Quatro em cada dez pessoas não se recuperam totalmente da Covid-19
Em estudo escocês, pacientes relatam sintomas persistentes, como falta de ar e palpitações, de seis a 18 meses depois da infecção
Quatro em cada dez pessoas que tiveram Covid-19 ainda convivem com sequelas da doença. Os dados são de um estudo publicado nesta quarta-feira 12, na revista Nature Communications, feito com quase 100 mil pessoas na Escócia.
O levantamento, que investigou os riscos da “Covid longa”, termo usado coloquialmente para descrever a persistência dos sintomas da infecção causada pelo vírus SARS-CoV-2, descobriu ainda que uma em cada vinte indivíduos que ficaram doentes, relataram não se recuperar.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), ainda não existe um consenso em relação à definição e ao tempo de apresentação dos sintomas, mas a própria entidade sugere que a Covid longa começa três meses após a infecção primária da doença. Já os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) apontam o período inicial após um mês.
O estudo aborda pacientes que relataram alguns sintomas persistentes, como falta de ar, dificuldade de concentração e palpitações, em pesquisas de seis a 18 meses depois da infecção, com uma taxa três vezes maior do que pessoas que não tiveram Covid-19. Esses pacientes também experimentaram outros vinte sintomas relacionados ao coração, saúde respiratória, dores musculares, saúde mental e sistema sensorial.
Contudo, não foram identificados maiores riscos de problemas a longo prazo em casos assintomáticos. Também foi mencionado, em um subconjunto limitado de participantes que receberam pelo menos uma dose da vacina contra o coronavírus antes das infecções, que a imunização parecia ajudar a reduzir, senão eliminar, o risco de alguns sintomas da Covid longa.
Jill Pell, professora de saúde pública da Universidade de Glasgow, que liderou a pesquisa, afirmou que as descobertas reforçam a importância de oferecer suporte a pacientes da Covid-19, e que se estendem além dos cuidados de saúde como necessidades relacionadas a empregos, educação, pobreza e deficiência.
Ao lado de sua equipe, a pesquisadora rastreou 33.000 pessoas que testaram positivo para o vírus na Escócia, a partir de abril de 2020, e 63.000 que nunca foram diagnosticadas com Covid-19. Em intervalos de seis meses, elas foram questionadas sobre quaisquer sintomas que apresentassem, incluindo cansaço, dores musculares, dores no peito e problemas neurológicos, além de dificuldades na vida diária. “A Covid-19 pode se manifestar de maneiras diferentes em indivíduos e pode ter mais de um impacto em sua vida”, disse Jill. “Qualquer abordagem para apoiar as pessoas deve ser, em primeiro lugar, personalizada e também holística. A resposta não está apenas no setor de saúde”.