segundo os resultados, as pessoas que trabalhavam em turnos apresentaram 24% mais riscos de terem uma doença coronariana; 23% mais chances de sofrerem um ataque cardíaco; e 5% mais chances de terem um AVC do que as outras. Especificamente, a jornada de trabalho noturna foi associada a um risco 40% mais elevado de doença coronariana.
Para os pesquisadores, essas descobertas devem incentivar a criação de programas de triagem que identifiquem fatores de risco para doenças do coração entre pessoas com maiores riscos – como, por exemplo, indivíduos que já apresentam pressão ou colesterol altos. Além disso, os autores sugerem que hábitos capazes de prevenir esses problemas de saúde devem ser ensinados a trabalhadores noturnos.
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