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Sociedade Brasileira de Pediatria lança campanha contra a violência infantil, subnotificada no Brasil

SBP quer conscientizar pediatras e famílias sobre a prevenção da violência infantil, que pode trazer sérios danos ao desenvolvimento das crianças

Por Natalia Cuminale Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 24 Maio 2016, 16h35 - Publicado em 10 out 2011, 10h16

Às vésperas do Dia das Crianças, a Sociedade Brasileira de Pediatria lança, durante o Congresso Brasileiro de Pediatria, em Salvador, a campanha “Violência é Covardia – crescer sem violência é direito fundamental das crianças e adolescentes”. O problema, que é subnotificado e que não possui dados nacionais confiáveis, é a principal causa de morte de crianças e adolescentes a partir dos cinco anos de idade. “Cerca de 70% dos casos ocorrem dentro das casas, considerados ambientes ‘sagrados’ – e por isso faltam estimativas que abranjam o território brasileiro”, diz Rachel Niskier Sanchez, coordenadora da campanha. Segundo ela, a primeira causa de violência é a negligência e a segunda é a agressão física.

Tipos de violência infantil:

SÍNDROME DE MUNCHAUSEN

Quando a criança é trazida para cuidados médicos devido a sintomas inventados ou sinais provocados por seus responsáveis. A partir disso, ela é submetida a exames, uso de medicamentos, sofrendo consequências físicas e psicológicas.

ABUSO SEXUAL

É todo ato sexual em que o agressor está em estágio de desenvolvimento psicossexual mais adiantado que a criança ou o adolescente. Pode ser induzido, influenciado ou forçado.

MAUS TRATOS PSICOLÓGICOS

Englobam rejeição, depreciação, discriminação, desrespeito, cobrança ou punição exageradas. Pela falta de evidências, é o tipo mais difícil de ser diagnosticado.

NEGLIGÊNCIA

Omissão do responsável em fornecer cuidados básicos e todos os elementos necessários para o desenvolvimento da criança.

Fonte: Guia de Atuação Frente aos Maus Tratos da Sociedade Brasileira de Pediatria

“No Brasil, temos o Disque 100, da Secretaria de Direitos Humanos e o SIPIA, que é o sistema de informação para a infância e adolescência. Nenhum dos dois representa a magnitude do problema”, diz Sanchez.

A ideia da campanha, segundo ela, é mostrar que é possível educar sem violência, evitando que a agressão seja uma forma legítima de solução de conflitos. Crescer em um ambiente violento e sofrendo maus tratos pode trazer consequências ao desenvolvimento e aprendizado das crianças, que são incapazes de se defender. Além disso, quem sofre violência pode apresentar maior índice de depressão, comportamento violento, tentativa de suicídio e distúrbios do sono. Entre os mais vulneráveis, estão crianças que têm pais desempregados, alcoólatras e dependentes de drogas ilícitas. Aquelas com deficiências mentais ou físicas também são mais suscetíveis a sofrer agressões.

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Os sinais podem ser invisíveis para quem não está atento, explica Sanchez. Eles podem vir com queixas de falta de apetite, tristeza, problemas para dormir. Quando os sinais são aparentes, as crianças apresentam hematomas, histórico de ossos quebrados, queimaduras, fraturas de crânio, entre outros sintomas. “A campanha tenta trazer para a agenda do pediatra um olhar perceptivo e atento para os casos. Infelizmente, ainda é comum que um menino violentado passe por médicos e enfermeiros sem que a causa de determinada queixa seja identificada”, diz.

Em determinados casos, é preciso que o médico peça ao acompanhante para sair do consultório e abordar a criança. Quem souber de algum caso de abuso, pode denunciar para o número 100 – a notificação pode ser anônima. “A prevenção começa no pré-natal, quando o pediatra olha a paciente no olho e dá a atenção que ela precisa. E se prolonga por toda a vida.”

Crianças com deficiência sofrem maus tratos. E ninguém sabe

Uma pesquisa realizada pelo Instituto Fernandes Figueira, referência em doenças genéticas da FioCruz, sugere que crianças com deficiência também são vítimas de violência – mas recebem pouco ou nenhum amparo. Uma análise feita a partir de um total de 8.000 notificações, de oito Conselhos Tutelares do Rio de Janeiro, mostrou que apenas 3% são relacionadas a crianças com deficiência. “Essas crianças que são ainda mais vulneráveis são também invisíveis aos olhos de quem pode ajudá-las”, diz Rachel Niskier Sanchez, autora do estudo.

Os dados foram coletados entre janeiro e dezembro de 2009. Segundo Sanchez, este é um estudo pioneiro, já que não constam estudos parecidos na literatura internacional. Os resultados preliminares serão apresentados durante o Congresso Brasileiro de Pediatria e deverão ser publicados no início do próximo ano. Na amostra, foram consideradas deficientes crianças com incapacidade física e mental, além de pequenos com distúrbios do comportamento, como crianças com transtorno de déficit de atenção (TDAH).

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