Por Mariana LENHARO
São Paulo – Chegou a São Paulo um exame genético que ajuda a prescrever dietas sob medida para cada organismo. O perfil genômico testa cerca de 200 genes e consegue identificar até mil mutações relacionadas aos riscos para obesidade, diabete ou colesterol alto. Também é possível investigar como o corpo processa alguns nutrientes ou vitaminas e quais são as melhores estratégias de exercícios físicos para cada paciente.
Feito com uma amostra de saliva, o exame custa R$ 1.200 e está disponível em um único laboratório da capital desde o mês passado. Trazido para o Brasil pelo grupo Dasa Medicina Diagnóstica, o procedimento começou a ser oferecido primeiro no Rio de Janeiro, em fevereiro. Desde que a novidade chegou a São Paulo, a clínica geral Paloma Garcia Franceschi, especializada em promoção de saúde, já indicou o exame para mais de 20 pacientes. �É uma ferramenta para quem trabalha na promoção de saúde. O foco não é a doença, mas o que se pode corrigir para não adoecer�, diz ela.
Já o endocrinologista carioca Tércio Rocha, que também tem indicado o exame a alguns de seus pacientes, acredita que os mais beneficiados são aqueles que já testaram várias estratégias de emagrecimento e ainda não obtiveram sucesso. �O teste aponta quais alimentos o paciente metaboliza bem, quais ele metaboliza mal, por que não deve usar determinadas substâncias, qual o gene que dispara compulsões por alguns tipos de alimento�, resume Rocha.
O laudo do exame, explica Rocha, traz explicações e recomendações didáticas que podem ser aproveitadas pelo médico envolvido no processo de emagrecimento e também pelo educador físico ou pelo nutricionista. �Não é um laudo para geneticista, mas para clínicos gerais e profissionais da saúde�, afirma o médico. Outras especialidades médicas, como cardiologistas e ginecologistas, também podem tirar proveito das informações.
A médica Ilana Renault, pesquisadora do Instituto Nacional de Câncer (Inca) e consultora do Dasa, exemplifica algumas das aplicações do exame. Ele é capaz de identificar, por exemplo, se o paciente tem dificuldade de metabolizar os derivados do leite. Se esse for o caso, a dieta não poderá ser a do tipo mediterrâneo, que envolve o consumo de muito queijo.
Membro da Associação Brasileira de Nutrologia (Abran), o médico Carlos Alberto Nogueira de Almeida diz que os testes genéticos são uma ferramenta a mais para a determinação de um cardápio personalizado, pois mostram predisposições. Mas, por outro lado, ainda não são a resposta definitiva para se encontrar a dieta ideal.
Almeida lembra que algumas características são determinadas por um conjunto muito grande de genes. �A obesidade está ligada a mais de 400 genes diferentes. Um teste muito bom, que pegue 70 desses genes, ainda estará deixando de avaliar os outros�, exemplifica. As informações são do Jornal da Tarde.
Mariana LENHARO