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Restringir uso de antibióticos pode controlar superbactéria

Pesquisa mostra que apenas um quinto dos casos de infecção pela ‘Clostridium difficile’ acontece nos hospitais. Segundo os cientistas, para diminuir sua transmissão, é mais importante reduzir o uso de antibióticos do que controlar o ambiente hospitalar

Por Da Redação
26 set 2013, 13h11

A bactéria Clostridium difficile é uma das principais responsáveis pelas infecções hospitalares – e muitas vezes chega a matar pacientes já debilitados. Para controlar sua disseminação, as técnicas mais comuns nos hospitais são o isolamento dos doentes e o controle e limpeza do ambiente. Pesquisa publicada na quarta-feira pela revista New England Journal of Medicine, porém, sugere que quatro em cada cinco pacientes hospitalizados não contraem a bactéria após a internação, mas sim a trazem dentro do intestino. Dessa forma, a melhor maneira de evitar a propagação do microorganismo é restringir o uso de antibióticos, afirmam os cientistas.

CONHEÇA A PESQUISA

Título original: Diverse Sources of C. difficile Infection Identified on Whole-Genome Sequencing

Onde foi divulgada: periódico New England Journal of Medicine

Quem fez: David Eyre, entre outros pesquisadores

Instituição: Universidade de Oxford, entre outras

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Dados de amostragem: 1250 pacientes britânicos infectados com a Clostridium difficile

Resultado: Os pesquisadores realizaram análises genéticas das bactérias em todos esses pacientes e descobriram que apenas 19% delas haviam sido transmitidas dentro dos hospitais. Ao mesmo tempo, constataram uma queda na transmissão da bactéria durante o período do estudo – tanto entre os indivíduos infectados nos hospitais quanto fora. Assim, concluíram que, mais importante do que o controle do ambiente hospitalar, foi uma redução no uso de antibióticos para controlar a bactéria.

A Clostridium difficile infecta o intestino, liberando toxinas capazes de lesionar o órgão – o que causa diarreias e colites. Nos últimos anos, os pesquisadores têm constatado um aumento na resistência da bactéria aos antibióticos, o que dificulta mais ainda o tratamento contra a infecção.

Para mapear a origem e a disseminação da Clostridium difficile, os pesquisadores verificaram todos os casos de infecção documentados na cidade de Oxfordshire, na Inglaterra, entre 2008 a 2011. Eles analisaram geneticamente as bactérias envolvidas em todos os 1250 casos da doença, em busca de semelhanças que pudessem usar para traçar a transmissão do micróbio de um paciente para outro. Também foram verificados registros hospitalares, para saber se a transmissão poderia ter acontecido dentro do hospital.

Ao analisar o DNA das bactérias, descobriu-se que 35% dos casos eram tão geneticamente parecidos que poderiam ser causados pela transmissão direta entre os pacientes. Desse grupo, pouco mais da metade (55%) pode ter sido infectado dentro do ambiente hospitalar. No total, apenas 19% de todos os casos da doença poderiam ser claramente associados à transmissão no hospital.

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Resistência bacteriana – Os pesquisadores também descobriram que o número total de casos da doença caiu durante os três anos de estudo – não importando se o paciente foi infectado no hospital ou fora dele. Isso sugeria que algum outro fator estava envolvido no combate à bactéria, não só o controle do ambiente hospitalar. “Temos de ser claros: boas medidas de controle da infecção têm ajudado a minimizar as taxas de transmissão nos hospitais. No entanto, nossa pesquisa sugere que algum outro fator deve estar agindo para essa redução. A Clostridium difficile é resistente aos antibióticos, e essa pode ser a chave”, afirma Tim Peto, autor do estudo e pesquisador da Universidade de Oxford.

Os pesquisadores dizem que, no mesmo período em que a pesquisa foi feita e o número de infecções caiu, houve uma diminuição no uso de antibióticos nos hospitais estudados. “As pessoas costumam ficar doente com a Clostridium difficile depois de tomar antibióticos, porque esses medicamentos não matam apenas as bactérias ruins, mas também as boas que se alojam no intestino humano. Assim, a destruição das outras bactérias permite que a resistente Clostridium difficile assuma o controle”, afirma David Eyre, pesquisador da Universidade de Oxford que também participou da pesquisa.

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Assim, segundo os cientistas, uma explicação para a queda de todos os tipos de infecção com a bactéria é o uso mais cuidadoso de antibióticos nos hospitais, o que impediria as pessoas de adoecerem com a Clostridium difficile, mesmo que já a tragam em seus intestinos. “Nosso estudo indica que a restrição do uso de antibióticos pode ser mais eficaz na redução do número de pessoas que adoecem com a bactéria do que controlar as taxas de transmissão no hospital”, diz David Eyre.

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