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Tempo mais curto de radioterapia pode ser a melhor opção para tratar câncer de mama

Pesquisa mostra que um tratamento curto, de apenas três semanas, tem o mesmo efeito contra o tumor, mas produz menos efeitos colaterais

Por Da Redação
20 set 2013, 15h44

Uma nova pesquisa publicada nesta quinta-feira na revista The Lancet Oncology mostra que um período de tratamento mais curto de radioterapia, de apenas três semanas, possui os mesmos efeitos benéficos que o tratamento padrão de cinco semanas. “Além do mais, mostramos que as três semanas de radioterapia causam menos danos aos tecidos próximos à mama e são mais convenientes para as mulheres – causando menores listas de espera e menos visitas ao hospital”, afirma John Yarnold, professor do Instituto de Pesquisas do Câncer, na Inglaterra, e autor do estudo.

CONHEÇA A PESQUISA

Título original: The UK Standardisation of Breast Radiotherapy (START) trials of radiotherapy hypofractionation for treatment of early breast cancer: 10-year follow-up results of two randomised controlled trials

Onde foi divulgada: periódico The Lancet Oncology

Quem fez: John Yarnold, entre outros pesquisadores

Instituição: Instituto de Pesquisas do Câncer, na Inglaterra; entre outras

Dados de amostragem: 4.451 mulheres de 35 centros de radioterapia em todo o Reino Unido selecionadas entre 1999 e 2002.

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Resultado: Os pesquisadores descobriram que o tratamento padrão de radioterapia, que oferece uma dose de 50 Gy administrada durante cinco semanas é tão eficiente quanto um tratamento mais curto, de 40 Gy em três semanas. Além disso, o tratamento mais curto causa menos danos ao tecido saudável das mulheres que passavam por ele.

Para chegar a esse resultado, os pesquisadores recrutaram 4.451 mulheres de 35 centros de radioterapia em todo o Reino Unido, entre 1999 e 2002, e dividiram sua pesquisa em duas etapas. A primeira comparou o efeito do tratamento padrão, que aplica uma dose total de 50 grays (Gy, a medida internacional para a quantidade de radiação absorvida) fornecida em 25 pequenas doses de dois grays ao longo de cinco semanas, com outros dois tratamentos de igual duração, mas que forneciam doses mais fortes. Neles, eram aplicadas apenas treze doses, mas cada uma com 3,2 ou 3 grays.

Após dez anos dos tratamentos, as taxas de controle do tumor entre os três grupos foram bastante semelhantes, com poucas mulheres experimentando a volta do câncer, e com um dano muito semelhante ao tecido mamário saudável em volta do tumor. Os pesquisadores provaram, assim, que doses mais fortes de radioterapia poderiam ser aplicadas nas mulheres sem lhes causar grandes efeitos colaterais.

Três semanas – Na segunda etapa do estudo, os pesquisadores pretenderam analisar se essas doses maiores de radiação poderiam ser aplicadas em um período menor de tempo, encurtando o tratamento. Assim, compararam o tratamento padrão – 50 grays administrados em pequenas doses de dois grays durante 5 semanas – com um mais curto, de apenas três semanas, que fornecia 40 grays divididos em doses de 2,67 grays.

Do mesmo modo, o número de mulheres cujo câncer de mama reapareceu dentro do período de dez anos foi semelhante – e baixo – nos dois casos (5,5% depois do tratamento com 50 grays e 4,3% depois dos 40). No entanto, após o período mais curto de tratamento houve significativamente menos danos ao tecido saudável que circundava a mama, demonstrando menos efeitos colaterais. Estes resultados foram os mesmos para todos os grupos, independentemente da idade, grau do tumor, estágio ou uso de outras formas de tratamento.

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Brasil – Segundo Maria Aparecida Conte Maia, diretora de radioterapia do Hospital A. C. Camargo, o tratamento de cinco semanas ainda é o padrão no Brasil e em grande parte do mundo, por conta de preocupações que existiam quanto à toxicidade que a radioterapia poderia ter se aplicada em doses maiores num período mais curto. “A grande preocupação que se tinha é que o aumento da dose poderia causar mais danos nos tecidos normais. Os pesquisadores viram, no entanto, que não aconteceu essa alteração. Eles observaram que não existiu diferença entre os grupos quanto ao controle da doença, o resultado estético e as complicações de curto e longo prazo”, afirma.

Para que uma pesquisa na área da oncologia resulte em uma mudança dos tratamentos empregados nos consultórios médicos, ela precisa ser feita com um grande número de pessoas por um período longo de tempo – critérios atingidos pelo atual estudo. Segundo Conte Maia, o resultado atual, somado a outro obtido por uma pesquisa canadense publicada há alguns anos, pode levar a uma mudança na prática clínica. “A Sociedade Americana de Radioterapia já tentou montar um consenso sobre isso, e discutiu em que tipos de pacientes o período mais curto de tratamento pode ser aplicado. Eu acredito que esses dois estudos podem trazer mudanças nos tratamentos aplicados no futuro.”

*O conteúdo deste vídeo é um serviço de informação e não pode substituir uma consulta médica. Em caso de problemas de saúde, procure um médico.

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