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Queijos minas frescal são reprovados em teste de qualidade

Em análise da Proteste, 9 das 10 marcas analisadas apresentaram quantidade de gordura total superior à apresentada na embalagem

Por Marina Felix, Giulia Vidale Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 27 jun 2017, 18h57 - Publicado em 26 jun 2017, 17h30

Em teste de qualidade realizado pela Proteste, nove marcas de queijo minas frescal foram reprovadas por apresentarem quantidades de gorduras totais superiores às apresentadas na embalagem. Também houve divergência em relação ao teor de sódio dos produtos, o que significa que o produto pode não ser tão saudável quanto o consumidor acredita. A análise laboratorial avaliou a qualidade e a veracidade da composição, além de condições de higiene e rotulagem de dez amostras de queijo minas frescal coletadas em supermercados do estado de São Paulo. 

Os resultados revelaram que 90% das amostras apresentaram mais gordura total do que a apresentada na embalagem. Segundo Juliana Dias, técnica da Proteste responsável pela pesquisa, embora essa constatação não represente um risco à saúde do consumidor, ele está sendo enganado ao comprar um produto que acredita ser saudável por supostamente ter um baixo teor de gordura que, na verdade, não tem.

As marcas analisadas pela Proteste foram: Keijobon, Keijobon (sem sal), Fazenda Bela Vista, Sol Brilhante (com redução de sal), Puríssimo, Puríssimo Light (com redução de sal), Tirolez, Balkis, Ipanema e Quatá.

(Proteste/Reprodução)

Veracidade no rótulo

Apesar de apresentarem todas as informações exigidas por lei nas embalagens, a diferença de quantidade entre o rótulo e a análise laboratorial se mostrou superior à estabelecida na legislação (diferença de até 20% entre a quantidade exibida no rótulo e a quantidade do produto).

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A versão com sal da Keijobom foi a única que apresentou resultado satisfatório neste quesito. Enquanto isso, as marcas Fazenda Bela Vista, Sol Brilhante (com redução de sal), Puríssimo (com e sem redução de sal), Tirolez, Balkis (sem sal), Ipanema, Quatá e a versão Keijobom foram consideradas insatisfatórias.

Quantidade de sódio

Em três produtos avaliados, a quantidade de sódio no produto foi inferior à descrita no rótulo. A amostra da Quatá teve uma variação entre o descrito no rótulo e o medido em laboratório de 29% e a marca Keijobon, 31%. Por outro lado, o queijo Puríssimo Light (com redução de sal) que indicava conter 40% menos sódio, na verdade possui 47% a mais de sódio em comparação ao prometido no rótulo.

Gorduras totais

Quase todas as marcas analisadas indicaram quantidades superiores de gorduras totais em relação às embalagens. No rótulo do queijo minas frescal da marca Keijobon (sem sal), uma fatia de 30 gramas corresponde a 3 gramas de gordura. No entanto, o teste mostrou que essa mesma quantidade possui, na verdade, 7,4 gramas de gordura, ou seja, uma diferença de 145%. Já as marcas Puríssimo (com sal) e Sol Brilhante apresentaram uma quantidade superior de 56% e 53%, respectivamente.

Em relação à quantidade de gordura, apenas a versão Puríssimo Light se mostrou dentro dos padrões exigidos pelo Ministério da Agricultura para classifica-lo como tipo minas, cuja definição é “queijo semigordo de alta umidade”. Por outro lado, nenhum produto apresentou teor de umidade fora do limite da legislação.

A Associação também não detectou a presença de amido nas amostras ou de micro-organismos patogênicos (aqueles que fazem mal a saúde do consumidor), o que conferiu à todas as amostras uma classificação final satisfatória para compra (igual ou superior a três estrelas).

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A Protestes informou que já apresentou os resultados ao Ministério da Agricultura e à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), para que sejam tomadas medidas – revisão da classificação dos produtos e adequação do rótulo, respectivamente – para que esses tais problemas deixem de existir.

Posicionamento

Em nota enviada por e-mail, a Balkis disse que “cumpre todas as exigências de qualidade, higiene e produção recomendadas pela legislação nacional, conforme atestou a própria análise da Proteste divulgada”. Sobre o teor de gordura alterado, a fabricante afirmou que “após a verificação das análises realizadas na expedição do produto ao mercado consumidor – que os percentuais encontram‐se regulares e de acordo com a variação prevista na legislação cabível ao produto (RDC 360/2003)”. E esclareceu que durante a exposição do “produto à venda (se exposto a temperaturas de estocagem acima do recomendado), pode liberar soro (umidade), alterando o padrão/composição percentual de gordura na peça. A Balkis se coloca à disposição para a realização de contraprovas nos produtos que auxiliem a evidenciar a conformidade dos processos adotados. Em relação ao teor de sódio constatado, ratificamos que as análises de produção indicam sua total adequação, especialmente em relação às variações previstas em legislação. Por fim, ratificamos o compromisso da Balkis com a produção de alimentos seguros saborosos, saudáveis e nutritivos, o que se dá pelo estrito cumprimento das legislações relacionadas à espécie, e nos colocamos à disposição para eventuais dúvidas remanescentes.”

Também em posicionamento enviado por e-mail, a Laticínios Remar Ltda, fabricante do queijo Puríssimo, disse: “A empresa realiza periodicamente as análises físico-químicas em laboratórios externos credenciados pelo MAPA e também controles internos para garantir o cumprimento e manutenção da qualidade de seus produtos. Segundo estas análises realizadas em cumprimento com a legislação vigente o teor de Umidade e de Gordura no Extrato Seco, para ambas apresentações Tradicional e Light, estão em conformidade com os limites estabelecidos pelo MAPA. Estas mesmas análises demonstram uma redução no teor de sódio na apresentação Light acima de 40% em relação ao produto Tradicional. Tendo o Minas Frescal como uma de suas características a alta umidade, o potencial dessoramento do mesmo, devido a determinadas condições adversas de acondicionamento, pode acarretar em significativas alterações de concentração de sódio e gordura, provavelmente acusando os desvios demonstrados na reportagem.”

Procuradas, as outras marcas analisadas não deram retorno até o fechamento da matéria.

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