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Polícia investiga envolvimento de 3º médico no Einstein

A investigação avança também sobre a possível existência de contas bancárias em paraísos fiscais

Por Da redação
Atualizado em 21 set 2016, 12h33 - Publicado em 21 set 2016, 12h33

A investigação policial sobre a suspeita de dois cardiologistas do Hospital Albert Einstein, em São Paulo, receberem pagamentos e favorecerem uma empresa fornecedora de próteses cardíacas avança sobre um terceiro médico e a existência de contas bancárias abertas em paraísos fiscais pelo grupo. De acordo com informações do jornal Folha de S. Paulo, os documentos entregues pela direção do hospital à polícia indicam uma espécie de sociedade entre os médicos Marco Perin e Fábio Sandoli Brito Júnior – denunciados pelo Einstein na semana passada – e o também cardiologista Alexandre Antônio Cunha Abizaid.

Em um dos e-mails corporativos recebidos pela polícia, os médicos discutem a divisão de recursos em partes iguais. “Se somarmos os 3 valores e dividirmos igualmente por 3, o total que cada um deveria receber seria de 141.470,00 reais”, diz trecho da mensagem obtida pela Folha. No entanto, não há informações no e-mail sobre qual seria a origem dos recursos mencionados.

Em outras mensagens, Perin (ex-chefe do centro de cardiologia do Einstein) indica suas contas bancárias para recebimento de repasse de pessoas ligadas à CIC Cardiovascular. “Carlos [nome do contador da CIC], pode colocar na minha conta, como sempre”, diz o médico em uma das conversas.

Paraíso fiscal

Entre as mensagens de e-mail trocadas entre o trio de médicos em 2012 está a tratativa para a abertura de uma holding no Reino Unido ou no Caribe com um suposto sócio da Suíça .Os médicos discutem valores e qual o melhor país para a instalação da holding, que seria, segundo as mensagens, uma espécie de guarda-chuva de empresas dos investigados.

A polícia está apurando se a empresa foi aberta ou não, já que essa informação não consta nos documentos recebidos. Os investigadores devem pedir a quebra de sigilo dos suspeitos. Se as transações internacionais se confirmarem, parte das investigações, que hoje está com a Polícia Civil –  deve ser repassada à Polícia Federal.

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Linhas de investigação

Segundo policiais ouvidos pela reportagem de Folha, uma das linhas de investigação é saber se os médicos são sócios ocultos da fornecedora CIC –que tem como representante uma ex-enfermeira do Einstein. E, também, se criaram offshore no exterior para facilitar o recebimento de recursos.

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O delegado responsável pelo caso disse à VEJA na semana passada que a polícia trabalhava com duas linhas de investigação: se houve a realização de cirurgias desnecessárias e se os médicos receberam pagamentos para favorecer a compra de stents da CIC Cardiovascular, fornecedoras supostamente envolvida no esquema. De 2012 a 2015 essa empresa teve aumento de 740% nas vendas de stents (tubos para regular o fluxo sanguíneo) para o Einstein.

Médicos negam

Como Brito Júnior e Perin, Abizaid é um renomado médico do Hospital Albert Einstein, além de ser diretor do hospital Dante Pazzanese, hospital público referência na cardiologia do país. Segundo ele, os valores discutidos referem-se a um empréstimo que ele e seus colegas fizeram empréstimo à Fátima Martins – ex-enfermeira do Einstein e sócia da CIC Cardiovascular – para ajudá-la a criar a empresa em 2012. A intermediação do financiamento, afirma, foi feita por Perin. “Ele perguntou quanto eu poderia emprestar.”

“Eu nunca me senti obrigado a usar determinado stent. Nunca na minha vida, você pode vasculhar, recebi benefício para usar um stent versus outro. Ou qualquer tipo de relação espúria”, afirmou.

Abizaid diz ter emprestado R$ 170 mil, divididos em 24 vezes, mediante pagamento de juros, “à pessoa física” de Fátima (e não à empresa) para não se envolver com a “indústria”. O médico não soube informar o valor exato do juros, dizendo que foram “juros mais ou menos dentro do mercado, ou talvez um pouquinho mais” – em torno de 2%/mês. Mas afirmou ter recebido R$ 250 mil da ex-enfermeira.

Embora tivesse de posse de uma série de documentos durante entrevista à Folha, o médico não apresentou cópia do contrato de empréstimo com Fátima.

Sobre a divisão de recursos com os colegas do Einstein descrita em e-mail (no valor de R$ 141.470), ele nega que tenha vindo de fornecedores. Disse que são recursos de procedimentos feitos no Einstein – com aval do hospital– em sistema que os pacientes pagam diretamente aos médicos. A divisão seria igualitária porque o trio forma uma espécie de sociedade informal para essas intervenções.

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Em relação à intenção de abertura da holding, o médico disse que a empresa seria usada para receber por trabalhos internacionais, como palestras e consultorias, mas o projeto não vingou em razão de custos. Disse ainda que chamou Perin e Brito Jr. para o projeto por gratidão pelo emprego no Einstein, além da capacidade profissional de cada um.

O cardiologia Fábio Sandoli Brito Jr. preferiu não se pronunciar. Na semana passada, ele havia negado qualquer tipo de irregularidade. Marco Perin também não quis se manifestar. À direção do hospital, ele também disse ter emprestado recursos à CIC e afirmou que os repasses eram a devolução desse dinheiro. Fátima Martins não foi localizada.

Einstein

A assessoria do Hospital Albert Einstein informou em nota que “Abizaid continua a prestar serviços na área de cardiologia intervencionista sem ocupar cargo de liderança”.Sempre agindo com diligência e zelo pelo paciente, o hospital aguarda as conclusões da investigação policial para tomar outras eventuais providências, caso sejam necessárias”.

 

 

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