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Puberdade precoce aumentou após pandemia e cientistas suspeitam do porquê

Onda de sedentarismo provocada pelo isolamento social durante os meses críticos da pandemia pode estar por trás do fenômeno

Por Diego Alejandro
Atualizado em 4 ago 2023, 12h20 - Publicado em 4 ago 2023, 12h16
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  • Entre a lista de problemas de saúde que a crise da Covid-19 infligiu à população mundial, um dos mais insólitos pode ser o aumento no número de meninas que experimentam o que é conhecido como puberdade precoce.

    Mais de um estudo detectou o aumento nos números durante os primeiros meses da pandemia do que normalmente é uma condição rara, sugerindo, inicialmente, uma possível ligação entre o vírus e um gatilho para o início da adolescência.

    Agora, cientistas botam a culpa não no agente causador da doença, o vírus, mas nas condições que foram impostas por ele e pelo isolamento social para contê-lo. O fenômeno teria ocorrido devido a fatores de risco como aumento do tempo de tela e menos atividade física, de acordo com um novo estudo publicado no Journal of the Endocrine Society.

    A puberdade precoce ocorre quando os organismos das crianças começam a se transformar em corpos adultos muito cedo. Eles começam a desenvolver mudanças físicas antes dos 8 anos de idade, como brotos nos seios nas meninas e testículos maiores nos meninos.

    A crise da Covid-19 também tem sido associada a condições que alteram os hormônios sexuais, como a obesidade, que reconhecidamente contribui para a puberdade precoce em meninas.

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    “Nosso estudo identifica fatores contribuintes, como má alimentação e hábitos de exercícios, muito tempo de tela e sono prejudicado”, disse o autor do estudo Mohamad Maghnie, da Universidade de Gênova, na Itália. “Encontramos um aumento no ganho de peso entre as meninas diagnosticadas com puberdade precoce durante a pandemia, e o rápido aumento do peso corporal está associado ao desenvolvimento puberal avançado”.

    Os pesquisadores avaliaram a incidência de puberdade precoce antes e depois da pandemia em 133 meninas italianas e também examinaram a possível relação entre a Covid-19 e as mudanças no estilo de vida relacionadas impostas pela doença.

    Eles encontraram 72 casos de puberdade precoce antes da pandemia (janeiro de 2016 a março de 2020) e 61 casos entre março de 2020 e junho de 2021. Isso equivale a quatro novos casos por mês.

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    “Os estudos mostram que nos últimos vinte anos houve um aumento muito grande de puberdade precoce. Cerca de 15 vezes mais diagnósticos do que há duas décadas atrás”, analisa o médico Sonir Antonini, do Departamento de Endocrinologia Pediátrica da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM).

    Meninas diagnosticadas com puberdade precoce durante a pandemia tendiam a ter pontuações de índice de massa corporal (IMC) mais altas do que meninas sem a condição. Também gastavam em média 2 horas por dia usando dispositivos eletrônicos, e 88% delas interromperam qualquer atividade física.

    “O papel do estresse, do isolamento social, do aumento de conflitos com os pais, do status econômico e do aumento do uso de desinfetantes para mãos e superfícies representa hipóteses potencialmente interessantes para entender por que a puberdade precoce está se tornando mais frequente”, disse Maghnie. “Embora as consequências da adaptação biológica não possam ser totalmente descartadas”, pondera o pesquisador.

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