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Bill Gates vilão? A rápida disseminação das conspirações sobre a Covid-19

Estudo mostra que as teorias de "ações maliciosas e secretas de agentes mal-intencionados" são mais compartilhadas pelas pessoas

Por Simone Blanes Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 25 jan 2023, 15h04 - Publicado em 25 jan 2023, 14h55

Desde o início da pandemia da Covid-19, em março de 2020, teorias da conspiração são espalhadas pela internet. Após analisar quase 400.000 postagens do Twitter, pesquisadores da Universidade Estadual de Washington, nos Estados Unidos, chegaram à conclusão que tinham o único propósito de destacar “ações maliciosas e secretas de supostos agentes mal-intencionados por trás da crise sanitária”.

No estudo, publicado pelo jornal News Media & Society, os pesquisadores também identificaram semelhanças entre cinco das teorias da conspiração mais populares, relacionadas a Bill Gates, redes 5G, vacinas, QAnon e Agenda 21. “Embora cada teoria pareça ter um assunto diferente, elas se sobrepõem por meio das narrativas da mídia social, que embora possam usar estratégias diferentes, geralmente estão conectadas”, afirmou Porismita Borah, professora da Murrow College of Communications da Washington State University e uma das autoras da pesquisa. “Essas teorias têm muito em comum, pois tentam tornar as histórias parte de uma conspiração maior, de modo que, se as pessoas acreditam em uma conspiração, tendem a acreditar na outra”, completou.

No estudo, os pesquisadores usaram o Brandwatch, uma biblioteca de análise e dados de mídia social em que coletaram as postagens do Twitter associadas às cinco teorias da conspiração dos primeiros seis meses de 2020. Isso resultou em um total de 384.592 posts, que semanalmente reduziram em dez principais links. Isso permitiu que conduzissem um levantamento qualitativo e quantitativo e examinassem a fundo o conteúdo das teorias, além dos limitados números de caracteres da rede social.

Descobriram então que as postagens mais comuns continham declarações de crença da veracidade de uma teoria, mas as sobre propósitos maliciosos e ações secretas não obtiveram tanto engajamento. Já os posts menos prováveis de serem compartilhados eram aqueles que tentavam fornecer algum tipo de autenticação ou fontes para essas conspirações.

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O fato é que a Covid-19 provou ser um terreno fértil para conspirações. Os autores, porém, ficaram surpresos com a rapidez com que essas teorias existentes adaptaram a pandemia em suas histórias. Por exemplo, antes da pandemia, havia uma teoria da conspiração relativamente menor de que a tecnologia celular 5G poderia prejudicar a saúde humana, mas quando com a chegada da Covid-19, se expandiu alegando falsamente que as torres 5G eram responsáveis por sua disseminação em todo o mundo.

Essa rápida incorporação da doença provocada pelo novo coronavírus em falsas narrativas foi particularmente verdadeira nas “megateorias” QAnon e Agenda21. QAnon dissemina a ideia bizarra de que o mundo é governado por uma cabala de pedófilos canibais e a Agenda 21 é uma visão distorcida de uma iniciativa real de mudança climática das Nações Unidas, alegando que é um plano secreto para despovoar o mundo.

“Quando você tem teorias abrangentes tão grandes quanto a QAnon e a Agenda21, pode encaixar qualquer coisa nelas”, disse Ital Himelboim, principal autor do estudo e professor da Universidade da Geórgia. “Imediatamente, a pandemia se encaixou na maneira conspiratória de explicar o mundo – e, claro, há sempre um vilão”.

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Durante esse período, o “vilão” da teoria da conspiração mais popular foi Bill Gates, fundador da Microsoft, com algumas postagens falsamente afirmando que ele estava por trás da criação da doença, queria despovoar o mundo ou pretendia se beneficiar de uma futura vacina – ou ainda alguma combinação das três histórias, completamente absurdas. “Existem muitas maneiras de explicar o foco em Bill Gates, mas quando acontece algo que as pessoas não podem controlar, elas precisam de alguém para culpar. É aí que procuram esse vilão em uma teoria da conspiração”, disse Himelboim. “De alguma forma, Bill Gates se tornou aquele vilão inventado”

Os autores pediram mais pesquisas para entender a atração psicológica de teorias que reivindicam propósitos nefastos e ações secretas. Além disso, independentemente das semelhanças e sobreposições, as várias teorias da conspiração tinham muitas diferenças, o que aponta para a necessidade de encontrar diferentes estratégias para mitigar cada uma delas.

“Para combater essas teorias da conspiração, temos que ter em mente como o conteúdo é criado, o que as pessoas acreditam e o que compartilham”, disse Porismita. “É uma situação muito complexa, mas você precisa saber contra o que está lutando”.

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