Projeto japonês bilionário prevê vacinas para novas epidemias em 100 dias
Grupo vai atuar na pesquisa de vacinas para oito patógenos, incluindo coronavírus, varíola, dengue e Zika vírus
O governo japonês anunciou que pretende investir US$ 2 bilhões em uma iniciativa de pesquisa de vacinas para garantir que o país esteja pronto para responder prontamente a futuras epidemias. O Centro Estratégico de Pesquisa e Desenvolvimento de Vacinas Biomédicas Avançadas para Preparação e Resposta (SCARDA), investirá, inicialmente, na pesquisa de vacinas para oito patógenos, incluindo coronavírus, varíola, dengue e Zika vírus, usando uma variedade de tecnologias para entrega de vacinas, como RNA mensageiro (mRNA) – tecnologia do imunizante da Pfizer contra a Covid-19 -, vetores virais e proteínas recombinantes.
O objetivo da SCARDA será produzir testes de diagnóstico, tratamentos e vacinas prontos para produção em larga escala em um prazo de 100 dias após a identificação de um patógeno com potencial pandêmico. Esta missão foi proposta pela primeira vez pelo Reino Unido em 2021 e apoiada por outros países do G7. Iniciativas semelhantes incluem a Agência de Pesquisa e Desenvolvimento Biomédico Avançado dos Estados Unidos (BARDA), que coordena o desenvolvimento de vacinas, medicamentos e diagnósticos em resposta a emergências de saúde pública, incluindo pandemias, e investe em várias vacinas Covid-19.
Dois dos primeiros projetos aprovados do SCARDA visam desenvolver vacinas universais contra coronavírus e vacinas contra um grupo de coronavírus relacionados à Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), como o SARS-CoV-2. Outro projeto criará um sistema acelerado para avaliar vacinas candidatas.
O Japão tem sido “muito lento para acompanhar” o resto do mundo na fabricação de vacinas Covid-19, diz Ken Ishii, vacinologista da Universidade de Tóquio, que também faz parte do centro central de pesquisa selecionado pelo SCARDA. O governo japonês aprovou vacinas como Pfizer, para crianças dos 5 aos 11 anos de idade, e da AstraZeneca apenas em agosto deste ano. De acordo com a plataforma Our World In Data, o Japão tem cerca de 81,7% da população totalmente vacinada contra a Covid-19
Em reconhecimento a esse atraso, de acordo com Ishii, o governo japonês estabeleceu o centro estratégico em março deste ano, mas ele será lançado formalmente em novembro.
O centro operará com cerca de 30 funcionários e tem financiamento para funcionar por cinco anos. Dos US$ 2 bilhões alocados, US$ 1,2 bilhão será destinado a projetos de pesquisa e desenvolvimento de vacinas e US$ 400 milhões serão usados para apoiar startups no desenvolvimento de medicamentos. Outros US$ 400 milhões serão gastos na criação de uma rede virtual de centros de excelência para pesquisa básica em ciência de vacinas e no teste de vacinas candidatas ainda em estágio inicial.
O Japão percebeu que o desenvolvimento de vacinas é complicado e exige recursos, e deu um impulso ao campo, segundo Toshihiro Horii, vacinologista da Universidade de Osaka. “Isso é uma quantia tremendamente enorme de dinheiro”.
A iniciativa reunirá pesquisadores de todo o país. “Isso é único, pelo menos para o Japão”, diz Yoshihiro Kawaoka, virologista da Universidade de Tóquio e chefe do centro central de pesquisa.
Abaixo, os números da vacinação no Brasil: