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Retirar as mamas não é a única alternativa para casos como o de Angelina Jolie

Por Da Redação
14 Maio 2013, 12h58

Nesta terça-feira, a atriz americana Angelina Jolie revelou que passou por uma cirurgia de retirada e reconstrução de suas mamas, entre os meses de fevereiro e abril, depois que ela descobriu, a partir de um teste genético, que o seu risco de ter câncer de mama era de 87%. O procedimento foi uma escolha da atriz e foi feito como forma de prevenção, já que ela ainda não apresentava a doença. “Eu quis escrever isso para dizer às outras mulheres que a decisão de fazer a mastectomia não foi fácil. Mas eu estou muito feliz que eu a fiz. Minhas chances de desenvolver câncer de mama caíram de 87% para 5%. Eu posso dizer aos meus filhos que eles não precisam ter medo de me perder para o câncer de mama”, afirmou Angelina no texto My Medical Choice (Minha escolha médica), publicado no jornal The New York Times.

O teste genético feito por Angelina detectou, em seu DNA, uma mutação no gene BRCA1. A partir dos dados do exame, os médicos estimaram que a atriz, além de correr um risco de 87% de ter câncer de mama, também apresentava 50% de chances de ter um câncer de ovário. Quando uma pessoa não tem câncer, mas sim um alto risco de desenvolver a doença, fica a critério do paciente optar ou não por se submeter à cirurgia de remoção das mamas. No caso de Angelina, foi feita uma mastectomia dupla, quando os dois seios são removidos. “Uma vez que eu soube que essa era a minha realidade, eu decidi ser proativa e minimizar o risco o máximo possível. Eu tomei a decisão de fazer uma dupla mastectomia preventiva. Eu comecei com os seios, pois o meu risco de câncer de mama é maior do que o meu risco de câncer de ovário”, disse a atriz.

Segundo José Luiz Bevilacqua, mastologista e cirurgião oncológico do Hospital Sírio-Libanês, em casos como esse, a opção pelo processo cirúrgico deve ser muito discutida com a paciente. “Trata-se de um procedimento que não está isento de riscos. Pode ocorrer necrose da pele ou infecção da prótese. Além disso, o resultado estético não é o mesmo de uma cirurgia plástica”, afirma. De acordo com o médico, a idade ideal para que a mulher se submeta ao procedimento de remoção das mamas é por volta de 30 a 40 anos. “Acima dos 50, o benefício desse procedimento tão complexo pode ser questionável.” A mastectomia apresenta um benefício de cerca de 90% na redução dos riscos – podendo chegar até 100% em alguns casos.

Existem alguns medicamentos que também podem ser utilizados para a finalidade de redução de riscos e pessoas com mutações genéticas. Alguns inclusive só podem ser utilizados em pacientes que estão na menopausa, o que pode ser útil para mulheres mais velhas, que não se beneficiariam tanto com a cirurgia. Segundo Bevilacqua, o benefício desses remédios é, em média, de 50%.

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Análise genética – O teste genético feito por Angelina Jolie e que detectou seu alto risco de desenvolver câncer está disponível no Brasil. Porém, esse exame, além de muito caro (cerca de 7.000 reais) não deve ser aplicado em todos os pacientes. “Esse teste é indicado no caso de mulheres que tenham tido câncer de mama quando jovens ou que apresentem histórico de vários casos de câncer de mama ou de ovário na família. Nesses casos específicos, vale a pena fazer o exame para identificar se, na família, o câncer tem uma origem hereditária e para identificar se a paciente possui determinada mutação genética”, disse, ao site de VEJA, Maria Isabel Achatz, diretora do Departamento de Oncogenética do Hospital A.C. Camargo, instituição que realiza tal exame. “Se o exame mostrar a mutação, estimamos o risco da doença e com isso fornecemos à paciente as possibilidades de redução dessa probabilidade.” A mãe de Angelina Jolie, Marcheline Bertrand, morreu em 2007, aos 56 anos, depois de lutar por 10 anos contra o câncer de mama.

De acordo com Achatz, caso uma paciente que apresente um alto risco de câncer de mama opte por não retirar as mamas, ela deve ser frequentemente examinada para que o médico tenha controle sobre o possível surgimento e a progressão da doença. “Nesses, casos, geralmente a paciente faz, por exemplo, uma mamografia em janeiro e uma ressonância em julho todos os anos. Assim, ela nunca fica mais do que seis meses sem ser examinada.”

O caso do câncer de ovário, no entanto, é mais complicado. Isso porque, diferentemente do câncer de mama, é muito difícil que o de ovário seja detectado precocemente. “E quando essa doença é diagnosticada tardiamente, os resultados dos tratamentos já não são tão bons. A única alternativa em casos de o teste detectar alto risco desse câncer, então, é a retirada do ovário. Mas isso fica a critério do paciente”, afirma Achataz.

Prevenção – Bevilacqua diz que, a partir dos 40 anos de idade, a recomendação é de que todas as mulheres façam uma mamografia anual e tenham as mamas analisadas durante a consulta médica. Quem tem histórico familiar da doença deve incluir no checkup a ressonância magnética, que permite uma análise mais profunda das mamas. “Pacientes que têm casos de câncer de mama na família devem começar a fazer a ressonância magnética pelo menos 10 anos antes da idade na qual a pessoa mais jovem da família teve a doença”, explica o médico.

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