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Subnutrição da mãe afeta saúde do filho para toda a vida

Pesquisadores da Unesp-Botucatu mostram que a saúde dos adultos pode ser definida desde o momento da gravidez. Agora, eles querem ajudar as mães a ter filhos mais saudáveis

Por Marco Túlio Pires, de Águas de Lindóia
27 ago 2010, 20h29

O organismo de mães que têm vidas estressantes prejudica o desenvolvimento do próprio filho

A saúde de um adulto depende diretamente das condições que sua mãe teve durante a gestação. “Mães que passam por condições adversas durante a gestação, como a má alimentação e o stress, poderão ter filhos com problemas cardiovasculares, renais e hormonais”, afirma Patricia Bôer, doutora em clinica médica pela Unicamp e pesquisadora da Unesp-Botucatu. Há quatro anos ela estuda como essas situações estressantes na gestação podem ser um fardo por toda a vida adulta. Em pesquisas de laboratório, Patricia descobriu que a subnutrição em ratas gestantes influencia a formação dos rins, do coração e até de regiões no cérebro dos filhotes e animais adultos.

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A ideia de que fatores externos à gravidez influenciam a saúde mesmo depois de adulto existe desde o fim da década de 1960. De acordo com Patricia, a natureza prepara o indivíduo durante a gestação de acordo com a condição da mãe. “Se a mãe viver em um ambiente cheio de predadores e, portanto, sob muito stress, a natureza entende que o indivíduo precisará ter características semelhantes, caso contrário não conseguirá sobreviver”, diz Patricia.

De acordo com o estudo, o feto é protegido dos hormônios de stress da mãe, chamados glicocorticoides. Esses hormônios são responsáveis por orientar o crescimento e amadurecimento das células que formam o indivíduo. Como a mãe possui um ritmo diferente de amadurecimento do filho, não seria saudável que os hormônios dela interferissem no crescimento da criança. Por isso, o feto é protegido por uma enzima na placenta. Mas o organismo de mães que têm vidas estressantes perde a capacidade de impedir que o glicocorticoide materno atinja o bebê.

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Resultado: alguns órgãos se desenvolvem prematuramente e depois causam problemas na fase adulta. Se o rim for afetado, na vida adulta as chances de possuir hipertensão aumentam. “Provavelmente por isso que há a morte súbita de alguns jogadores de futebol. Alguns deles podem ter tido uma gestação problemática e a natureza não preparou o corpo deles para o ritmo de vida e alimentação que possuem, causando um colapso que leva à morte”, explica Patricia. É como se uma lâmpada de 60w funcionasse a 80w, funcionando acima da sua capacidade.

Subnutrição – A pesquisa da Unesp verificou três características em comum nos ratos adultos que sofreram com a subnutrição das mães durante a gestação. A alimentação foi escolhida como fator de stress porque, segundo dados divulgados pela pesquisadora, em 2008, cerca de 35% das gestantes do Brasil eram anêmicas. As mamães-ratas ganharam menos comida. A primeira consequência foi a formação prematura do rim, resultando em um órgão com apenas 70% da capacidade se comparado com um indivíduo normal.

Isso quer dizer que o rim não consegue filtrar a mesma quantidade de sangue e não consegue regular a pressão sanguínea, gerando um quadro de hipertensão na vida adulta. “Por causa da alta pressão no sangue, o coração é obrigado a trabalhar mais rápido”, explica Patricia. Em consequência disso, os pesquisadores identificaram um aumento da parte esquerda do coração, elevando o número de receptores de agentes que estimulam a hipertensão, gerando um ciclo vicioso. Já no cérebro dos animais, a região responsável pela resposta ao stress é superestimulada. Quando adultos, eles são mais tensos e estressados que os normais.

Agora, os pesquisadores da Unesp querem saber exatamente quais são os mecanismos biológicos que alteram a formação desses órgãos em indivíduos jovens e adultos. “A ideia é estabelecer como deve ser a nutrição dessas mães, tendo em vista como o corpo de seus filhos será programado para que eles tenham melhor qualidade de vida e menos problemas de saúde”, afirma Patrícia.

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