Na semana passada, um grupo de cientistas da Universidade de Newcastle, na Inglaterra, liderado pelo biólogo iraniano Karim Nayernia, anunciou uma nova utilização para as células-tronco embrionárias na medicina. Com elas, a equipe conseguiu criar esperma humano em laboratório. No experimento, células-tronco masculinas deram origem a células progenitoras do espermatozóide com conteúdo genético completo, ou seja, 46 cromossomos.
Após um processo de maturação e meiose, a divisão característica da formação de células sexuais, cada célula deu origem a dois espermatozóides com 23 cromossomos. Os espermatozóides são idênticos aos criados naturalmente pelo sistema reprodutor masculino, com cabeça, cauda e proteínas capazes de ativar um óvulo durante a fertilização.
O anúncio do sêmen criado em laboratório levanta evidentes questões éticas. Caso ele seja usado para fecundar um óvulo, a criança resultante não terá um pai. Sua linhagem genética, do lado masculino, será herdada do embrião cujas células-tronco foram utilizadas para produzir espermatozóides. O biólogo Nayernia se apressa em esclarecer que o objetivo de seu estudo não é criar seres humanos em laboratório, mas desenvolver linhas de pesquisa para curar a infertilidade masculina. “Nosso estudo se destina a decifrar em detalhes como o esperma se forma e, dessa forma, entender por que alguns homens são inférteis”, escreve ele no relatório da pesquisa.
No Brasil, as pesquisas com células-tronco embrionárias foram liberadas no ano passado. O biólogo iraniano já foi vítima do preconceito contra seu uso nos laboratórios. Durante dez anos, no início de sua pesquisa sobre o sêmen artificial, ele trabalhou na Georg-August University, em Gottingen, na Alemanha. Era obrigado a usar células embrionárias de ratos porque as leis alemãs proíbem experimentos com embriões humanos. Há três anos Nayernia decidiu se mudar para a Inglaterra, onde não há essa restrição, para dar continuidade aos estudos. Com a publicação da pesquisa, seus esforços foram recompensados.
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